9 discos para ouvir hoje: Self Esteem, Lana Del Rey, Wet, Lonely Guest e mais

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Self Esteem, Lana Del Rey, Wet, Duran Duran, Grouper, Parquet Courts, Lonely Guest, Helado Negro e Okay Kaya.

Self EsteemPrioritise Pleasure
(Fiction Records)

O segundo disco do Self Esteem, projeto de Rebecca Lucy Taylor (ex-integrante do Slow Club), é tudo o que a música pop deve ser: um grito de liberdade poderoso, honesto e empoderador. Os vocais da artista são ousados em temas como misoginia, objetificação sexual (“How Can I Help You” inspirada em “Black Skinhead” de Kanye West), relacionamentos conturbados (“John Elton”), estados de espírito (“Moody”), confiança (“You Forever” com sua atmosfera de HAIM) e posicionamento (“Prioritise Pleasure”). São canções que mantém um dinamismo pop, funk, gospel e rock ao desafiar uma sociedade que rebaixa as mulheres e um convite para embarcar na exaltada jornada de auto aceitação, amor próprio e fúria calculada por Taylor.

Lana Del ReyBlue Banisters
(Polydor Records)

O segundo álbum do ano de Lana Del Rey, o sucessor de Chemtrails Over the Country Club, é uma coleção de memórias nebulosas, romances fracassados (“Blue Banisters”), momentos apaixonantes (“Wildflower Wildfire”), solidariedade feminina e união familiar (“Sweet Carolina”). Com a saída do produtor Jack Antonoff de cena, as canções ganham a assinatura de produtores menos conhecidos, como Gabe Simon e Drew Erickson, em montagens orquestrais grandiosas – incluindo uma versão repaginada de um clássico do falecido compositor Ennio Morricone (“Interlude – The Trio”) -, momentos folk íntimos (“Nectar of the Gods”, “Text Book”), uma parceria jazzy rock com Miles Kane (“Dealer”), o resgate da demo “Thunder” (sem o The Last Shadow Puppets), seções atraentes de sopro (“If You Lie Down With Me”) e baladas singelas no piano (“Beautiful”, “Living Legend”) em peças clássicas envolvidos pela aura nostálgica e poética para esplandecer o universo individual de Del Rey.

WetLetter Blue
(AWAL)

Letter Blue, o terceiro álbum de estúdio do Wet, marca o retorno do guitarrista Marty Sulkow ao projeto. Com uma lista fabulosa de colaboradores como Buddy Ross – produtor de Frank Ocean – (em “Larabar”, que evoca Jame Blake e Ocean), Toro Y Moi (“Far Cry”) e Blood Orange (“Bound”, levando-os à era Cupid Deluxe), o registro é um reordenamento na carreira do trio que volta a oferecer um R&B eletrônico mágico e sentimental. São composições impecáveis e sofisticadas em sintetizadores reverberantes, guitarras dedilhadas, arranjos esmerados e o vocal esculpido de delicadeza de Kelly Zutrau contornadas de emoções e conflitos (“Clementine”) que revertem num trabalho coeso com variadas dimensões (“Only One”).

Duran DuranFUTURE PAST
(Tape Modern / BMG)

Com quarenta anos de história e uma invejável coleção de sucessos no currículo, a lendária banda Duran Duran soa saudosa e ousada ao comemorar a carreira no 15º disco de estúdio. Com uma lista de convidados invejáveis como o lendário produtor Giorgio Moroder (“TONIGHT UNITED”), o renomado Mark Ronson (um dos compositores de “WING”), o guitarrista Grahan Coxon (“INVISIBLE”), as meninas japonesas de dance punk do CHAI (“MORE JOY!”), a rapper Ivorian Doll (“HAMMERHEAD”) e a artista pop sueca Tove Lo (“GIVE IT ALL UP”), o grupo assegura um olhar pop otimista para o futuro da música sem abandonar a natureza (“BEAUTIFUL LIES”) do legado que os tornou gigantes no passado.

GrouperShade
(Kranky)

Em Shade, Liz Harris, também conhecida como Grouper, carrega uma coleção de canções que abrange 15 anos e que soa mais como uma compilação do que como um álbum em si. São músicas de caráter fantasmagórico sobre memórias, perdas (“Followed the Ocean”) e confissões amorosas (“Unclean Mind”) concebidas num clima opressivo através da música ambiente, folk, slowcore e lo-fi. Em todo o registro, Harris desenvolve uma linguagem íntima e radiante na voz e no violão de maneira particular, com aspectos de produções inacabadas em fitas mal preservadas (“Disordered Minds”, “The way her hair falls”), a ponto de se conectar facilmente com o ouvinte para livrar-se do obscurantismo exposto nas letras e encontrar um feixe luminoso de esperança (“Kelso (Blue Sky)”).

Parquet CourtsSympathy For Life
(Rough Trade)

O garage rock instigante do Parquet Courts está dançando em uma nova melodia. Sympathy For Life encontra a banda inconformada do Brooklyn em sua forma mais instintiva e eletrônica, girando sua fascinante e psicodélica narrativa em um outro território, mas garantindo sua identidade singular (“Homo Sapien”, “Just Shadows”). Construído em grande parte a partir de jams improvisadas, inspirado em clubes de Nova Iorque, Primal Scream, Talking Heads e produzido em parceria com John Parish (PJ Harvey) e Rodaidh McDonald (The xx, Hot Chip), o registro é destinado a ser festivo ao contrário de seu antecessor Wide Awake!.

Lonely GuestLonely Guest
(False Idols)

Após ter a turnê do álbum Fall to Pieces cancelada por conta da pandemia, o veterano músico e produtor britânico Tricky começou a dedicar-se ao projeto colaborativo Lonely Guest. O trabalho conta com participações do jamaicano Lee “Scratch” Perry (“Atmosphere”), os roqueiros Paul Smith do Mäximo Park (“Christmas Trees”) e Joe Talbot do IDLES (“Pre War Tension”), a artista pop dinamarquesa Oh Land (“Under”), a parceira de longa data Marta Zlakowska, a artista afropop Rina Mushonga, o rapper Kway (“On a Move”) e muitos outros que adentram à mente do pioneiro do trip hop.

Helado NegroFar In
(4AD)

Quando Roberto Carlos Lange (a.k.a. Helado Negro) começou a escrever Far In, imediatamente após o lançamento de seu aclamado This is How You Smile, ele não poderia ter previsto que logo precisaríamos aprender a ficar em casa e ser as estrelas de nossas pistas de dança domésticas com pessoas íntimas e comunidades online. As canções remetem a infância (“La Naranja”) e juventude (“Gemini e Leo” e “Outside the Outside”) de Lange crescendo no sul da Flórida, ouvindo canções dos clubes dos anos 80, um retorno ao hip hop dos anos 90 e algumas de suas raízes musicais. São visões do passado e do futuro que se deparam numa euforia de beats eletrônicos simétricos, linhas de baixo funky, sintetizadores cósmicos, o universo melancólico do folk e vocais de apoio brilhantes (como Kacy Hill, Buscabulla e Benamin) numa criação de um universo de constelações.

Okay KayaThe Incompatible Okay Kaya
(Jagjaguwar)

A base da mixtape The Incompatible Okay Kaya está enraizada no desejo da artista de promover uma reconexão com o público por meio de gravações íntimas e específicas em acordes de violão, teclados sutis e afabilidade vocal. O trabalho conta com covers como “If I Can Help Somebody”, hino gospel escrito por Alma B Androzzo e gravado por Turner Layton em 1946, além de versões para canções de Nick Cave (“Into My Arms”), Magnetic Fields (“Book of Love”), Harry Nilsson (“Without Her”) e composições do repertório próprio da artista.