Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Kelela, Tennis, Paramore, Liv.e, Rebecca Black, Andy Shauf, Two Shell, Jessica Winter e Pabllo Vittar.
• Kelela – Raven
(Warp Records)
Raven é a tão esperada sequência da estreia, Take Me Apart, de Kelela. Um trabalho criado a partir de um processo e sentimento de isolamento e alienação. Ela emerge das marés da órbita oceânica de seu eu superior com um trabalho de reprodução contínua, explorando autonomia, pertencimento e autorrenovação com um grupo seleto de colaboradores. A dupla OCA – dos produtores Yo Van Lenz e Florian TM Zeisig – proporciona uma sonoridade etérea (“Washed Away”, “Fooley”, “Holier”), LSDXOXO entrega o universo dos clubes e pistas em peças mais dançantes (“Happy Ending”, “Contact”, “Bruises”) e Bambii com samples e breaks de gêneros diversos (“On The Run”) – além de contribuições adicionais de KAYTRANADA, BADSISTA e Mocky (os dois últimos em “Enough For Love”) -, proporcionam uma aventura e fusão de R&B libertador com música dance e ambiente. Com todo o sensualismo sonoro, visual e físico que conquistou no primeiro disco, Raven encontra Kelela mais certa e à vontade com a excepcionalidade de sua fluidez criativa, afirmação da perspectiva da mulher negra queer em meio ao apagamento sistêmico e o som da vulnerabilidade transformado em autoridade.
• Tennis – Pollen
(Mutually Detrimental)
O Tennis, projeto de indie pop em torno do casal Patrick Riley e Alaina Moore, chega ao sexto registro de estúdio coberto de influências nostálgicas para abordar as inquietações de um casal. Apanha inspiração nos grupos femininos dos anos 60, em guitarras inquietas dos anos 70 e sintetizadores cintilantes dos anos 80 para iluminar suas composições românticas e agridoces. Um tema recorrente em Pollen é como pequenas coisas – e a monotonia – podem ter grandes consequências em uma relação (“Pollen Song”), desejos maiores que nós mesmos ao sermos tentados pelo amor (“One Night with the Valet”), a busca por um sentimento desconhecido (“Forbidden Doors”) ou apenas assumir os riscos de experimentar um amor romântico (“Let’s Make a Mistake Tonight”). O disco traz a marca própria do Tennis, em canções pop sonhadoras com um coração indie, com uma mensagem clara: acreditar no amor até nos momentos mais conflituosos.
• Paramore – This Is Why
(Atlantic)
Após cinco anos do álbum After Laughter e a investida na carreira solo de Hayley Williams com os álbuns Petals For Armor e FLOWERS for VASES / descansos, o Paramore retorna com o sexto registro de estúdio. A fórmula pop punk do trio volta à ativa, diferente do material anterior em que explorou o synthpop dos anos 80, com um apanhado de referências do indie dance rock do início dos anos 2000, de Bloc Party a Foals, evidente em singles como “This Is Why” e “C’est Comme Ça”. O trabalho abandona a angústia juvenil dos primeiros registros da banda e foca-se em temas como consumo excessivo de informações, colapso global (“The News”), crises pessoais (“Thick Skull”), românticas (“Liar”) e existências (“Running Out of Time”). Com novas referências em sua sonoridade, This Is Why soa distinto e uma progressão natural para a discografia do grupo.
• Liv.e – Girl in the Half Pearl
(In Real Life Music)
Em seu segundo álbum de estúdio, a cantora de neo soul Olivia Williams (a.k.a. Liv.e) persegue a libertação pessoal e o perdão após um romance que a jogou para todas as direções emocionais ao longo de quatro anos. As faixas são um documento de autoexame, enquanto a artista trabalha com as realizações provocadas pela dor e lida com a dinâmica de seu papel nas relações da vida. Com base na fundação que estabeleceu no disco de estreia (Couldn’t Wait To Tell You…), Girl in the Half Pearl transparece o processo de crescimento (“Wild Animals”), perdão, amor próprio (“Find Out”) e recuperação de senso de feminilidade. Como uma versão feminina combinada de D’Angelo e Q-Tip, Girl in the Half Pearl é uma jornada sonora experimental e imersiva que mescla vocais de R&B com batidas metódicas de drum ‘n’ bass (“Ghost”), industrial (“HowTheyLikeMe!”), trip hop, efeitos cósmicos e atmosfera jazzística (“A Slumber Party?”).
• Rebecca Black – Let Her Burn
(Rebecca Black)
Rebecca Black, popularizada e alvo de bullying pelo hit viral “Friday” em 2011, deixa para trás a percepção negativa do público com o disco de estreia. Se Let Her Burn é uma nova chance para a artista contar a sua história nos próprios termos, o resultado é assertivo. Por meio de batidas 808, sintetizadores nebulosos, baladas power pop, french house, synthrock, eletropop e drum ‘n’ bass, a garota explora sexualidade (“Doe-Eyed”), desejos carnais (“Crumbs”) e identidade queer em canções sombrias e maduradas. Com Let Her Burn, Black abandona a distante persona (“Destroy Me”) e acerta o caminho em uma estrada pop eclética ao seguir a própria narrativa.
• Andy Shauf – Norm
(Anti-)
Em Norm, as canções do cantor e compositor canadense Andy Shauf são decididamente mais oblíquas, insinuando acontecimentos sinistros e motivações obscuras. O resultado é uma coleção inebriante de melodias folk suaves, vocais sussurrados, temas sombrios e letras sedutoras. Inspirado em ‘Mullholland Drive’, de David Lynch, e na ideia de um narrador não confiável, Shauf trabalhou com um editor de histórias enquanto construía uma narrativa de autorreflexão em torno de quatro personagens. Atmosferas levitantes e embaladas por sintetizadores conduzem a narrativa melodramática sobre romances perdidos (“Wasted On You”), saudosismo (“Telephone”) e busca incessante por novas conexões humanas (“Paradise Cinema”).
• Two Shell – lil spirits
(Mainframe Audio)
No ano passado, o duo de produtores do Two Shell tornaram-se um dos atos eletrônicos mais comentados por dois motivos: hinos inovadores que conquistaram as pistas de dança e a abordagem misteriosa em tudo o que fazem – sua única entrevista com a imprensa se autodestruiu em 12 horas após a publicação, um site protegido por senha e rumores que dublês são enviados para as apresentações no palco. Intitulado lil spirits, o EP surpresa leva o ouvinte diretamente ao mundo cibernético e oscilante explorado pela primeira vez em Icons. Tomando elementos do hyperpop, nu-grunge, jungle, UK garage e samples vocais processados, os artistas compartilham um novo olhar para o cyberpop e o impulsionam para uma nova dimensão.
• Jessica Winter – Limerence
(Lucky Number Music)
Jessica Winter revela versatilidade como artista desde a estética pop cinematográfica presente em “Choreograph” até uma abordagem mais estridente e dançante com “Funk This Up”. Limerence refere-se a pensamentos intrusivos, melancólicos e o desejo involuntário e intenso que se experimenta quando nos apaixonamos por alguém – e também precisamos nos desapegar (“Clutter”). Baseada em seu estilo único e inconfundível, a artista mergulha em tudo, desde synthpop, punk e glam dos anos 80, e consolida uma visão pop cintilante única.
• Pabllo Vittar – Noitada
(Sony Music)
Noitada, o quinto disco de Pabllo Vittar, apesar de um pouco mais de 20 minutos revela a proposta noturna – de começo, meio e fim – divertida proposta pela artista em letras repletas de duplo sentido e conotações sexuais (“Culpa do Cupido”, “Penetra”). Com participações de Anitta (“Balinha de Coração”), Gloria Groove (“AMEIANOITE”), MC Carol (“Descontrolada”), DJ Ramemes (“Calma Amiga INTERLUDE”), O Kannalha (“Penetra”), MC Tchelinho e DJ Tonias (“Apetitosa”), o disco transmite a sensação de passar uma noite com os amigos. A versatilidade de Vittar como artista é reforçada pela experimentação e versatilidade com diferentes estilos musicais como pop, dance, funk carioca, house, tecnobrega, pagodão e eletrônico, fazendo do material uma trilha sonora perfeita para uma noite espirituosa e sexy – mesmo que com uma duração breve.
