Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Remi Wolf, Clairo, Cassandra Jenkins, Cat Burns, salute, Cigarettes After Sex, Joe Goddard, Metronomy e Brijean.
• Remi Wolf – Big Ideas
(Island Records)
Depois de dois longos anos vivendo em um estado constante de turnês e transição, a artista de alt pop Remi Wolf retorna com seu álbum mais sólido e autoconsciente até agora. Big Ideas, sucessor da estreia Juno, é inspirado pela luta com o quão transitória sua vida se tornou, combinando essas complexidades em um trabalho ambicioso e polido, com influências do soul dos anos 50 (“Motorcycle”), do funk dos anos 70 (“Cinderella”, “Slay Bitch”), do synthpop dos anos 80 (“Toro”, “Soup”), do pop rock dos 90 (“Alone in Miami”, “Wave”) e do folk à la The Moldy Peaches (“Just the Star”) de forma original. Com melodias cativantes e letras honestas, suas canções retratam temas como relacionamentos tóxicos, sentimentos não correspondidos, angústia existencial, solidão, dúvidas sobre sua carreira ou apenas a celebração da vida cotidiana na cidade, valorizando atividades simples como andar de motocicleta, pintar e apreciar música. Big Ideas a consolida ainda mais como uma das artistas pop mais empolgantes da sua geração.
• Clairo – Charm
(Clairo)
A artista de indie pop Claire Cottrill (a.k.a Clairo) apresenta seu terceiro álbum de estúdio, coproduzido por Leon Michels (The Dap-Kings, The Arcs). O material, gravado de forma estritamente analógica, é inspirado em artistas como Harry Nilsson, Caroline King e Blossom Dearie. As músicas são descritas como uma retomada dos sons instrumentais ao vivo encontrados no álbum Sling, com metais, instrumentos de sopro e sintetizadores vintage adicionando profundidade. Charm é uma coleção de grooves calorosos com um som inspirado nos anos 70, que fluem habilmente entre R&B (“Juna”), folk psicodélico (“Echo”), jazz (“Terrapin”) e soul (“Slow Dance”) junto aos vocais etéreos e sentimentais da artista. Coleciona recordações com uma sonoridade nostálgica em que Clairo explora desejos (“Sexy to Someone”) e se entrega ao amor (“Nomad”), estando disposta a arriscar tudo, na mesma intensidade.
• Cassandra Jenkins – My Light, My Destroyer
(Dead Oceans)
Cassandra Jenkins considerou inicialmente abandonar sua carreira musical após o lançamento de seu álbum de 2021, An Overview on Phenomenal Nature, mas a resposta positiva do público e o sucesso da faixa “Hard Drive” a inspiraram a continuar. Após uma turnê exaustiva, ela recomeçou a gravação de My Light, My Destroyer, encontrando um novo impulso criativo com a ajuda de colaboradores musicais e do produtor Andrew Lappin (L’Rain, Yumi Zouma). Neste terceiro registro, a artista expande sua paleta sonora, abrangendo indie, folk rock, spoken word, new age, pop e jazz. O álbum é repleto de sons encontrados, como trens, natureza e conversas noturnas com sua mãe, que compartilha sua curiosidade pelo cosmos e abre a faixa “Betelgeuse”. As letras poéticas exploram temas pessoais e universais como solidão (“Petco”, “Delphinium Blue”) e dependência emocional, além da luta contra a inevitabilidade dos padrões repetitivos na vida e no amor (“Only Love”, “Omakase”). My Light, My Destroyer serve como um lembrete para apreciar o tempo na Terra, com toda a sua beleza e caos.
• Cat Burns – early twenties
(Sony Music)
A cantora e compositora inglesa Cat Burns, que alcançou sucesso em 2022 com a música “Go”, viralizada no TikTok, lança seu tão aguardado álbum de estreia, early twenties. O trabalho é uma carta de amor à sua comunidade e explora as complexidades e emoções desta fase da vida adulta na casa dos vinte anos. Com uma sonoridade que mescla pop, folk e R&B, a artista aborda sentimentos de insegurança (“know that you’re not alone”, “low self esteem”), o desejo profundo de encontrar amor e companhia (“alone”), frustrações românticas (“end game”, “happier without you”), momentos felizes após uma série de rejeições (“met someone”), saúde mental (“this is what happens”) e aceitar as dificuldades da vida como oportunidades de crescimento e aprendizado (“healing”, faixa que encerra o disco, com a cantora de neo soul India.Arie). Com uma narrativa honesta e identificável, Burns é mais uma representante para Geração Z.
• salute – TRUE MAGIC
(Ninja Tune)
salute, com suas produções eletrônicas vibrantes e elegantes que fundem dance, house, garage, synthpop e french touch, apresenta o álbum TRUE MAGIC. Inspirado esteticamente e sonoramente por antigos anúncios de carros japoneses, salute dedicou inúmeras horas vasculhando arquivos do YouTube para criar o conceito do álbum: conduzir um carro antigo do mercado japonês em uma corrida chamada TRUE MAGIC. O trabalho conta com uma coleção de 14 faixas intensas e animadas, com uma lista de colaboradores invejáveis, como: Disclosure (“lift off!”), piri (“luv stuck”), Rina Sawayama (“saving flowers”, com sample de “Asayake” da banda japonesa Casiopea), Karma Kid (“reason”), Sam Gellaitry (“maybe it’s you”), Empress Of (“one of those nights”), LEILAH (“perfect”, “drive”), entre outros. Com letras que tratam de sentimentos de angústia e desconexão em relacionamentos, amor e devoção, a euforia de uma festa e passeios de carro à noite acompanhado, salute garante um trabalho orgânico – com várias cabeças pensantes – que funciona como uma corrida metafórica em sua vida.
• Cigarettes After Sex – X’s
(Partisan Records)
No álbum X’s, o sucessor de Cry, o trio de indie dream pop Cigarettes After Sex mantém uma consistência sonora habitual enquanto explora uma única história de amor vivida durante quatro anos. Inspirado por experiências pessoais do líder Greg Gonzalez, o álbum reflete sobre diferentes estágios dessa relação, desde os momentos nostálgicos de felicidade (“Silver Sable”), complexidades da relação (“Baby Blue Movie”, “Dark Vacay”), o desejo de ser amado (“Tejano Blue”, uma homenagem à música da infância texana de Gonzalez, inspirada em Selena e Cocteau Twins) e, consequentemente, término (“Ambin Slide”, em que retrata um estado de desespero, onde luta para superar, recorrendo ao uso de drogas). Continuando a observar estruturas clássicas de canções pop, com guitarras reverberadas e vocais sussurrados, Gonzalez afasta-se das referências sonoras dos anos 50 e 60, agora se inclinando para o estilo de dança lenta dos anos 70 e 80, mantendo a habilidade nebulosa de capturar emoções intensas e íntimas com letras profundamente pessoais e poéticas.
• Joe Goddard – Harmonics
(Domino)
O produtor e músico britânico Joe Goddard, membro do Hot Chip, lança seu terceiro registro de estúdio, Harmonics. O trabalho explora diversas vertentes da música com uma lista de colaboradores notáveis. Há conexões com o afrobeat, com a ajuda do vocalista guineense Falle Nioke em “Miles Away” e Eno Williams, do Ibibio Sound Machine, em “Progress”; deep house na voz melancólica de Hayden Thorpe em “Summon” – que evoca as parcerias do Hercules & Love Affair com ANOHNI; synthpop com os colegas de Hot Chip, Alexis Taylor e Al Doyle, em “Mountains”; rap com Oranje em “When Love’s Out Of Fashion”; sensibilidade eletropop com Barrie em “Moments Die”; trance pop com Findia em “Destiny”; disco com Fiorious em “New World (Flow)”; e o jazz do saxofonista Alabaster DePlum infiltrado no house de “Reverie”, além de momentos reflexivos e introspectivos vindos da mente de Goddard em três faixas sem colaborações (“Follow You”, “On My Mind” e “Out At Night”). Harmonics é uma obra enraizada em calor, instinto e empatia.
• Metronomy – Posse EP Volume 2
(Ninja Tune)
O Metronomy, conhecido por sua música indie pop eletrônica, abre um novo capítulo em sua carreira com o Posse EP Volume 2. Neste compacto de cinco faixas, o fundador Joe Mount atua como produtor, criando instrumentais celebrativos para novos cantores e artistas. O single “With Balance”, uma parceria com a cantora e compositora inglesa Naima Bock (ex-Goat Girl) e o poeta e músico Joshua Idehen, é um folk eletrônico com violão dedilhado e sintetizadores atmosféricos, que flerta com o gracioso universo musical de José González. “Nice Town” é uma combinação de rap, jazz e eletrônica, na qual o rapper e trompetista norte-americano Pan Amsterdam retrata em seus versos um processo de reflexão e autoafirmação, enquanto “Contact High”, uma parceria com a cantora Miki e o duo de art pop Faux Real, é uma balada eletropop hipnótica com um toque de drum ‘n’ bass que aborda a espera por alguém e a tentativa de manter o contato e a presença viva, apesar das dificuldades e frustrações. O material dá continuidade ao projeto iniciado em 2021, Posse EP Volume 1, permitindo a conexão com novos artistas e renovação do espírito criativo do Metronomy.
• Brijean – Macro
(Ghostly International)
Desde a estreia como Brijean, o projeto da percussionista e compositora Brijean Murphy e do multi-instrumentista e produtor Doug Stuart tem se destacado ao fundir psicodelia com influências de dance music. Se nos trabalhos anteriores, no EP Angelo e no álbum Feelings, a dupla celebrou a autorreflexão e processou a perda, Macro trata a complexidade e harmonia da experiência humana em encontrar beleza e dor nos aspectos mundanos (“Euphoric Avenue”), desilusões amorosas (“Counting Sheep”) e mensagens universais incentivando a vivência completa das emoções (“Roller Coaster”, “Laura”). Com um ambiente mais dinâmico, colaborativo e animado, envolvido por ritmos refinados e uma atmosfera ensolarada e vintage, o grupo passeia pelo downtempo, psicodelia, folk, indie, house, funk e disco (trazendo um toque de Tropicalia em “Workin’ On It”). Com uma fórmula precisa, adicionando os vocais sussurrados de Murphy com os sintetizadores estimulantes e batidas determinadas de Stuart, Macro proporciona uma experiência exploratória com momentos de alta energia e passagens mais relaxantes.