Gabrre se mudou de Gramado, Rio Grande do Sul, para Lisboa logo após ter lançado o álbum de estreia, tocar em flores pelado, pela Honeybomb Records, em 2020. O músico e produtor gaúcho chegou em Portugal para estudar sound design e neste meio tempo nasceu don’t rush greatness, o segundo disco de estúdio que tem apenas uma música em português: “agua de beber” (assim mesmo, minúsculo e sem acento).
A faixa, o primeiro single do registro e que chega com exclusividade no TECO APPLE, também deu início às composições de don´t rush greatness. Em “agua de beber”, que traz uma inspiração em trabalhos de veteranos como Animal Collective e The Microphones, é possível encontrar todos os elementos líricos e musicais que estarão presentes no disco.
“”agua de beber” foi a primeira música que compus para o álbum. Decidi abrir o Google Earth para buscar sons etéreos do espaço e procurar em algum lugar do planeta algum vislumbre de inspiração. Cheguei no Mali, na África. “Andei” por horas e horas pelo país e, o primeiro local em que me senti bem por estar, mesmo que virtualmente, me fez ir atrás da música local. Ouvi por um bom tempo tudo que era possível da cultura local e, após isso, gravei violões sobre samples de músicas folclóricas. A partir disso, a letra começou a formar-se quase que instantaneamente na minha cabeça. Eu estava sozinho, uns 10.000 km da minha família e amigos, e comecei a refletir sobre isso. Quando fiquei preso no que seria o refrão, decidi visitar um restaurante brasileiro chamado ‘Água de Beber’, onde tomei algumas dezenas de canecas de cerveja e comi comida brasileira, de certa forma, tentando algum contato com tudo que eu sentia falta”, conta o artista.
“Eu não vou mais mentir pra mim / é complicado sim / ficar sozinho, enfim / não tem pra onde ir / abre um vinhozinho / partiu Água de Beber”, canta o artista na hipnótica e delicada melodia.
Dirigido por Gabrre e MOOLUSCOS, o videoclipe é ambientado nas ruas de Lisboa, o novo refúgio criativo do artista. Sempre correndo, sem saber para onde ir, o músico leva o espectador a um passeio pela capital portuguesa – passeio esse que reflete o tema da faixa de abertura do disco: a constante sensação de deslocamento e isolamento após uma grande mudança.
“Já a montagem do vídeo apresenta uma direção sinestésica, e brinca com os elementos dinâmicos da percussão e camadas da música, além de explorar duplas exposições de forma abstrata e imersiva. O color grading apresenta um tom nostálgico, com pouca saturação e um visual analógico para o clipe. Grande parte do vídeo remete a estética da era indie dos anos 2010 como referência, como clipes do Bombay Bicycle Club e MGMT, além de filmes coming of age como ‘Juno’”, explica MOOLUSCOS.
A perda e a nostalgia são os principais elementos da arte da capa de “agua de beber”, que foi produzida no mesmo ensaio realizado para a capa do álbum. Nela encontra-se um constante sentimento de “tristeza bonita”, como o próprio Gabrre descreve.
“Através de cores contrastantes e vivas, trazemos à luz o distanciamento, que está presente em toda a faixa de abertura do álbum. O azul é a regra para boa parte do ensaio, visto que a cor é bastante melancólica, mesclando a um tom de conforto. É sobre estar e não estar presente; as mãos que quase se tocam e ao mesmo tempo se distanciam; os laços frágeis entre os dois”, reflete o artista.
don’t rush greatness chega às lojas no dia 24 de fevereiro.