9 discos para ouvir hoje: Oliver Sim, Santigold, Jockstrap, Sudan Archives, HOAX e mais

Oliver Sim / Instagram / Casper Wackerhausen-Sejersen

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Oliver Sim, Santigold, Sudan Archives, Totally Enormous Extinct Dinosaurs, Jockstrap, Sampa the Great, HOAX, Marlon Williams e Welcome Strawberry.

Oliver SimHideous Bastard
(Young)

O álbum de estreia solo de Oliver Sim, vocalista e baixista do The xx e com produção do colega de banda e amigo Jamie xx, é uma jornada honesta de medo e vergonha inspirada nos filmes de terror que ama. Com sons sinistros e cinematográficos (“Unreliable Narrador”) cercados por uma atmosfera dos anos 1980, em sintetizadores distorcidos e batidas metronômicas, o registro é uma obra corajosa e pessoal – especialmente quando canta: “tenho vivido com HIV / desde os 17 anos / eu sou horrível?” em “Hideous” – levada pelo vocal emotivo e vulnerável do artista. Hideous Bastard vê Oliver enfrentando demônios do passado e presente, celebrando a identidade queer (“Fruit”), criando uma afirmação contra a ideia de se romantizar (“Romance With A Memory”), amores à distância (“GMT” – com samples e interporlacões de “Your Sweet Love” de Lee Hazlewood, “Sensitive Child” de Del Shannon e “Smile” de Brian Wilson) e identificação com vilões queer das telonas (“Run The Credits”).

SantigoldSpirituals
(Little Jerk Records)

Spirituals é o primeiro álbum completo de Santi White (a.k.a. Santigold) desde 99¢ (2016) e gravado durante o bloqueio de 2020. Com uma lista ilustre de colaboradores e produtores – como Rostam (“My Horror”), Boys Noize (“High Priestess”), Nick Zinner, SBTRKT (“Shake”), entre outros – o trabalho revela-se ousado e, ainda assim, acessível. Trazendo assuntos do mundo real – a pandemia global, os incêndios florestais na Califórnia e os protestos por justiça social que aconteciam no período (“Nothing”) – e temas de caráter pessoal (“Ain’t Ready”) embalados por uma diversidade de gêneros musicais, o disco resulta como uma celebração da resiliência humana.

Sudan ArchivesNatural Brown Prom Queen
(Stones Throw)

Natural Brown Prom Queen é o segundo álbum da cantora, produtora e violinista Brittney Parks (a.k.a. Sudan Archives) após a estreia elogiada em 2019, Athena. Ao longo das 18 faixas épicas e ousadas, o registro apresenta uma faceta confiante de Britt. Explora temas de empoderamento negro (“Selfish Soul”), feminilidade (“OMG BRITT”), família, romantismo (“ChevyS10”) e sexo (“Freakalizer”, “Milk Me”) num leque de sons versáteis que transaciona pelo hip hop, jazz, R&B, breakbeat, house, tradições da África Ocidental e cordas em loop (“NBPQ (Topless)”).

Totally Enormous Extinct DinosaursWhen the Lights Go
(Nice Age)

O cantor, compositor e produtor Orlando Higginbottom, o homem por trás do projeto de música eletrônica Totally Enormous Extinct Dinosaurs, lança When the Lights Go, o primeiro álbum desde o aclamado Trouble, de 2012. O disco marca um ponto de partida no som, definido, pelos acontecimentos dos últimos anos. Abrangendo composições, baladas e uma estética centrada no pop, When the Lights Go é repleto de profundidade, sentimento, narrativa e aflição tendo foco os relacionamentos tóxicos e saudáveis. O registro também marca uma mudança para o domínio pop (“Never Seen You Dance”), nas teclas sombrias e reflexões líricas pessoais, com os vocais de Orlando ocupando o centro do palco com arranjos que complementam a tristeza nas composições (“When the Lights Go”, “Thugs”).

JockstrapI Love You Jennifer B
(Rough Trade)

O eclético duo britânico Jockstrap, projeto com nome memorável do produtor Taylor Skye e da cantora Georgia Ellery (violinista do Black Country, New Road), lança o tão esperado álbum de estreia, I Love You Jennifer B, após uma série de EPs cultuados. Com uma sonoridade caótica e, igualmente, melódica, a dupla combina o frenesi techno das pistas de dança (“50/50”), sons clássicos dos anos 1960 e 1970 (“What’s It All About?”), rock progressivo (“Opener Neon”), pop celestial (na nostálgica “Concrete Over Water”), cordas luxuosas (“Glasgow”, “Angst”) e experimentalismo (“Debra” é bollywood no ácido) com desembaraço. Através da produção impaciente de Skye e vocais afetuoso de Ellery, como um imaginado e improvável encontro de Skrillex com Joni Mitchell, o resultado é um material exagerado, criativo e singular pronto para romper qualquer regra de gênero.

Sampa the GreatAs Above, So Below
(Rough Trade)

Mudando-se para a Zâmbia durante a pandemia, a rapper e poeta Sampa Tembo (a.k.a. Sampa the Great) procurou se reconectar com um lado diferente de si mesma, um mais livre e próximo da arte que cultivou quando mais jovem na África. Assim, As Above, So Below é uma celebração da família e do patrimônio inspirado no Zamrock, o gênero de fusão de rock psicodélico e funk criado na década de 1970 na Zâmbia, somado a elementos de hip hop, neo soul, afrobeat, ricas instrumentações e composições nas língua bantu. Esse processo de autodescoberta (“Shadows”) é a porta de entrada para uma perspectiva mais elevada de Tembo na versão mais autêntica (“Let Me Be Great”) ao resgatar memórias da África (“Never Forget”), a relação do continente com o mundo (“Bona”) e o que a feminilidade de lá significa para o mundo.

HOAXb?
(HOAX CREATIVES)

O duo indie pop rock norte-americano HOAX, das mentes criativas de Michael Raj e Frantz Cesar e que descrevem sua sonoridade como um “pop empático”, lança o álbum de estreia. b? é um projeto conceitual e introspectivo de 17 faixas que mergulham na condição humana, explorações de construções sociais (“Drew”) e as decisões que as pessoas tomam (“Wasting Time”), todas escondidas sob melodias pop cativantes. Seu som musical vintage moderno se baseia em uma ampla gama de influências que passa pelo pop dos anos 1960, Motown dos anos 1970 e R&B alternativo.

Marlon WilliamsMy Boy
(Dead Oceans)

O terceiro disco solo do neozelandês Marlon Williams abandona a identidade do artista solene de voz de veludo e dá lugar para uma figura mais brincalhona, agitada e que muda de forma. My Boy vê Williams se divertindo, mesmo enquanto interroga os comportamentos de si mesmo e daqueles ao seu redor (“Don’t Go Back”), com um registro pop groove flexível com uma atmosfera cinematográfica dos anos 1970 (“My Boy”). Após o lançamento do álbum melancólico Make Way For Love, o retrato de um rompimento com Aldous Harding, Williams excursionou pelo mundo com Lorde e Florence and the Machine e até investiu na carreira como ator em séries e filmes. My Boy transforma esse fluxo de experiências mundanas em um registro vívido e dinâmico tão espirituoso, complexo e cinético quanto a vida em desenvolvimento do artista.

Welcome StrawberryWelcome Strawberry
(Cherub Dream Records / Too Good To Be True Records)

O Welcome Strawberry, projeto liderado por Cyrus VandenBerghe, lança o disco de estreia com uma apurada fórmula shoegaze e indie rock. Mixado por por Jorge Elbrecht (Hatchie, Japanese Breakfast), o trabalho é desenvolvido de maneira eclética em guitarras sujas e reverberadas, vocais que passam por estágios agradáveis e sufocantes, percussão empoeirada e tons de psicodelia (“The Stream Guides Me Along”) que soam como uma fusão de nomes como My Bloody Valentine, Real Estate e Beach House na canções que revelam uma ideia de isolamento (“No One Online”) e nostalgia (“Harvest Apartments”).