Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Tulipa Ruiz, Maya Hawke, Alex G, Beth Orton, Editors, Sorcha Richarson, Vieux Farka Touré & Khruangbin, Deize Tigrona e Nikki Lane.
• Tulipa Ruiz – Habilidades Extraordinárias
(Brocal Edições Musicais)
Tulipa Ruiz lança o álbum Habilidades Extraordinárias, o primeiro de inéditas em sete anos. Segundo a própria, este é um disco “pós-confinamento, com os hematomas e as dores decorrentes de tanta violência social, política, ambiental, nos relacionamentos e trabalhista”. Da mulher que se relaciona com a natureza das coisas e o próprio corpo (na funky soul “Samaúma”), violência física e emocional (“Estardalhaço”), expectativas e frustrações sexuais (na psych rock “Acho Que Hoje Mesmo Eu Dou”), indignações universais (na punk rock “Vou Te Botar no Pau”, no funk paulista “Não Pira” com Jonas Sá), o duelo feminino-masculino (“Kamikaze Total”, canção co-escrita com Liniker) e ode feminista (“O Recado da Flor”), o trabalho abrange temas atuais num retrato plural com um recado para pessoas cada vez mais dispersas. Com uma sonoridade MPB eclética e refinada, auxiliada de canetadas poderosas e inventivas, Tulipa é como canta na última faixa: “uma flor que supera a própria primavera”.
• Maya Hawke – MOSS
(Mom+Pop)
Maya Hawke, mais conhecida como a Robin da série ‘Stranger Things’ e filha mais velha de Uma Thurman e Ethan Hawke, lança o segundo disco de estúdio, o sucessor de Blush. Com uma sonoridade indie pop folk sensível e minimalista, na companhia de um time que trabalhou com nomes como Taylor Swift (em folklore) e Phoebe Bridgers (em Punisher), a garota compartilha momentos de amor incondicional (“Sweet Tooth”), do cotidiano em busca de um amor bambo (“Hiatus”), vulnerabilidade (“Luna Moth”), questionamentos sobre ser mulher, a exposição como figura pública (“Thérese”) e rancores familiares (“Driver”) com caráter confessional e maneira poética. MOSS é um testamento cinematográfico de uma jovem buscando entender-se, analisando o passado, em um universo complexo e instável (“Bloomed Into Blue”).
• Alex G – God Save The Animals
(Domino)
“Deus é meu designer / Jesus é meu advogado…”. Em God Save The Animals, cujo título precisa imagens de intervenção divina em desastres ecológicos, Alex G desfruta de referências religiosas e busca da fé, não como uma entidade religiosa objetiva, mas como um sinal de um senso generalizado de fé (em algo ou qualquer coisa) e moralidade que o fortaleça ou os personagens oprimidos que aborda. Além de vocais muitas vezes adulterados (“SDOS”, “Immunity”), o registro traz uma série de números inquietamente distorcidos e hipnóticos nas camadas de texturas que saboreiam do folk acústico (“Miracles”) ao power pop, do yatch rock (“Early Morning Waiting”) ao rock melódico (“Runner”) e lo-fi (“Cross the Sea”), do industrial (“Blessing”) ao hyperpop (“No Bitterness”). Giannascoli foi atraído nos últimos anos por artistas que equilibram o público e o hermético, o oblíquo e o íntimo, e que apresentam a fé mais como uma linguagem social compartilhada do que como doutrina religiosa.
• Beth Orton – Weather Alive
(Partisan Records)
Muitos músicos se voltam para dentro quando o mundo ao seu redor parece caótico e não confiável. Reestruturar a percepção de si mesmo muitas vezes pode revelar novas verdades pessoais desconfortáveis e profundas, e para a britânica Beth Orton, a música ressurgiu nos últimos anos como uma força de amarração, mesmo quando sua própria vida parecia mais tumultuada do que nunca. De fato, as bases das músicas de Weather Alive, nada mais são do que sua voz e um piano surrado instalado em um galpão em seu jardim, conjurando uma atmosfera profundamente meditativa e experimental de sintetizadores atmosféricos (“Forever Young”) e a paleta caseira do baterista Tom Skinner (do The Smile e Sons Of Kemet) no romantismo, existencialismo (“Lonely”) e individualidade das canções (“Weather Alive”).
• Editors – EBM
(Play It Again Sam)
EBM, como o título sugere, é o Editors trazendo o compositor e produtor Blanck Mass como membro em tempo integral e um novo capítulo ousado para uma banda que nunca parou criativamente ao longo de uma carreira de 17 anos. A entrada de Mass no grupo traz uma injeção de adrenalina para as composições do time de Tom Smith e garante uma nova visão. As faixas são explosivas e bebem do dance punk industrial, carregam sintetizadores inspirados na década de 80 e as canções ganham proporções épicas (“Heart Attack”, uma introdução perfeita à nova era) no barítono intocável do seu líder. A banda não se reinventa por completo em EBM, mas garante uma atualização necessária.
• Sorcha Richardson – Smiling Like A Idiot
(Faction Records)
O álbum de estreia da cantora e compositora Sorcha Richardson, First Prize Bravery, foi o culminar de suas experiências ao longo da juventude, uma época em que ela se aventurou da casa em Dublin para Nova Iorque, Los Angeles e de volta. Depois de passar um tempo sozinha nos últimos dois anos para se concentrar na criação de um corpo de trabalho, ela volta com Smiling Like A Idiot. Tematicamente, destaca a busca pela felicidade (“Purgatory”, “Stalemate”) e a intensidade plena de um novo amor (“Spotlight Television”) com o medo de que possa ser facilmente vencida pela autossabotagem. O trabalho formula artisticamente aqueles momentos da vida pelos quais você não quer ter que passar, mas ergue-se com o otimismo de que de alguma forma as coisas funcionarão da melhor maneira possível.
• Vieux Farka Touré & Khruangbin – Ali
(Dead Oceans)
O trio instrumental psicodélico Khruangbin e o guitarrista maliano Vieux Farka Touré lançam o álbum colaborativo Ali, homenagem ao falecido pai de Vieux, Ali Farka Touré (1939-2006). O projeto presta tributo a Ali – conhecido como um dos guitarristas mais influentes e talentosos que a África já produziu -, recriando alguns de seus trabalhos mais ressonantes e experimentando sons diferentes, mantendo a integridade do trabalho original. O resultado é uma ode a uma lenda, criando uma mistura revigorada de referências musicais da África Ocidental que a dupla espera alcançar novas gerações e públicos.
• Deize Tigrona – Foi Eu Que Fiz
(Batekoo Records)
Quatorze anos depois do álbum Garota Chapa Quente, estreia com DJ Marlboro, a funkeira veterana carioca Deize Tigrona apresenta Foi Eu Que Fiz. A artista ficou dez anos da carreira sem trabalhar em novos projetos, e depois de assinar com a BATEKOO Records, começou a reunir materiais inacabados e ideias que surgiram durante todo esse período. Nesse disco, ela expõe muito de sua intimidade, da verdadeira e única Deize Tigrona, que hoje não procura apenas Tigres, mas também outras tigresas, revelando com a sua maior grandeza, que hoje ela é tudo, vive tudo, escreve tudo e transforma tudo em música, como sempre fez. O projeto conta com produções de Malka, o brasiliense João Luiz (a.k.a. JLZ), DJ Chernobyl, BadSista (“Bondage”) e FrancêsBeat (“A Mãe Tá On”), além da participação do Teto Preto na faixa “Sobrevivente de Rave”, trazendo um olhar moderno e alucinado para a natureza própria da artista (“Monalisa”).
• Nikki Lane – Denim & Diamonds
(New West Records)
Desde a primeira nota de baixo dentro da batida da bateria em “First High”, percebe-se que algo está diferente no novo disco de Nikki Lane. A batida de fundo parece um suporte corajoso, enquanto a guitarra principal parece um motor acelerado mudando de marcha. Produzido por Joshua Homme (Queens of the Stone Age), Denim & Diamonds apresenta a artista abraçando um som mais orientado ao rock, mantendo as origens country honestas que ela desenvolveu nos registros anteriores. Suas letras autobiográficas (“Try Harder”, “Denim & Diamonds”) e de contadora de histórias (“Good Enough”) estão todas lá, assim como os ganchos country cativantes. O som honky tonk clássico da artista agora é equilibrado com uma guitarra áspera que ecoa o som do rock dos anos 70. Lane é uma fora da lei que fez um disco que soa novo e antigo. Familiar e surpreendente.