Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Romy, Róisín Murphy, James Blake, Anjimile, Tinashe, The Chemical Brothers, Olivia Rodrigo, Courtney Barnett e Kristin Hersh.
• Romy – Mid Air
(Young)
Depois de seus colegas do The xx, Jamie xx e Oliver Sims, terem lançado seus trabalhos solo, agora é a vez de Romy Madley Croft – ou simplesmente Romy – embarcar nessa jornada e apresentar seu primeiro álbum, Mid Air. O trabalho celebra a vida na pista de dança, abordando temas como o amor (em “Loverher”, onde a artista expressa seu amor por sua esposa), luto (“Strong”), relacionamentos (“Weightless”, “She’s On My Mind”), identidade (“Twice”) e sexualidade. A sonoridade se afasta do minimalismo característico do The xx e explora emoções intensas por meio de músicas dançantes. É uma homenagem às boates LGBTQ+ onde Romy encontrou comunidade, liberdade e segurança. O álbum representa um momento de autodescoberta e superação, passando por dores e tristezas em direção à euforia. Mid Air conta com a colaboração de produtores como Fred again.. e Stuart Price (conhecido por seu trabalho com Madonna e Jessie Ware), além de seu parceiro de banda Jamie xx na faixa “Enjoy Your Life”, que utiliza o sample de “La Vita” de Beverly Glenn-Copeland. É uma fusão de música emocional para dançar, unindo influências de clássicos das pistas de dança com toques da música das Ilhas Baleares (“She’s On My Mind”, “The Sea”) e composição tradicional, incorporando elementos do house e trance com atrativo pop. Mid Air equilibra emoção, romance, escapismo, tristeza e melancolia de forma radiante e honesta.
• Róisín Murphy – Hit Parade
(Ninja Tune)
Após três décadas na indústria musical, Róisín Murphy lança o álbum Hit Parade, o sucessor de Róisín Machine. Este novo trabalho foi produzido remotamente em diferentes países em colaboração com o renomado Stefan Kozalla (a.k.a DJ Koze), conhecido por sua assinatura deep house e minimal techno. O sexto álbum de estúdio da artista explora uma ampla variedade de influências musicais, experimentando sons e permitindo uma ampla gama de estilos e alternâncias de tom. Desde elementos da música disco, como os presentes em “The Universe” e “The House”, até influências de hip hop e R&B em “Two Ways”, passando pelo house em “Hurtz So Bad” e “CooCool”, com seu ambiente funky groove, além do loop soul psicodélico de “Fader”, que inclui um sample de “Window Shopping” de Sharon Jones & the Dap-Kings, e também os hinos animados de dance e pop presentes em “Free Will”, “You Knew” e “Can’t Replicate”, o registro explora uma série de temas, incluindo luxúria, amor, relacionamentos conflituosos e livre arbítrio. Hit Parade representa um novo ponto na carreira de Murphy e se destaca por sua diversidade musical, demonstrando a alegria natural e originalidade da artista, bem como sua propensão para canções únicas, características que têm sido evidentes em cada novo projeto ao longo de sua consistente carreira.
• James Blake – Playing Robots Into Heaven
(Republic)
Em Playing Robots Into Heaven, o britânico James Blake resgata seus primeiros trabalhos e revisita a cultura rave e o dubstep, nos quais também encontrou um som único, demonstrando seu fascínio por sintetizadores modulares, texturas únicas e vocais recortados. A música do artista se desconstrói, com elementos de soul delicado manipulados e lançados em uma máquina que os molda de maneiras diversas. O álbum destaca a habilidade de Blake na criação de sons, combinando vocais celestiais com sua eletrônica vibrante (“Tell Me”) e atmosférica (“Playing Robots Into Heaven”), além de elementos do pop, como “I Want You To Know”, que incorpora uma interpolação de “Beautiful” de Snoop Dogg e Pharrell Williams. A primeira metade do registro apresenta uma música eletrônica futurista e experimental (“Big Hammer”, “Loading”), enquanto a segunda se torna mais atmosférica e minimalista (“Fire The Editor”, “If You Can Hear Me”). O trabalho é um testemunho da versatilidade de Blake na criação de composições para diferentes ambientes, enquanto evolui musicalmente com liberdade criativa e permanece fiel às suas origens musicais.
• Anjimile – The King
(4AD)
No seu segundo álbum, Anjimile Chithambo (a.k.a. Anjimile) continua a explorar o significado de ser uma pessoa trans negra na América, especialmente após os eventos de 2020. Ele aborda essas questões de forma honesta e crua, em contraste com a sobriedade de seu álbum anterior, Giver Taker. A reflexão brutalmente sincera sobre o verão mortal de 2020 evoca menos ilusões otimistas e mais uma conexão enraizada com a realidade da brutalidade que foi claramente percebida. O álbum explora questões familiares, emocionais e sociais, abordando temas como o apoio do pai durante o período de reabilitação (“Father”), a relação conturbada com sua mãe devido à identidade de gênero (“Anybody”) e canções de protesto contra a brutalidade policial que fazem referência explícita à morte de George Floyd (“Animal”). The King representa um avanço artístico, com uma variedade de influências sonoras surpreendentes, graças à colaboração com o produtor Shawn Everett (The War on Drugs, Adele). Quase todos os sons ouvidos em The King vêm de dois instrumentos: um violão acústico e a voz de Anjimile, combinados com texturas eletrônicas experimentais e arranjos majestosos. O material é o resultado de décadas de trabalho, séculos de sobrevivência, honestidade e bravura de um artista. Se Giver Taker foi um álbum de preces, The King é um álbum de maldições.
• Tinashe – BB/ANG3L
(Nice Life Recording Company)
A cantora e compositora Tinashe inicia uma nova era com o álbum BB/ANG3L, seguindo o sucesso de seu quarto álbum, 333. Nesse projeto, que tem apenas 20 minutos de duração e sete faixas, a artista explora profundamente sua identidade e suas escolhas pessoais (“Tightrope”, “None Of My Business”), desafiando as percepções da sociedade (“Talk To Me Nice”) e abordando temas de relacionamentos (“Uh Huh”). Ela busca revelar sua verdadeira essência por meio de uma jornada introspectiva e autêntica, utilizando seu estilo R&B clássico e contemporâneo, complementado de forma astuta com pinceladas de trap (“Needs”), drum ‘n’ bass (“Gravity”) e reminiscências de seus primeiros trabalhos.
• The Chemical Brothers – For That Beautiful Feeling
(EMI/Virgin Records)
A dupla de música eletrônica altamente aclamada e inovadora The Chemical Brothers lança seu décimo álbum de estúdio, intitulado For That Beautiful Feeling. O registro foi gravado em seu próprio estúdio e é caracterizado como uma coleção de músicas vibrantes, confiantes e profundamente psicodélicas. “No Reason”, incorpora o sample da voz do cantor de pós-punk Adrian Borland, do The Sound, com uma batida animada com elementos de funk dos anos 70 e vocais “woo” reverberados. “Goodbye” é um número new wave psicodélico e eufórico, enquanto “Feels Like I Am Dreaming” é uma visita aos clássicos das raves dos anos 90. “Fountains” tem um ritmo consistente e elegante, com um riff repetitivo e vocais astrais que soam como uma mistura do som de Chic e Tame Impala. O trabalho inclui uma colaboração com Beck, na faixa “Skipping Like A Stone”, além dos vocais da talentosa cantora psych-pop Halo Maud, que se destacam na eufórica “Live Again” e na serena “For That Beautiful Feeling”. O resultado é uma coleção de músicas vibrantes, confiantes e profundamente psicodélicas, que transformam o caos e o ritmo fluido infinito em uma beleza impossível.
• Olivia Rodrigo – GUTS
(Geffen)
Olivia Rodrigo descreve GUTS, que segue o sucesso de seu álbum de estreia SOUR, como uma exploração das dores do crescimento e da busca por sua identidade nesta fase de sua vida. Ela sente que cresceu muito entre os 18 e 20 anos, passando por um período intenso de transformações e desconforto, que faz parte natural do processo de amadurecimento. O álbum apresenta músicas pop rock mais dinâmicas e cruas (“bad idea right?”, “get him back!”), enquanto as baladas são mais ambiciosas e suas letras impactantes (“logical”, em que canta uma relação abusiva com um homem mais velho, e “teenage dream”, que começa como uma balada que explode ao nível de “Happier Than Ever” de Billie Eilish). Rodrigo aborda temas como relacionamentos (“the grudge”), inseguranças (“ballad of a homeschooled girl”, “lacy”) e uma visão sombria da fama e da pressão que vem com ela de maneira cativante. Com maturidade artística impressionante, experimentando com um som mais robusto e influências do rock, GUTS garantirá o sucesso duradouro de Rodrigo na indústria da música por mais alguns anos.
• Courtney Barnett – End Of The Day
(Milk! Records / Mom+Pop)
End Of The Day é uma coleção de músicas originais criadas pela artista de indie rock australiana Courtney Barnett em colaboração com Stella Mozgawa para o documentário ‘Anonymous Club’ (2021), dirigido por Danny Cohen. O álbum da trilha sonora inclui 17 faixas com paisagens sonoras instrumentais e ambientais que proporcionam espaço para contemplação e reflexão pessoal. Parece ser um novo capítulo, mas ainda inconfundivelmente representativo do estilo de Courtney Barnett. As músicas trazem guitarras vibrantes com elementos lentos, atmosféricos e eletrônicos (“First Slow”), unindo o som angular de Barnett com partituras cinematográficas próprias para o documentário que investiga a vida de Barnett em turnê e na indústria da música. Apesar da ausência de letras, a artista demonstra sua capacidade de conectar com o ouvinte através de suas melodias meditativas. Uma virada destemida para uma artista que construiu sua formidável reputação por meio de um lirismo profundo e arranjos baseados em riffs.
• Kristin Hersh – Clear Pond Road
(Fire Records)
Em Clear Pond Road, Kristin Hersh proporciona uma viagem cinematográfica repleta de vinhetas pessoais de uma autora ferozmente independente, enriquecida com camadas de cordas envolventes e mellotron. É um momento marcante em uma carreira repleta de primeiras criações e pensamentos inspiradores. O álbum é uma peça elegante de reportagem pessoal, mais introspectiva e quieta em comparação ao estilo mais agressivo e contrastante de suas bandas anteriores (Throwing Muses e 50 Foot Wave), com uma sonoridade minimalista e contemplativa que cria ambientes e momentos desconfortáveis. Clear Pond Road é uma afirmação de vida, mais uma parte do quebra-cabeça, um livro de memórias pessoais de ações (“Thank You, Corner Blight”) e relacionamentos (“Dandelion”) frustrados; um florescimento tardio e amadurecimento de um verdadeiro ícone de independência. O disco é ao mesmo tempo íntimo e expansivo, escrito em grande parte dentro dos limites da casa de Hersh, tornando o processo mais pessoal.