Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Becky and the Birds, 070 Shake, FLO, Gwen Stefani, Poppy, half·alive e anaiis.
• Becky and the Birds – Only music makes me cry now
(4AD)
O álbum de estreia de Becky and the Birds, projeto da artista e produtora sueca Thea Gustafsson, é uma verdadeira obra de criatividade e expressão emocional. Com letras profundas que exploram sentimentos de desespero, paixão e vulnerabilidade, o disco se apoia em uma variedade de samples extraídos do cotidiano – de demos antigas e gravações de telefone a sons urbanos naturais. Essa combinação única dá vida a uma sonoridade experimental que mistura pop etéreo, neo soul e elementos de música eletrônica, capturando emoções intensas e criando uma atmosfera particular. Músicas como “Everything”, com sua energia pujante ao revelar a falta de reciprocidade em um relacionamento, “Anymore”, uma balada atmosférica sobre a superação emocional e o reencontro consigo mesma após uma relação tóxica, e “To trust you”, mais melancólica e vulnerável ao expor a falta de confiança no parceiro, demonstram o vasto alcance comovente da artista. “When she holds me” apresenta vocais envolventes e uma produção atmosférica que traduz a sensação de apego e perda, enquanto “I made my baby cry”, escrita após um término de relacionamento e inspirada na profundidade emocional crua das primeiras produções de Bon Iver, expressa a dor de ver a outra pessoa sofrer. A abordagem inovadora de elementos eletrônicos, vocais modificados e batidas fragmentadas enriquece as composições, oferecendo uma experiência auditiva encantadora. Only music makes me cry now é uma obra que vai além de rótulos, estabelecendo Gustafsson como uma artista ímpar e destacando sua vulnerabilidade como fonte de inspiração inventiva.
• 070 Shake – Petrichor
(Def Jam Recordings)
A rapper e cantora Danielle Balbuena (a.k.a. 070 Shake) apresenta Petrichor, seu terceiro álbum de estúdio, um trabalho carregado de intensidade emocional e produção audaciosa. O projeto combina sintetizadores sombrios, guitarras elétricas, melodias cativantes e uma profunda introspecção existencial. A faixa de abertura, “Sin”, começa com acordes marcantes de piano e uma performance intensa de Balbuena, evoluindo para solos de guitarra e batidas impactantes, explorando temas como amor, perda e renovação em meio à desilusão. “Elephant” apresenta uma sonoridade sombria com toques de pop dos anos 80, refletindo os altos e baixos de um relacionamento conturbado. Já “Pieces of You” se destaca com uma eletrônica crua que captura a dor de um relacionamento desgastado. “Vagabond” aposta em arranjos cinematográficos com cordas e solos de guitarra intensos, enquanto “Winter Baby / New Jersey Blues” revisita o rock clássico dos anos 50, lembrando Buddy Holly, e incorpora elementos retrô dos anos 60, com guitarras e percussão que expressam o desejo de reconexão. “Song to the Siren”, um cover sombrio de Tim Buckley que segue os passos da versão do This Mortal Coil, conta com as participações especiais de Courtney Love e Melissa Auf der Maur, marcando a primeira colaboração das duas desde o Hole. “Into Your Garden”, uma parceria etérea com JT, do City Girls, começa com um piano clássico e evolui para guitarras e batidas enérgicas. Por fim, a esperançosa “Never Let Us Fade”, com a participação da cantora country Cam, revela-se uma balada pop poderosa sobre memória e o desejo de nunca deixar um vínculo especial desaparecer. Petrichor consolida 070 Shake como uma das artistas mais visionárias da atualidade, apresentando um álbum que é ao mesmo tempo ousado e legítimo.
• FLO – Access All Areas
(Universal Music)
O trio britânico FLO, formado por Renée Downer, Jorja Douglas e Stella Quaresma, apresenta seu aguardado álbum de estreia, Access All Areas. Após o sucesso do EP 3 of Us, o disco chega trazendo influências marcantes de grupos clássicos de R&B dos anos 90 e início dos anos 2000, como Destiny’s Child, Sugababes, TLC, En Vogue e SWV. Combinando essa nostalgia com uma abordagem moderna, as faixas exploram temas como empoderamento e relações românticas, consolidando o grupo como uma das promessas mais emocionantes do gênero na atualidade. Entre os destaques, estão a sensualidade de “AAA”, que utiliza o sample de “Portuguese Love”, clássico de Teena Marie; a busca por um amor ideal nas batidas aceleradas de “Check”; o R&B com traços latinos de “Caught Up”; a cativante “Bending My Rules”; a experiência sensual narrada em “Walk Like This”; o hino de empoderamento em ritmo de trap, “In My Bag”, com participação de GloRilla; e a balada soul “How Does It Feel”. Access All Areas se destaca como um trabalho coeso e bem executado, refletindo a confiança e a química do trio, que se consolida como um nome promissor e relevante no R&B contemporâneo.
• Gwen Stefani – Bouquet
(Interscope)
A cantora e compositora Gwen Stefani, a líder do No Doubt, apresenta Bouquet, seu quinto álbum de estúdio e o primeiro em oito anos – desconsiderando os projetos natalinos – após This Is What The Truth Feels Like. Com uma sonoridade pop rock com influências dos anos 70 e nuances country, o trabalho reflete a jornada pessoal da artista, incluindo seu casamento com Blake Shelton, explorando temas como amor, inseguranças, arrependimentos e autoaceitação. “Somebody Else’s”, um pop com influências de yacht rock e country, retrata o fim de um relacionamento tóxico e a realização de que foi melhor deixar essa pessoa para encontrar um novo amor, enquanto a faixa-título celebra um novo amor, a parceria e a construção de uma vida juntos. A balada “Pretty” reflete sobre seu crescimento pessoal e reconhece a beleza através do amor, enquanto “Empty Vase”, com seu foco acústico, expressa a forma como Blake preencheu o vazio que ela sentia. “Swallow My Tears” uma balada serena com violão dedilhado e uma levada folk, evolui para um pop rock impulsivo. “Purple Irises”, um dueto country pop com Shelton, é uma declaração mútua de amor. Bouquet marca um amadurecimento na carreira de Stefani, que, em vez de continuar buscando sucesso nas paradas como vinha fazendo, com singles soltos como “Slow Clap” e “Let Me Reintroduce Myself”, explora novas direções musicais e revela sua versatilidade (apaixonada) de forma ampla.
• Poppy – Negative Spaces
(Sumerian Records)
Em Negative Spaces, Poppy mistura metalcore industrial com toques de pop, oferecendo uma experiência sonora intensa e energética, ao mesmo tempo em que explora sua luta interna com temas de autocrítica e a busca por transformação. O álbum mergulha na carga emocional do passado e na vontade de recomeçar. Em faixas como “have you had enough?” e “the cost of giving up”, a artista confronta a procrastinação da cura e a pressão por ação, com riffs pesados e vocais agressivos. “they’re all around us” segue a mesma linha de metalcore, com riffs imponentes e uma bateria pulsante, enquanto Poppy entrega uma performance vocal que transita entre suavidade e fúria. A faixa “new way out” se destaca com uma abordagem de pop industrial mais agressivo, guiada por vocais intensos e angustiados. Por outro lado, “crystallized” é influenciada pelo synthpop dos anos 80, com batidas envolventes e sintetizadores luminosos; “vital” é um pop punk que caberia no repertório de Avril Lavigne se tivesse nas maos de Jordan Fish (o produtor do disco), enquanto a animada “push go” carrega uma sensibilidade pop impulsionada para o metal, com baterias energéticas e guitarras pesadas, assim como “surviving on defiance”. “Halo” é uma balada intensa e ao mesmo tempo etérea, encerrando o álbum com uma mistura de introspecção e romantismo, com uma mensagem de resistência. Negative Spaces é uma obra de maturidade sonora, na qual Poppy se reafirma como uma artista inovadora e destemida, demonstrando sua habilidade de se reinventar sem perder sua autenticidade.
• half·alive – Persona
(half·alive)
O trio de alt pop half·alive lança seu terceiro álbum de estúdio, Persona, explorando temas como amor, raiva, saudade, crise e estranhamento. “Sophie’s House” é um pop animado, com guitarra envolvente, percussão marcada, sintetizadores cativantes e sons de saxofone que acompanham os vocais delicados de Josh Taylor. “Automatic” é um pop rock luminoso, com sintetizadores impulsionados por uma instrumentação explosiva e vocais urgentes, que garantem um refrão nervoso com pegada punk. Já “All My Love (Imperative)” é um número alegre e cativante, no qual o amor incondicional pode ser um verdadeiro remédio. “Bleed It Out” se destaca, combinando letras impactantes com guitarras distorcidas e refrões marcantes, abordando a ideia de que a verdadeira honestidade e vulnerabilidade só se revelam quando alguém se entrega emocionalmente. “Songs”, uma parceria com Jordana, é uma balada delicada, com uma instrumentação leve e levada de jazz, refletindo sobre a efemeridade da vida. O álbum alterna entre momentos energéticos e mais serenos, como em “Long Drive” e “Thank You”, mantendo uma harmonia entre diferentes estilos musicais. A produção é elaborada, incorporando elementos como vocais sobrepostos e uma sonoridade densa, o que confere a cada música uma identidade única. Persona é uma criação que reflete a complexidade das emoções humanas, articulando faixas dinâmicas e reflexivas de forma consistente.
• anaiis – anaiis & Grupo Cosmo
(5dB Records)
A franco-senegalesa anaiis lança o mini-álbum anais & Grupo Cosmo, um projeto transformador para a artista. Composto por sete faixas, o álbum entrelaça influências culturais e musicais diversas, explorando temas profundos como identidade negra (“B.P.E”), maternidade (“Honeydew”), nascimento e o mundo natural. Com colaborações de artistas brasileiros como Sessa (“Voyage”) e Luedji Luna (“Toda Cor”, canção que celebra a conexão transatlântica e as experiências culturais compartilhadas como mulheres negras), o trabalho traz uma fusão de tradições brasileiras com a visão criativa de anaiis, criando um som rico e multifacetado. No material, anaiis colaborou com o Grupo Cosmo, um trio brasileiro que inclui bateria, percussão, baixo e Sessa na guitarra acústica, trazendo em seu som a energia de um power trio com as ricas tradições da música brasileira, incorporando influências de rock, pop e psicodelia dos anos 70. Juntos, criaram composições amplas e com várias camadas, equilibrando elementos elétricos e acústicos, resultando em um som mais cheio, mas íntimo, que preserva a essência do folk e da bossa nova.