9 discos para ouvir hoje: Christine and the Queens, Hyd, MGMT, S.C.A.B., Gold Panda e mais

Christine and the Queens / Instagram

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Christine and the Queens, Hyd, S.C.A.B., Bruce Springsteen, Gold Panda, Jordana, Dalila Kayros & Danilo Casti, MGMT e Oh Land.

Christine and the QueensRedcar les adorables étoiles (prologue)
(Because Music)

Em seu terceiro disco de estúdio, Christine and the Queens apresenta a nova persona: Redcar. Em Redcar les adorables étoiles (prologue), a primeira parte de uma ópera art pop de vanguarda, o artista canta uma jornada em busca de amor, sexo e aceitação. Apesar da complexidade das composições, como uma obra teatral mítica deve ser, as canções são apoiadas em uma sonoridade florescente e enevoada. São sintetizadores e guitarras inspiradas nos anos 1980, arranjos pop cativantes e vocais sedutores que dão o norte do projeto. Redcar revela a transição para a forma masculina (“Ma Bien Aimée Bye Bye”), momentos ternos (“rien dire”, “My birdman”), cobiça (“Tu sais ce qu’il me faut”), reflexões enigmáticas sobre o tempo e o amor (“Looking for love”, “Combien de temps”), perda e a busca de um significado em seu verdadeiro eu (“Je te vois enfin”) para reconhecer uma liberdade acometida. Redcar les adorables étoiles (prologue) e sua odisseia rica e romântica é apenas o primeiro passo da atual jornada musical do artista que se assumiu transexual recentemente.

HydCLEARING
(PC Music)

CLEARING é o álbum de estreia da multiartista Hayden Dunham (a.k.a. Hyd – que deu vida à personagem criada por A. G. Cook e SOPHIE no single “Hey QT”). O registro percorre um acerto de contas após um período de medo (“Breaking Ground”), perda (“So Clear”) e destruição, onde a artista escolhe paciência e um toque suave para aceitar a obscuridade. O trabalho incorpora uma restauração através da vulnerabilidade ao combinar elementos do pop eletrônico com particularidade, explorando a natureza cíclica do crescimento, tanto pessoal e comunitário. Com contribuições de amigos íntimos e colaboradores de longa data – entre eles, SOPHIE (“Fallen Angel”), A. G. Cook, Caroline Polachek (“Afar”) e Jónsi (“Oil + Honey”) -, o registro é uma conciliação de cura e refúgio para transformar um sentimento de carência em algo revigorante. Como se a artista soubesse que mesmo chegando ao fundo do poço, alguém estará lá para a confortar.

S.C.A.B.S.C.A.B.
(Grind Select)

Após o lançamento do álbum de estreia, Beauty & Balance de 2019, a pandemia freou a carreira promissora da banda de post-punk do Brooklyn. Não contentes em ficar parados, o S.C.A.B. decidiu viajar para a Geórgia e trabalhar no segundo disco autointitulado, que eles projetaram e produziram. Cada música contém ocasiões deles em Nova Iorque que parecem nebulosas e nostálgicas, resultado de estar presente em circunstâncias transformadoras. A banda incorpora esse sentimento e evoca a magia intangível que é a cidade grande ao refletir desilusões (“Tuesday”) com a tentativa de formar conexões significativas e a busca incansável por algo que valha a pena. Tematicamente, o registro abrange uma série de tópicos que vão desde o luto (na deslumbrante “Small Talk”) até paixões superficiais (“Why Do I Dream Of You”). S.C.A.B., o disco, é uma nova oportunidade da banda prosperar.

Bruce SpringsteenOnly The Strong Survive
(Columbia Records)

Only The Strong Survive é o primeiro álbum de estúdio de Bruce Springsteen desde Letter To You de 2020. O registro é uma coleção de joias da música soul e uma celebração de clássicos lançados dos anos 1960 até a década de 80. O disco de 15 faixas recebe o título da música “Only The Strong Survive” de Jerry Butler e também inclui hinos memoráveis, como: “Soul Days” de Dobie Gray, “Nightshift” do The Commodores, “I Wish It Would Rain” dos Temptations, “Do I Love You (Indeed I Do)” de Frank Wilson e “Somebody We’ll Be Together” de Diana Ross and the Supremes. O objetivo de Only The Strong Survive é que o público experimente a beleza e alegria por trás de cada uma dessas canções, assim como ocorreu com Springsteen quando as descobriu pela primeira vez.

Gold PandaThe Work
(City Slang)

The Work, o primeiro álbum do produtor Derwin Schlecker (a.k.a. Gold Panda) em seis anos, é um mergulho imersivo em um universo eletrônico modesto (“New Days”) e sentimental em que o artista explora o extremo mais sutil do universo da música. Com influências japonesas (“Chrome”) e loops fascinantes (“The Dream”), o resultado é um álbum rico que exala tranquilidade, confiança e criatividade. Não é muito raro que Schlecker seja capaz de planejar as próprias experiências pessoais e crescimento através dos discos que publica, mas muito poucos artistas eletrônicos fizeram isso de forma tão emotiva (“The Corner” com o sample de “Lydia” de Dean Friedman) quanto ele. O título do álbum é tanto uma declaração literal do trabalho que ele levou anos para fazer e uma revelação que reflete como chegou a este lugar.

JordanaI’m Doing Well, Thanks for Asking
(Grand Jury Music)

Com seis músicas músicas no repertório, I’m Doing Well, Thanks for Asking é um presente aos fãs da artista de bedroom pop Jordana que estão ansiosos por mais músicas após o lançamento do segundo álbum, Face the Wall. O EP traz faixas como “Is It Worth It Now”, um número synthpop sedoso sobre os benefícios da positividade, e a balada crua “SYT” – abreviação de “Save Your Tears” – em que  canaliza os sentimentos de empoderamento e consciência após um término. O trabalho é mais uma forma da garota compartilhar o dom de elaborar músicas cativantes e charmosas que contrastam com letras introspectivas e melancólicas.

Dalila Kayros & Danilo CastiAnimami
(Subsound Records)

Em Animami, a cantora e compositora Dalila Kayros e o produtor Danilo Casti criam paisagens sonoras surrealistas em peças eletrônicas de vanguarda com uma estética ambiente sombria. O álbum fala sobre a descoberta do lado escuro da mente como um caminho sem fim de transformação interior (“Animami”). A história começa dentro da Caverna do Dragão com um ato de devoção (“Abyss”), enquanto o último passo revela uma transformação mágica em um novo estado de matéria. Remetendo nomes como Sevdaliza, Björk e FKA twigs, Kayros apresenta canções repletas de simbolismos e estética distópica em vocais ritualísticos calmos e ferozes, enquanto a produção eletrônica experimental e cinematográfica de Casti nos encaminha para uma jornada enigmática dentro do inconsciente (“Yonder”) propondo a ideia de que não há luz sem enfrentarmos a escuridão.

MGMT11.11.11
(MGMT Records)

Em 11 de novembro de 2011, os integrantes do MGMT foram contratados para escrever música para marcar a abertura de uma exposição em homenagem ao artista italiano Maurizio Cattelan. Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser aceitaram o convite e apresentaram uma peça original de 45 minutos no Museu Solomon R. Guggenheim em Nova Iorque. Agora, a dupla de pop psicodélico lança a performance como um álbum ao vivo, apropriadamente intitulado 11.11.11. “Estamos criando uma experiência musical que funciona para o prédio e para a construção e apresentação da exposição Cattelan. É uma exposição de arte feita de uma forma completamente original, por isso merece música que seja completamente original” disse a dupla na época.

Oh LandXTRA
(Universal Music)

A cantora e compositora dinamarquesa Nanna Øland Fabricius (a.k.a. Oh Land) lança o EP XTRA com todas as músicas cantadas na língua natal. Mesmo o idioma sendo uma barreira e apenas quatro faixas aparecerem no repertório, é notável o talento da artista para incorporar um eletropop dançante (“Bad Timing”) e cativante (“Kriger”) na esmerada produção do projeto envolvido de sintetizadores cintilantes, batidas pulsantes e vocais aconchegantes.