Após quatro anos do álbum ft., a cantora, compositora e produtora Jaloo retorna com MAU. O disco encerra um ciclo de três álbuns desde a produção do primeiro (#1, de 2014) nos quais, na trilogia, são exploradas fases de uma vida e também vivências de gênero, de acordo com a artista.
“No caso de vida – ‘#1’ é um disco sobre nascimento e infância, ‘ft.’ já representa o amadurecimento e, por último, ‘MAU’ é sobre a morte, tanto em sentidos literais quanto figurados”, escreve a artista nas redes.
Produzido, composto, arranjado e cantado por Jaloo, MAU é uma discoteca extremamente divertida, abusada e intimista ao tratar temas como prazer sexual, liberdade e amor em faixas eletrônicas intensas, com sintetizadores, distorções vocais e a brasilidade musical própria da artista paraense (evidenciada na tecnobrega de “Pra que amor?”).
O álbum começa com a faixa-título, desafiando as ideias tradicionais sobre o ser humano, moralidade e prazer, ao explorar a diversidade de personalidades e comportamentos de maneira afrontosa em cada flow da letra: “mau, mau, nós é animal / se não sabe o que é ser gente então engole meu pau / o superego não controla você”.
Em seguida, encontramos a eletrônica libertadora com toques de mambo e merengue, à la “DESPECHÁ”, em “Quero te ver gozar”, o sentimento de tédio e desejo por companhia com sabor de funk carioca em “Ah!”, e o êxtase e a intensidade sexual idealizados na faixa trilíngue (em português, inglês e francês) ambientada para as pistas de dança que é “Phonk-Me”.
Há momentos complexos de emoção ao tratar uma separação em “Tudo passa” e na faixa “Profano” com sintetizadores e batidas envolvidos pela década dos anos oitenta. Além disso, aborda um período de afastamento e autodescoberta na synthwave com uma atmosfera noturna em “Ocitocina”, e o pressentimento de desesperança em “A verdade é que a cidade vai me matar” a cada efeito vocal e batida desestabilizada.
MAU é uma montanha-russa de emoções em sua sonoridade sintética com o DNA de Jaloo. É a artista fazendo as pazes com seu lado brincalhão, romântico e “safado”, sem levar a vida tão a sério, abraçando tanto o seu lado alegre quanto o sombrio, como demonstrado na capa do disco.