Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Omar Apollo, James Blake & Lil Yachty, Channel Tres, Washed Out, Hiatus Kaiyote, Aaron Frazer, Mabe Fratti e Queen of Jeans.
• Omar Apollo – God Said No
(Warner Records)
O cantor e compositor mexicano-americano Omar Apollo lança o álbum God Said No, sucessor da estreia Ivory. O disco foi gravado no lendário estúdio Abbey Road, em Londres, com o produtor executivo Teo Halm, e apresenta colaborações especiais de Mustafa em “Plane Trees” e do ator Pedro Pascal em “Pedro”. Com influências de R&B alternativo, hip hop e indie rock, Apollo explora as complexidades de um relacionamento fracassado (“Done With You”, com um ritmo bossa nova) e suas consequências (“Dispose of Me”). Em “Less of You”, uma faixa synthpop com forte influência das produções de Giorgio Moroder, Apollo expressa sentimentos de desânimo e decepção. Desde a profundidade emocional de “Empty”, onde o artista aborda a perda profunda e a vulnerabilidade em versos em inglês e espanhol, até o sample de “Edge of the Ocean”, do Ivy, para retratar um estado emocional de nostalgia e desejo por escapismo em “Drifting”. Com um contraste de gêneros e energia, God Said No mantém um tom pensativo, semelhante ao álbum Blonde de Frank Ocean, explorando o sofrimento de se render e aceitar as circunstâncias impostas pela vida, relacionamentos ou amores passados.
• James Blake & Lil Yachty – Bad Cameo
(Quality Control Music/Motown Record)
O cantor, compositor e produtor britânico James Blake e o rapper norte-americano Lil Yachty, conhecidos por suas abordagens inovadoras em seus respectivos gêneros, lançam seu instigante álbum conjunto, Bad Cameo. Descrito como um disco ambiental e experimental, as vozes dos artistas, embora de natureza distinta, estão em um registro alto similar, permitindo que os versos autotunados de Yachty se encaixem confortavelmente com as paisagens sonoras misteriosas e as batidas oníricas de Blake, como se ouve em faixas como a fantasmagórica “Midnight”. Suas letras exploram emoções profundas, solidão e a importância de manter-se fiel aos próprios valores, como evidenciado na vibrante “Twice”, que combina rimas ágeis com cantos angelicais antes de se transformar em algo etéreo, e na reflexiva “In Grey”. Bad Cameo representa um passo ousado tanto para Yachty quanto para Blake, dois artistas que desafiam as normas da indústria e ultrapassam limites criativos.
• Channel Tres – Head Rush
(RCA Records)
O produtor, cantor e rapper norte-americano Sheldon Young (a.k.a. Channel Tres) emergiu no final dos anos 2010 com uma abordagem inovadora do hip house, que ele chamou de “Compton house”, mesclando elementos da house de Chicago com o hip hop de Compton. Seu álbum de estreia, Head Rush, combina batidas de dance, hip hop, R&B, funky, nu-disco (como em “Cactus Water”, reminiscente das produções de Pharrell Williams), rap e influências que vão do jazz aos clubes de música eletrônica da Europa (como em “Berghain”, uma homenagem ao famoso clube de Berlim, com participação de Barney Bones) ao pop experimental. O álbum apresenta uma impressionante variedade de estilos, com colaborações que se integram perfeitamente ao estilo de Channel Tres. Destaques incluem “Need U 2 Know” com Ravyn Lenae, uma canção percussiva tranquila de amor que soa como um tributo a Prince; “Aspen” com Toro y Moi, que mantém um ritmo e curso vintage; “We Hungy” com Estelle, que exala boas vibrações e se deixa levar pela batida; “Candy Paint”, com influência de funk e participação de Thundercat; e “Holy Moly” com Ty Dolla $ign, que retrata uma vida noturna agitada e um estilo de vida luxuoso. Apesar do longo tempo para lançar seu álbum de estreia, este trabalho marca uma introdução grandiosa para Young como um artista versátil, combinando alegria sonora com letras que refletem traumas, interesses românticos e tristezas da infância. Head Rush mostra não apenas a capacidade de Channel Tres de celebrar diferentes estilos, mas, mais importante ainda, de reconstruí-los em algo próprio e espontâneo.
• Washed Out – Notes From A Quiet Life
(Sub Pop Records)
O pioneiro do chillwave, Ernest Greene, a força criativa por trás de Washed Out, apresenta seu quinto álbum de estúdio, Notes From A Quiet Life. Sucessor de Purple Noon, o trabalho explora o pop eletrônico exuberante e ensolarado sobre uma fronteira atemporal, destacando-se pelos vocais imersivos e amorfos de Greene, paisagens sonoras expansivas e narrativas nostálgicas construídas em batidas suaves e sintetizadores cintilantes. Suas influências para o material incluem ícones da escultura minimalista como Donald Judd, o expressionista abstrato Cy Twombly e os modernistas Barbara Hepworth e Henry Moore, além da mudança do artista para uma antiga fazenda, permitindo-lhe concentrar-se profundamente em seus esforços artísticos, longe da agitação urbana. O álbum aborda temas como memórias de amores perdidos (“The Hardest Part”), superação de medos (“Running Away”), despertar interior (“Waking Up”) e reflexões sobre o passado (“Say Goodbye”), capturando um sentimento de reflexão intemporal e dedicação artística em sua música.
• Hiatus Kaiyote – Love Heart Cheat Code
(Brainfeeder)
A banda australiana Hiatus Kaiyote, conhecida por mesclar R&B, jazz e hip hop com um estilo progressivo, lança seu quarto disco de estúdio. Love Heart Cheat Code é descrito como mais livre e improvisado em comparação aos projetos anteriores, menos preso à estrutura e às convenções convencionais: é um retrato sonoro de quatro músicos improvisando juntos. Sob a liderança da voz distinta de Nai Palm, inspirada em filmes de animação e na natureza, a banda expressa uma ampla gama de emoções através de metáforas criativas. O álbum apresenta 11 faixas que destacam a criatividade colaborativa da banda, capturando a espontaneidade de jam sessions e interações orgânicas entre instrumentos. As músicas exploram temas como amizade (“Make Friends”), amores platônicos (“Love Heart Cheat Code“), busca espiritual (“Cinnamon Temple”) e um cover de Jefferson Airplane (“White Rabbit”). Love Heart Cheat Code exemplifica a abordagem intuitiva do Hiatus Kaiyote, resultando em um material coeso e descontraído que reflete uma compreensão mais profunda de si mesmos e da música que desejam compartilhar.
• Aaron Frazer – Into The Blue
(Dead Oceans)
Into The Blue é uma exploração emocional profundamente pessoal após o fim de um relacionamento significativo, permeada por um sentimento de otimismo em faixas como “Time Will Tell”. Para o trabalho, o cantor, compositor e multi-instrumentista Aaron Frazer – baterista e vocalista do grupo de soul Durand Jones & The Indications – colaborou com o co-produtor vencedor do Grammy, Alex Goose, conhecido por suas colaborações com artistas de hip hop como Freddie Gibbs, Madlib e BROCKHAMPTON. Este álbum marca a primeira vez que Frazer experimenta samples, criando uma audaciosa mistura de soul (“Payback”), faroeste spaghetti (“Into The Blue”), disco (“Easy To Love”), R&B dos anos 90 (“Far Away”, com sample de Hi-Fi) e bolero (“Dime”), demonstrando o impressionante alcance dos talentos sonoros de Frazer. Ele mantém seu inconfundível falsete e abordagem clássica, incorporando uma mentalidade contemporânea de hip hop ao tecer gêneros e técnicas de produção para criar algo novo. O álbum apresenta momentos de arranjos imponentes, evocando David Axelrod e Ennio Morricone, equilibrados com uma crueza que incorpora gravações de iPhone e vocais feitos em uma única tomada.
• Mabe Fratti – Sentir Que No Sabes
(Unheard of Hope)
A artista mexicana de art pop Mabe Fratti está de volta com seu primeiro material solo desde o aclamado Se Ve Desde Aquí de 2022. Assim como em trabalhos anteriores, o álbum é influenciado por jazz, música clássica, post rock, música eletrônica e mais. Mabe transforma instrumentais complexos em música pop ao adicionar sua poderosa voz em espanhol, criando melodias cativantes. Com um forte senso de ritmo desde o início, destacado pela brilhante linha de violoncelo em “Kravitz”, que atua como linha de baixo junto à batida constante do bumbo. O álbum incorpora inteligentes estocadas de metais, assobios e outras interjeições que pintam um quadro vívido de uma cidade em movimento. Cheio de sensibilidade pop moderna, o álbum reinterpreta sons para o presente, com momentos que lembram filmes de horror dos anos 1970 (“Kitana”) e o pop dos 80 (“Pantalla Azul”). As letras, com sua qualidade de paradas e inícios, exploram as pequenas emoções da vida cotidiana, a distância emocional (“Enfrente”), o impacto psicológico do capitalismo (“Oídos”), e a busca por paz e beleza em um mundo desorientado, enquanto Fratti expressa um anseio espiritual através de metáforas pessoais e sua jornada sonora distorcida e cinematográfica.
• Queen of Jeans – All Again
(Memory Music)
A banda norte-americana Queen of Jeans lança All Again, um álbum que combina vocais etéreos e composições introspectivas, criando uma paisagem sonora nostálgica e contemporânea. Com produção de Will Yip (Mannequin Pussy, Citizen), o trabalho inspira-se no indie rock magnético (“Last To Try”), alternando entre a doçura do pop dos anos 60 (“Do Ir All Again”), a sujeira do alt rock dos anos 90, o emo pungente e a habilidade de composição e melodia, impulsionado pelos grandiosos vocais de Miri Devora. Com baladas belíssimas e faixas envolventes, onde a tristeza se transforma em raiva (“Bitter Pill”), a sensação de isolamento mesmo estando rodeado de amigos (“All My Friends”) e a luta emocional de estar preso em um ciclo de desejo e rejeição, tentando superar uma paixão que traz mais dor do que felicidade (“Horny Hangover”), All Again reflete a versatilidade da banda como músicos e contadores de histórias, explorando temas de amor, medo, perda e autodescoberta de maneira profunda e emocional. Um álbum conceitual que acompanha um relacionamento desde o início até o fim, com todos os altos e baixos do amor e das decepções que surgem ao longo do caminho.