Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: TSHA, WILLOW, St. Lucia, Alvvays, Broken Bells, easy life, Daphni, Sorry e NNAMDÏ.
• TSHA – Capricorn Sun
(Ninja Tune)
Capricorn Sun é o tão esperado disco de estreia de Teisha Matthews (a.k.a. TSHA), uma das artistas e produtoras mais interessantes do momento. Unindo sem esforço o dance underground, o pop mainstream (“Running”) e a emoção, ela aproxima-se do nível de nomes como Four Tet, Bonobo e Jamie xx. Da música à arte, Matthews revela-se uma força criativa por trás de tudo o que toca e o registro é sua visão mais expansiva até agora. Criado durante o isolamento, o álbum é um reflexo do tempo que passou escrevendo e gravando, o impacto de eventos globais, impasses amorosos (“Giving Up” com o parceiro Mafro), conflitos familiares e lutas pessoais durante o período. O resultado é um som escapista, otimista (“The Light”) e reflexivo (“Dancing In The Shadows”) com uma gama de influências da velha escola do acid house, a música dance dos anos 90, a crescente cena sul-africana do amapiano até o canto tradicional do Malian Griot (“Water” com o malinês Oumou Sangaré). Totalmente amarrado e inteiramente produzido por TSHA, Capricorn Sun traz o sentimento de que finalmente podemos retornar seguros às pistas de dança.
• WILLOW – ˂COPINGMECHANISM˃
(MSFTSMusic / Roc Nation Records)
Willow Smith (a.k.a WILLOW) lança o álbum <COPING MECHANISM> gravado com o guitarrista e produtor Chris Greatti (Grimes, Poppy). No material, a garota abandona um pouco da sonoridade pop punk do registro anterior, lately i feel EVERYTHING, e traz um som mais encorpado em guitarras com foco no metal. Suas composições vulneráveis e catárticas abordam temas como relacionamentos turbulentos (“Split”, “<maybe> it’s my fault”, “WHY?”), sexualidade (“hover like a GODDESS”), saúde mental (“curious/furious”, “BATSHIT!”) e angústias (“No Control”) com uma performance vocal primordial que se equivale à sonoridade grandiosa, ilimitada e explosiva das faixas. WILLOW entrega um trabalho visceral, introspectivo e dinâmico que passeia pelo metal, punk, pop e outros gêneros para se estabelecer como a sua melhor versão até agora e assegurar o título de estrela do rock.
• St. Lucia – Utopia
(Nettwerk Music)
O St. Lucia, do casal Jean-Philip Grobler e Patti Beranek, chega ao quarto álbum de estúdio. Com uma fusão colorida de synthpop, yacht rock e eletrônica, a dupla proporciona uma jornada escapista (“Another Lifetime”) em busca do entendimento do título da obra pelas lentes do acolhimento (“Hey Now”), amor/desejo (“Touch”), tristeza e ironia de nossa existência moderna (“Take Me Away”). As músicas são um convite para dançar e tirar os pés do chão com pitadas de disco dos anos 70, synthpop do início dos anos 80 e indietronica dos anos 2000 governadas pelos vocais exultantes de Beranek e Grobler que manifestam uma qualidade atrativa e sonhadora para cada uma das composições.
• Alvvays – Blue Rev
(Polyvinyl Record)
Já se passaram cinco anos desde que o mundo foi presenteado por um disco do Alvvays. Blue Rev não apenas reafirma o que sempre foi sublime sobre ele, mas o reimagina. As faixas, produzidas com Shawn Everett (The Killers, Alabama Shakes), tornam não apenas o álbum mais ampliado e eclético – tocado direto para a fita – da banda, mas também o mais harmonicamente rico e liricamente provocativo. As dinâmicas clássicas de indie pop levam o som do grupo para fronteiras mais sonhadoras, urgentes e barulhentas (“Pharmacist”) em camadas de guitarras ruidosas e efeitos psych-rock. As composições são aprofundadas em narrativas docemente sombrias sobre amores passados (“After The Earthquake”), fúria (“Very Online Guy”) e memórias (“Belinda Says”). A banda nunca teve a intenção de levar meia década para terminar o terceiro registro – a composição e gravação foi interrompida e atrasada quando as demos da vocalista Molly Rankin foram roubadas de sua casa e o equipamento da banda quase inundou em dois dias -, mas o passeio nervoso, explosivo e imediato que é o absolutamente adorável em Blue Rev.
• Broken Bells – INTO THE BLUE
(AWAL)
Após oito anos, o Broken Bells, projeto colaborativo do produtor Danger Mouse e James Mercer (do The Shins), retorna com o álbum INTO THE BLUE. O registro continua de onde o último álbum, After the Disco, terminou. As canções apresentam arranjos exuberantes, corais e orquestras cinematográficas para ilustrar a odisseia melancólica de espírito pop clássico, rock fantasmagórico e sinfonia sintetizada. A dupla busca influências nos Beatles, The Beach Boys e Pink Floyd, bem como em gêneros que vão da psicodelia dos anos 60 e rock dos anos 70 (“We’re Not In Orbit Yet”) ao new wave dos anos 80 (“One Night”) e trip hop dos anos 90 (“Forgotten Boy”). Uma demonstração da experiência da dupla que se pode especular diversas vertentes (“Saturdays”) e, ainda assim, soar homogênea.
• easy life – MAYBE IN ANOTHER LIFE…
(Geffen)
O easy life lança o segundo disco de estúdio, o sucessor de life’s a beach, com uma coleção números bedroom pop, eletropop, hip hop, rap, soul, bossa nova e funk montadas em sofisticados e nostálgicos floreios orquestrais inspirados nos discos do Bee Gees, The Beach Boys e Stevie Wonder. Com canções comoventes e honestas, o grupo britânico compartilha lembranças juvenis (“Bubble War”), técnicas para manter relacionamentos aos pedaços (“OTT” com BENEE, “ANTIFREEZE” com Gus Dapperton), amores que não deveriam acontecer (“DEAR MISS HOLLOWAY” com Kevin Abstract), traumas (“MEMORY LOSS”) e amadurecimento (“MORAL SUPPORT”). MAYBE IN ANOTHER LIFE… funciona como a trilha sonora de qualquer indivíduo em busca de uma vida mais sossegada e com menos aflições.
• Daphni – Cherry
(Jialong)
O Daphni, do multifacetado artista canadense Dan Snaith (a.k.a. Caribou), lança o primeiro álbum desde 2017. Cherry encontra o artista de música eletrônica improvisando e misturando diversos tipos de subgêneros de house, techno, disco, funk, experimentalismo e um toque de psicodelia. O projeto sempre foi uma demanda onde Snaith deixa a música encontrar seu próprio caminho como uma deslumbrante colcha de retalhos. Evidentemente, o artista desfruta da liberdade que Daphni lhe concede e Cherry é certamente o produto de alguém que está satisfeito em permitir que a sua música evolua espontânea e organicamente.
• Sorry – Anywhere But Here
(Domino)
A banda britânica Sorry retorna com o álbum Anywhere But Here, o sucessor da estreia 925, coproduzido com Ali Chant e Adrian Utley (do Portishead). Londres aparece mais uma vez como o personagem de destaque. No entanto, enquanto o primeiro disco é uma exploração comparativamente otimista e inocente da cidade natal, o segundo traz uma visão mais abatida, sombria e angustiante movida pelo vocal agridoce e urgente de Asha Lorenz. As palavras descartadas da cidade alimentam as letras que mapeiam experiências da vida urbana através de uma geração amedrontada (“Closer”, “Tell Me”), com ansiedades modernas (“I Miss The Fool”, “Keys To The City”) e em busca do amor (“Let The Lights On”) num som quase teatral que passeia pelo pós-punk, indie pop distorcido, noise rock, grunge, eletropop e trip hop. O resultado é um triunfo angular, claustrofóbico e amargo como percussos distintos da vida.
• NNAMDÏ – Please Have a Seat
(Secretly Canadian / Sooper Records)
Please Have A Seat serve como um convite. É um pedido para sentar, estar presente e aproveitar cada momento. Desde a introspecção silenciosa, o multi-instrumentista, compositor e um dos músicos indie mais amados de Chicago NNAMDÏ encontrou inspiração no silêncio e nas nuances. Resultado de uma pausa muito necessária, que levou a uma redefinição criativa e emocional, o disco é o esforço mais imediato e acessível do artista até hoje. Enquanto o álbum está cheio de ganchos pop deliciosos, melodias espertas e arranjos cativantes, Please Have A Seat mostra uma série de experimentos sonoros em momentos de vulnerabilidade e reflexão (“I Don’t Wanna Be Famous”). No registro, NNAMDÏ flerta com soul em “Armoire”, funk e jazz em “Anxious Eater”, rock nas guitarras em “Dibs”, rap melódico em “Anti”, pop punk em “Smart Ass”, alt pop em “Dedication” e mais para compensar uma sensação de desorientação mundana.