Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Sampha, The Rolling Stones, Priya Ragu, Ana Frango Elétrico, Pip Blom, Lost Girls, Bombay Bicycle Club e Emma Anderson.
• Sampha – Lahai
(Young)
O cantor, produtor e pianista Sampha lança seu segundo álbum de estúdio, intitulado Lahai, uma homenagem ao seu avô paterno e nome do meio do artista. Em contraste com seu álbum de estreia, Process, onde explorou temas de perda e luto, desta vez ele celebra a aceitação radical e a alegria da condição humana, valorizando a jornada em si, bem como as belas e difíceis realidades de simplesmente existir. O álbum aborda temas como o tempo (“Stereo Colour Cloud (Shaman’s Dream)”, “Time Piece”) e as conexões com o passado e o futuro (“Can’t Go Back”), a paternidade (“Evidence”) e crises existenciais (“Only”, “What If You Hypnotise Me?”). O registro incorpora uma variedade de gêneros musicais, como jazz, soul, rap, dance, jungle e música da África Ocidental, criando uma intrincada tapeçaria de sons que abraçam cada tecla de piano, batida eletrônica, orquestração e voz de apoio. Com 14 faixas e colaborações de amigos e parceiros próximos, como Yaeji, Léa Sen, Sheila Maurice Grey (Kokoroko), Ibeyi, Morgan Simpson (Black Midi), Yussef Dayes, Laura Groves e Kwake Bass, Lahai representa uma exploração inovadora da imaginação de Sampha e a beleza e as duras realidades de apenas existir (“Spirit 2.0”).
• The Rolling Stones – Hackney Diamonds
(Polydor)
Hackney Diamonds é o primeiro álbum de músicas originais dos Rolling Stones em 18 anos. O disco começa com “Angry”, apresentando a icônica sonoridade da banda, incluindo os enérgicos riffs de guitarra de Keith Richards, os distintivos vocais rosnados de Mick Jagger e um refrão imponente. Além disso, abrange uma variedade de estilos musicais, como country (“Dreamy Skies”), soul (“Sweet Sounds Of Heaven”), punk (“Live By The Sword”) e vestígios de disco (“Mess It Up”), explorando temas relacionados à idade e à raiva. A grandiosidade de Hackney Diamonds também é creditada ao produtor Andrew Watt (Iggy Pop, Justin Bieber, Ozzy Osbourne), que equilibra elementos da longa carreira da banda com um som contemporâneo, evitando que soe datado. O trabalho apresenta colaborações notáveis, como a poderosa balada soul “Sweet Sounds Of Heaven” com vocais de Lady Gaga e teclados de Stevie Wonder, a agressiva “Bite My Head Off” com o baixo de Paul McCartney, e “Get Close” e “Live By The Sword” com Elton John no piano. O material encerra com “Rolling Stone Blues”, um cover de Muddy Waters, que deu origem ao nome da banda, relembrando as raízes do grupo e mostrando que os Stones estão cada vez mais confiantes, não se rendendo à típica nostalgia esperada de músicos de sua geração.
• Priya Ragu – Santhosam
(Warner Records UK)
A cantora, compositora e produtora tâmil-suíça Priya Ragu lança seu tão aguardado álbum de estreia, Santhosam. Este trabalho dinâmico combina R&B, dancehall (“Vacation”) e UK garage (“Easy”), apresentando ganchos pop engenhosos, vocais soul envolventes, batidas de dança e os ritmos vibrantes de tabla, entrelaçados com melodias espirais da música Tamil. Definido pelo espírito positivo de Ragu, o registro apresenta uma rica variedade de texturas musicais e aborda temas políticos urgentes, derivados da jornada de autodescoberta da artista. Santhosam começa com “Ammama’s Note”, que inclui uma gravação de voz de sua avó questionando por que ela ainda não se casou, refletindo os desafios comuns enfrentados por muitas jovens mulheres sul-asiáticas que desejam conquistar mais antes de se estabelecer, independentemente das expectativas sociais. A capacidade de moldar seu próprio destino é um tema recorrente, notado em músicas como “School Me Like That”. Há também questões universais, como a raiva expressa em “Black Goose”, escrita após o assassinato de George Floyd e os protestos do movimento Black Lives Matter, e “Let Me Breathe (Reprise)”, que representa um chamado espiritual por liberdade, emancipação e paz. O registro está repleto de destaques, incluindo a energia contagiante de “One Way Ticket” até “Power”, que apresenta um emocionante arranjo de cordas escrito pelo compositor indiano Bala e gravado com uma orquestra em Budapeste. Santhosam é uma mensagem de esperança para os dias mais sombrios (“Adalam Va!”).
• Ana Frango Elétrico – Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua
(RISCO)
Ana Frango Elétrico apresenta seu trabalho mais confiante até o momento, Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua, que combina sonoridades do brazilian boogie com uma atmosfera pop moderna em sua expressão musical queer. Ana explora os sentimentos sobre o amor queer, como evidenciado na faixa “Insista em Mim”, e se expõe de forma subjetiva. No entanto, o foco principal recai sobre a produção musical. O álbum é coeso e permite aos ouvintes acompanhar as experiências de Ana em diferentes gêneros musicais, incluindo R&B com influências do funk em “Dela”, art pop em “Dr. Sabe Tudo”, synth groove orquestral em “Debaixo do Pano”), indie em “Coisa Maluca”, eletrônica construída em drum machines em “Let’s Go Before Again”, além do cover brazilian boogie com traços de Nile Rodgers em “Electric Fish” e a cordas cinematográficas elegantes à la Arthur Verocai em “Nuvem Vermelha”. O álbum também incorpora seções de sopro marcantes em faixas como “Boy Of Stranger Things” para explorar temas de identidade, sexo e relacionamentos, como evidenciado em “Camelo Azul”.
• Pip Blom – Bobbie
(Heavenly Recordings)
No seu terceiro álbum, a banda holandesa Pip Blom optou por uma reinvenção. Depois de conquistar destaque como uma das melhores vozes do indie rock com dois álbuns – a estreia Boat de 2019 e a sequência Welcome Break de 2021 -, Bobbie representa uma encantadora virada de chave no som do grupo. Neste novo trabalho, grande parte das guitarras é substituída por sintetizadores, batidas dançantes e programação, como evidenciado no primeiro single do álbum, “Tiger”. O resultado é uma coleção de 12 hits pop dinâmicos e coloridos com as colaborações de Personal Trainer (na pop disco minimalista à la Metronomy, “Kiss Me By The Candlelight”) e Alex Kapranos (na disco funk “Is This Love?”). Pip Blom mantém seu brilho característico com canções cativantes, como “Not Tonight” e “I Can Be Your Man”, e refrões contagiantes, como em “Get Back”. Embora o material represente grandes avanços, fica claro que Bobbie é apenas o próximo passo na jornada do Pip Blom, longe de ser um destino final.
• Lost Girls – Selvutsletter
(Smalltown Supersound)
O projeto musical Lost Girls, composto por Jenny Hval e Håvard Volden, lança o álbum Selvutsletter, que sucede Menneskekollektivet. O título do álbum é uma palavra norueguesa inventada que pode ser traduzida como “auto-apagador”, representando alguém que tenta se apagar, realizar um tipo de exorcismo pessoal ou simplesmente envelhecer e perder o interesse em seu eu presente. Em 2022, a dupla foi convidada para fazer um concerto em Lyon, onde decidiram criar um novo material. O processo envolveu a colaboração de Volden na criação de batidas e estruturas de guitarra, enquanto Hval trabalhava nas letras e adicionava mais sons. O resultado são músicas mais concisas e melódicas, como “With the Other Hand” (inspirada em Leonard Cohen), com um foco no pop experimental e rock alternativo dos anos 90 para explorar temas relacionados a memórias, experiências e o papel da música na vida das pessoas. Selvutsletter combina a sensação intuitiva de noites tardias com uma abordagem experimental da música. O resultado é uma mistura ousada de cores, palavras, vegetação e eletricidade, mais aventureira do que nostálgica.
• Bombay Bicycle Club – My Big Day
(AWAL / Mmm…Records)
Os integrantes do Bombay Bicycle Club, que estiveram afastados devido a várias atividades pessoais, estão de volta com o sexto álbum de estúdio, intitulado My Big Day. É uma obra poderosa e expansiva, repleta de alegria contagiante e uma eclética gama de sons, que vão desde o lo-fi em faixas como “I Want To Be Your Only Pet” até eletrônica folk de “Turn The World On”, passando por momentos pop familiares em “My Big Day” e toques psicodélicos. Produzido por Jack Steadman em seu próprio estúdio e no The Church em Londres, o álbum conta com participações especiais de Jay Som (“Sleepless”), Nilüfer Yanya (“Meditate”), Holly Humberstone (na nostálgica “Diving”), Chaka Khan (na indie pop funk “Tekken 2”) e Damon Albarn (na etérea “Heaven”). A ampla variedade de parcerias e estilos musicais demonstra a versatilidade e o talento da banda. O álbum evoca sentimentos de nostalgia e celebração, marcando com sucesso o retorno do Bombay Bicycle Club à cena musical e uma evolução ousada e espontânea, mas ainda assim mantendo sua identidade.
• Emma Anderson – Pearlies
(Sonic Cathedral)
Emma Anderson, co-fundadora do Lush, lança seu álbum solo de estreia, Pearlies. No álbum, a artista colabora com o produtor James Chapman (a.k.a. Maps) combinando pop eletrônico com texturas psicodélicas e folk, enquanto aborda temas como enfrentar seus medos, abraçar a independência e seguir em frente na vida. O processo de criação do álbum começou após o desânimo de Emma com o término abrupto da reunião do Lush em 2016, quando ela se viu com canções e pedaços de música originalmente destinados à banda. Com o incentivo da violoncelista e arranjadora de cordas Audrey Riley e Robin Guthrie, ex-integrante do Cocteau Twins, ela começou a trabalhar em suas próprias canções. O álbum parece contar a história da decisão de Emma de seguir carreira solo, com a primeira faixa, “I Was Miles Away”. O restante fornece a resposta, abrangendo uma ampla gama de estilos, desde o inesperado funk da primeira faixa, “Bend The Round”, até dedilhados folk e referências a trilhas sonoras de filmes, passando por uma pegada psicodélica de pop eletrônico reminiscente de Goldfrapp ou Melody’s Echo Chamber e o groove deslumbrante no estilo Stereolad de “Clusters”. Pearlies é apenas o início da aguardada jornada solo de Anderson.