Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Pom Pom Squad, Soccer Mommy, Laura Marling, Katie Gavin, Amyl and the Sniffers, Two Shell, Fashion Club e Alice Longyu Gao.
• Pom Pom Squad – Mirror Starts Moving Without Me
(City Slang)
A banda norte-americana de indie rock Pom Pom Squad lança o álbum Mirror Starts Moving Without Me, fruto de uma infância marcada pelo amor por Sailor Moon, Street Fighter, Sade e cinema de terror. O registro serve como meio para Mia Berrin se redescobrir e resgatar sua identidade após a grande repercussão do disco de estreia Death of a Cheerleader. “Downhill”, faixa de abertura, apresenta uma sonoridade pop com pegada grunge, com riffs intensos de guitarra, percussão pulsante, sintetizadores nebulosos e os vocais doces e dinâmicos de Berrin, refletindo sobre os desafios e lutas pessoais enfrentados ao longo do último ano. “Spinning”, um hino sobre identidade, reconciliação com o passado e aceitação de si mesma, traz uma sonoridade marcante, com guitarras elétricas vibrantes, bateria intensa e vocais expressivos. Já “Street Fighter” transmite urgência com sintetizadores pulsantes e guitarras punk distorcidas, acompanhadas por vocais explosivos e sedutores. A faixa usa metáforas do famoso jogo de videogame para expressar a frustração de Berrin com alguém que a decepcionou, declarando estar pronta para “lutar” e vencer. A energia explosiva e sombria de “Villain”, envolvida por suspiros e exalações, evoca uma estética que lembra Sleigh Bells e Billie Eilish. A canção aborda temas como empoderamento, vingança e transformação pessoal. O álbum também oferece momentos mais serenos. “Running From Myself” é um pop envolvente que reflete sobre arrependimentos. “Everybody’s Moving”, uma balada acústica comovente, explora sentimentos de solidão, estagnação e abandono diante das mudanças na vida de outras pessoas. Por fim, “Mountauk” soa como uma canção de ninar, com seu teclado arpejado, onde Berrin canta sobre desajuste social, insatisfação e vulnerabilidade emocional em meio a um cenário de luxo. Mirror Starts Moving Without Me é o reflexo da mente conturbada de Mia Berrin após o sucesso do grupo, expondo suas angústias e mostrando como as dores do mundo a afetam profundamente.
• Soccer Mommy – Evergreen
(Loma Vista Recordings)
Em Evergreen, Soccer Mommy, o projeto de indie rock da cantora e compositora Sophie Allison, continua explorando sua vida pessoal, agora em um contexto diferente. O álbum mantém as faixas fiéis às demos, evitando excessos e priorizando a autenticidade. “Lost” é uma balada encantadora e reflexiva com guitarras acústicas, cordas orquestrais e sons de pássaros, na qual a artista canta sobre o arrependimento de não ter conhecido verdadeiramente os sentimentos e sonhos de uma pessoa importante em sua vida, reconhecendo que exigiu muito sem retribuir. Já “M” expressa a saudade profunda e a dor após a perda de alguém querido. Em “Abigail”, uma balada pop rock com guitarras acolhedoras e sintetizadores suaves, Allison fantasia sobre um romance com a personagem do jogo de RPG ‘Stardew Valley’, “Changes” aborda a dor das mudanças inevitáveis da vida, como o envelhecimento da mãe e a transformação de um amor, enquanto “Thinking Of You” reflete sobre como ainda está presa às lembranças de um amor antigo. Canções como “Driver” e “Some Sunny Day” revelam uma atmosfera de indie rock crua, com percussão pesada e abafada, riffs robustos de guitarra e os vocais ternos de Allison. Por outro lado, enquanto “Anchor” apresenta uma sonoridade mais intensa e sombria, caracterizada por elementos eletrônicos e traços que remetem a PJ Harvey, ao evocar memórias do passado que ainda a atormentam. Ao contar com o produtor Ben H. Allen (Animal Collective, Belle and Sebastian), Evergreen se distancia do shoegaze de color theory (2020) e do experimentalismo de Sometimes, Forever (2022). O trabalho apresenta arranjos deslumbrantes que destacam as composições sensíveis de Allison, como uma homenagem às pessoas que partiram ou estão envelhecendo ao seu redor.
• Laura Marling – Patterns In Repeat
(Chrysalis/Partisan Records)
A cantora e compositora Laura Marling apresenta Patterns in Repeat, álbum escrito após o nascimento de sua filha em 2023, refletindo sobre sua experiência como mãe e explorando mais profundamente as ideias e comportamentos transmitidos através das gerações na família. Quase inteiramente acústico, sem percussão e com toques orquestrais sutis, este é o registro mais focado, sutil e preciso de sua carreira. “Child of Mine” é uma balada folk intimista e acolhedora, com violão delicado, orquestrações suaves e os vocais calorosos de Marling, que canta sobre o amor protetor de uma mãe por sua filha. “Patterns” reflete sobre o ciclo contínuo da vida e das gerações, enquanto a afetuosa “No One’s Gonna Love You Like I Can” aborda a experiência de Marling como mãe e a conexão com a filha recém-nascida. Em “The Shadows”, com violão influenciado pela música espanhola e uma atmosfera melancólica, a artista lamenta a partida de alguém importante e reflete sobre a memória ao longo das gerações. “Looking Back” (composta pelo pai de Marling na juventude) expressa uma reflexão sobre o envelhecimento e a nostalgia, enquanto “Lullaby” é uma canção de ninar dedicada à filha. Patterns In Repeat revela não apenas a intimidade metafórica de seu conteúdo, mas também uma proximidade circunstancial, já que a filha da artista frequentemente esteve presente durante as sessões de gravação.
• Katie Gavin – What A Relief
(Saddest Factory Records)
No álbum solo de estreia, What A Relief, Katie Gavin, integrante do MUNA, aborda temas como amor, família e identidade por meio de uma sonoridade folk e country. A obra reflete sua busca por intimidade e romance de forma honesta, absorvendo influências de artistas como Alanis Morissette, Fiona Apple e Ani DiFranco, com uma abordagem que ela descreve como inspirada em artistas da era Lilith Fair dos anos 90. Em “Aftertaste”, escrita no mesmo dia em que o sucesso “Silk Chiffon” do MUNA foi composto, Gavin retrata o entusiasmo e a imprudência dos novos romances. Em “As Good As It Gets”, uma colaboração com Mitski, as artistas cantam sobre reconhecer que, mesmo com as imperfeições e rotinas, quando a magia do amor se dissolve na monotonia, isso pode ser suficiente para seguirem juntas e envelhecerem lado a lado. “Casual Drug Use”, composta após um término, traz uma sonoridade rock descontraída com um toque country, abordando os altos e baixos da juventude, os desgostos amorosos e o uso casual de drogas. Já em “Sparrow”, com elementos eletrônicos que contrastam com a instrumentação acústica, Gavin canta sobre o fim de um relacionamento e a esperança de reconciliação, simbolizada pelo canto dos pardais. “Inconsolable”, uma balada acústica de bluegrass, explora as dificuldades de se abrir emocionalmente em um relacionamento. Em “The Baton”, Gavin reflete sobre a maternidade em uma carta para sua futura filha, acompanhada por sintetizadores leves, sons de violino e uma batida suave de bateria. “Sweet Abby Girl” expressa a dor pela perda de um animal de estimação, enquanto “Sanitized” revela a pressão de se submeter a padrões de perfeição dentro de um relacionamento. Mais orgânico e pessoal do que seu trabalho com o MUNA, What A Relief é uma declaração audaciosa de quem Gavin é como artista solo, revelando com confiança as complexidades do amor, da perda e da redescoberta.
• Amyl and the Sniffers – Cartoon Darkness
(Rough Trade)
Nos últimos oito anos, os australianos do Amyl and The Sniffers se consolidaram na cena pub-rock de Melbourne, equilibrando poder e diversão. Com dois álbuns aclamados – a estreia homônima (2019) e Comfort To Me (2021) – o grupo liderado por Amy Taylor alcançou um crescimento significativo. Agora, com seu terceiro álbum, Cartoon Darkness, gravado no icônico 606 Studios do Foo Fighters em Los Angeles, sob a produção de (Nick Cave and the Bad Seeds, Yeah Yeah Yeahs), a banda apresenta seu trabalho mais diversificado até então, combinando punk clássico (“Jerkin'”), glam rock (“U Should Not Be Doing That”) e baladas intensas (“Big Dreams”). O álbum aborda temas como a crise climática, guerra, inteligência artificial, questões políticas delicadas e o papel passivo das pessoas nas redes sociais, que alimentam o “monstro” das Big Techs. A obra reflete sobre uma geração que aparenta maturidade, mas vive presa a distrações que não trazem prazer verdadeiro, apenas entorpecimento. Apesar da dureza e do caos ao redor, Amy expressa um desejo de celebrar a beleza da vida, se desconectar da tecnologia, observar pessoas e encontrar prazer no escapismo e no hedonismo. Cartoon Darkness avança em direção a um futuro sombrio e incerto, mas com um tom leve e irônico: um “desenho animado” distópico, onde o caos é tratado com humor.
• Two Shell – Two Shell
(Young)
O álbum de estreia autointitulado do enigmático duo Two Shell mistura a urgência de hits e baladas da música eletrônica com a euforia do reggaeton e do pop, criando uma identidade mais ampla chamada “Big Boombastic Spirit”. “Everybody Worldwide” oferece uma visão radiante da música futurista, com um groove animado e uma batida intensa, resultando em uma atmosfera alegre e um motivo vocal rítmico. Já “₊˚⊹gimmi it” incorpora elementos do punk enquanto desafia os limites do vocal hyperpop. “be somebody” apresenta uma sonoridade future bass e versos robóticos que anseiam pelo sucesso, enquanto “[rock✧solid]” traz influências do hip hop, com rimas ágeis em uma voz distorcida. Embora suas letras sejam muitas vezes ofuscadas pela produção intensa, revelam um desejo de conexão e a luta dos homens para lidar com sentimentos (“Stars..”). O álbum combina tendências da música dance com vocais que oscilam entre sussurros e gritos, e seu som evolui por diferentes estilos, criando uma jornada emocional que muitas vezes não pode ser expressa em palavras – como sugerem os títulos das faixas. Com 13 canções, o álbum promete incendiar tanto o mundo quanto a cena digital em que Two Shell está inserido, apresentando uma poderosa declaração da música eletrônica contemporânea e criativa, ampliando os limites do que é imaginável.
• Fashion Club – A Love You Cannot Shake
(Felte Records)
A Love You Cannot Shake é o segundo álbum do Fashion Club, projeto da musicista Pascal Stevenson. Com uma sonoridade rica e expansiva, o disco explora sintetizadores, cordas e guitarras que se desenvolvem em intensos crescendos, ilustrando a transição de gênero de Stevenson e sua jornada de sobriedade, refletindo emoções fluidas e experiências pessoais. Com uma paleta sonora diversa, o álbum combina influências de pop, música clássica, industrial (“Faith”), rock e eletrônica (“One Day”). Cada faixa funciona como um diário que aborda temas universais, como a busca por autoestima em uma sociedade capitalista (“Confusion”), o ciclo de autodescoberta (“Forget”, com Perfume Genius) e o desejo de compensar o “tempo perdido” (“Ghost”, com Jay Som). Também aborda as pessoas que disfarçam seus preconceitos sob a ilusão de apoio (“Rotten Mind”, com Julie Byrne). Embora as músicas comecem em um ponto de desconforto, geralmente terminam com uma perspectiva mais otimista e paciente. Stevenson revela que este é o álbum que sempre quis fazer, mas que só agora teve a coragem e o vocabulário musical para concretizá-lo. A Love You Cannot Shake é um convite para abraçar a autenticidade e avançar em direção ao desconhecido, deixando para trás amarguras e acolhendo a esperança, mesmo em meio ao caos mental e existencial.
• Alice Longyu Gao – Assembling Symbols Into My Own Poetry
(ÁŁÏÇE THE LABEL)
Assembling Symbols Into My Own Poetry é o terceiro e último mini-álbum de uma trilogia – sucessor de Let’s Hope Heteros Fail, Learn, and Retire e High Dragon and Universe – de Alice Longyu Gao. O registro destaca-se pelo uso de instrumentação ao vivo e fortes influências de rock. Canções como “Clingy” e “Bird W/O Nest” (com participação de Danny Brown) são baladas intensas, enriquecidas por guitarras envolventes e baterias potentes. Mesmo as faixas mais caóticas e voltadas para o estilo club, como “Lesbians ♡” e “♡ Korean Girls”(com Mega Mongoliad), apresentam uma sonoridade mais ampla e tridimensional. Em Assembling Symbols Into My Own Poetry, Longyu Gao canaliza sentimentos intensos e reflexões pessoais – como imagem corporal, saúde mental, imigração e dificuldades em relacionamentos – em um poderoso fluxo de força e autodescoberta.