Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Soccer Mommy, Zola Jesus, MUNA, Regina Spektor, JB Dunckel, Empress Of e Graffiti Welfare.
• Soccer Mommy – Sometimes, Forever
(Loma Vista)
Em seu terceiro álbum de estúdio, o Soccer Mommy, projeto da cantora e compositora Sophie Allison, aprimora o estilo dos trabalhos anteriores (Clean e color theory), unindo-se ao produtor eletrônico Daniel Lopatin – conhecido pela alcunha de Oneohtrix Point Never e parcerias com The Weeknd, ANOHNI, FKA twigs -, para entregar o trabalho mais criativo, coeso e experimental até agora. Inspirada no conceito de que nem tristeza e nem felicidade são permanentes, Allison visita novos gêneros e tons. São elementos do gótico (“With U”), trip hop (“Unholy Affliction” – com a sua atmosfera de Portishead abraçada pelo Nine Inch Nails -, “Darkness Forever”), shoegaze (“Don’t Aske Me”) e indie rock (“Bones”) envolvidos por sintetizadores hostis e instrumentações reverberadas mágicas (“newdemo”, “With U”) e umbrosas (“Still”). O registro é uma expansão na assinatura eufórica grunge dos anos 90 da artista (“Following Eyes”) e nas canções confessionais que confrontam e fazem as pazes com demônios próprios. Sometimes, Forever é um sinal de que o Soccer Mommy persistirá numa indústria em constante transição.
• Zola Jesus – Arkhon
(Sacred Bones)
Cinco anos após o lançamento do álbum Okovi, atormentada por um bloqueio criativo avassalador e o fim de um casamento, a cantora e compositora goth pop Nika Roza Danilova (a.k.a. Zola Jesus) tomou a decisão de requerer influências externas e trouxe o produtor Randall Dunn (Sunn O)))) e o baterista Matt Chamberlain (Fiona Apple, Tori Amos) para amplificar o seu universo art pop fantasmagórico. Arkhon é uma regressão pujante e catártica (“The Fall”) à escuridão que Danilova vem imaginando há mais de uma década, encontrando novas maneiras de lidar com perdas (“Into The Wild”), redescobertas (“Lost”), traumas (“Desire”) e a realidade dos dias atuais pós-COVID (“Do That Anymore”). É um disco coberto de obscurida, nas canções intensas esculpidas em sintetizadores arrojados e orquestrações luxuosas, mas com uma luz de esperança.
• MUNA – MUNA
(Saddest Factory Records)
O MUNA conquistou seguidores fiéis com a energia fortalecedora e lirismo desenfreado bruto abordando sexualidade e gênero. Após o lançamento do álbum Saves The World de 2019 e frustradas pela pandemia, a banda questionou a continuidade da existência do projeto. A salvação veio na forma de Phoebe Bridgers, que trouxe o grupo para a sua gravadora e participa do single “Silk Chiffon”, um alt-pop contagiante e uma declaração radiante do amor queer. O resultado é um material repleto de faixas dançantes eufóricas (“Runner’s High”, “Home By Now”) e outras brandas (“Kind of Girl”, “Shooting Star”) com letras esperançosas e românticas (“Anything But Me”) que refletem uma celebração empoderada de confiança, maturidade e amor queer.
• Regina Spektor – Home, before and after
(Warner)
Regina Spektor lança Home, before and after, o oitavo disco da carreira e o primeiro em seis anos, conduzindo-nos ao seu universo próprio através de baladas surrealistas com arranjos cinematográficos e pianos eletrizantes contrastados ao vocal suave e melancólico da artista. Coproduzido com John Congleton (Sharon Van Etten, Angel Olsen), as melodias sobrenaturais mergulham em direções imprevisíveis (“Up the Mountain”, “Coin”, “Loveology”) e as canções são um passeio pela mente extraordinária e inquieta de Spektor (“Becoming All Alone”). Home, before and after reflete os significados da vida, romances e psique humana. É atulhado de tristeza, mas não perspectiva.
• JB Dunckel – Carbon
(Prototyp)
JB Dunckel, companheiro de Nicolas Godin no Air, lança o álbum solo Carbon, o primeiro em quatro anos e sucessor de H+. No trabalho, ele considera as incertezas recentes que se abateram sobre o planeta e explora visões difusas de como um futuro melhor pode ser. Há meditações sobre felicidade existencial (“Cristal Mind”) e fantasias escapistas egoístas (“Sex Ufo”). No entanto, Carbon também considera os prazeres subversivos da destruição: na insignificância do homem em comparação com o cosmos (“Space”) e se perguntar se as tecnologias ainda podem nos salvar (“Corporate Sunset”). É um teste psicológico que revela a perspectiva do próprio ouvinte, como afirma Dunckel – um artista que nos ensinou com o pop a sonhar há mais de 20 anos com o universo pop cósmico do Air.
• Empress Of – Save Me
(Major Arcana)
Lorely Rodriguez, detentora do projeto musical Empress Of, lança o EP Save Me com o propósito de desviar-se da zona de conforto: apresentando cordas ao vivo pela primeira vez (na urgente e sexual “Save Me”), uma parceria com o produtor Jim E-Stack (na densa e agitada “Turn the Table”) e manifestando um desempenho efervescente (em “Dance For You”, um ato extraordinário com elementos de disco, eletropop e uma aura das obras de Robyn) na produção. Criado durante a pandemia após o fim de uma relação amorosa tumultuada, Save Me é uma injeção de furor e dance pop para elucidar as declarações de um coração partido antes de colocá-lo de volta ao jogo (e nas pistas de dança).
• Graffiti Welfare – Revolving Shores
(Milleville edizioni musicalli di Rino Filippin)
O produtor, cantor, compositor e multi-instrumentista George Lattimore (a.k.a. Graffiti Welfare) fabrica um artefato cósmico de exaltação e nostálgica em Revolving Shores. A partir do ambiente atmosférico ao eletrônico dream pop (“Just Follow”), synthpop cinematográfico (“To Be It”) à modesta psicodelia (“Volume”), o registro é uma experiência terapêutica e dinâmica na mistura de gêneros, batidas alucinantes e ganchos encantadores em que o artista reflete sobre sua vida desaparecer no desconhecido quando avós e amigos faleceram enquanto lidava com a ansiedade da maioridade.