9 discos para ouvir hoje: Okay Kaya, Rex Orange County, Hinds, Masayoshi Fujita e mais

Okay Kaya / Instagram

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Okay Kaya, Toro y Moi, Rex Orange County, Hinds, Sarah Kinsley, Fred again.., Masayoshi Fujita, The Chases e The The.

Okay KayaOh My God – That’s So Me
(Okay Kaya)

A cantora, compositora, produtora e atriz norueguesa Kaya Wilkins (a.k.a. Okay Kaya) demonstra uma habilidade única de conectar a beleza com a banalidade do dia a dia em suas composições. No álbum Oh My God – That’s So Me, ela aprofunda a abordagem introspectiva já vista em SAP (2022), liderando grande parte da composição e produção sozinha, muitas vezes em isolamento após se mudar para uma ilha no ano passado. Influenciada pelo poder afetivo da solitude, ela consegue capturar expectativas, sentimentos, medos existenciais e realidades pouco glamourosas em músicas delicadas e poderosas, com uma sonoridade que flerta com o pop, o rock, o folk, o neo soul e o disco de maneira natural. “The Wannabe” expressa um desejo profundo de reconexão consigo mesma e com as sensações físicas. “Undulation Days” é uma balada meditativa com notas simples de piano e a doce voz de Wilkins, refletindo sobre fertilidade, desejos e a complexidade da vida. “Check Your Face” brinca com suas ansiedades com uma energia nervosa e o desejo de se reconectar com estabilidade e paz interior. Já “And I Have a Blessed Life” explora a discrepância entre a aparência de uma vida abençoada e sentimentos de desilusão, enquanto “Spacegirl (Shirley’s)” descreve a desobediência às advertências maternas e descobertas pessoais que surgem dessa ousadia. Na faixa final, “The Art of Poetry”, ela tem um momento de reconhecimento profundo e reconfortante, sintetizado pela frase repetida que dá nome ao trabalho: “oh meu Deus – isso é tão eu”.

Toro y MoiHole Erth
(Dead Oceans)

Hole Erth, o oitavo álbum de estúdio de Chaz Bear (a.k.a. Toro y Moi), é seu movimento mais ousado até o momento, ao experimentar rap rock, soundcloud rap e emo dos anos 2000. O álbum mistura pop punk com rap melancólico autotunado e traz uma série de participações especiais em um disco do artista. Embora a nostalgia esteja presente em quase todos os seus lançamentos, neste registro Bear explora a angústia de maneira inédita. Faixas como “Tuesday” capturam uma sensação adolescente de inquietação num pop punk com traços de grunge e rap introspectivo, enquanto “HOV” combina esse sentimento – de influenciar e criar mudanças significativas – com humor e “CD-R” reproduz os desafios e as experiências de uma banda em turnê. Bear se mantém atualizado com a mistura de gêneros, continuando a evoluir e experimentar, desafiando e ao mesmo tempo resgatando sua própria identidade musical ao fundir diferentes sons e momentos que o influenciaram. O álbum conta com uma variedade de colaborações, incluindo Benjamin Gibbard na faixa “Hollywood”, Kevin Abstract e Lev em “Heaven”, Duckwrth e Elijah Kessler em “Reseda”, glaive em “Starlink”, Don Toliver e Porches em “Undercurrent”, e outra participação de Toliver em “Madonna”.

Rex Orange CountyThe Alexander Technique
(RCA Records)

O músico britânico Alex O’Connor (a.k.a. Rex Orange County) lança o álbum The Alexander Technique, produzido por ele mesmo em colaboração com Teo Halm e Jim Reed, com a participação de James Blake na faixa “Look Me In The Eyes”. Nomeado em referência a uma prática terapêutica para tratar dores nas costas e problemas mais profundos, o álbum reflete essa ideia com uma abordagem mais crua e confessional (“Alexander”). Combinando R&B e indie folk com sua característica orquestração, The Alexander Technique marca o início de uma nova fase em sua carreira, onde ele expõe suas experiências pessoais de forma honesta, como um diário musical (“Therapy”, “Guitar Song”). Mais longo e variado do que qualquer projeto anterior, o registro captura o crescimento de O’Connor em tempo real, abrangendo não só canções de amor, mas também reflexões sobre a vida como um todo (“The Table”) com um olhar nostálgico (“2008”).

HindsVIVA HINDS
(Lucky Number)

A banda de indie rock espanhola Hinds, formada por Carlotta Cosials e Ana Perrote, superou uma série de adversidades para lançar seu quarto álbum de estúdio. Após o lançamento de The Prettiest Curse em 2020, o grupo enfrentou cancelamento de turnês durante a pandemia, a perda da gravadora e a saída da baixista Ade Martin e da baterista Amber Grimbergen. Mesmo assim, VIVA HINDS mantém a exuberância característica do grupo: “En Forma” – a primeira canção inteiramente em espanhol – traz batidas pulsantes, guitarras distorcidas e vocais acelerados em um refrão poderoso que expressa as sensações de um ataque de pânico. “On My Own” imprime a energia espontânea e irresistível dos primeiros lançamentos da banda, “Superstar” é um rock robusto que começa suave e delicado antes de explodir em um grito de guerra, enquanto “The Bed, The Room, The Rain and You” carrega texturas que vão do dream pop mais onírico ao shoegaze mais nebuloso, numa busca constante pela presença de alguém especial. “Stranger”, com vocais de Grian Chatten (do Fontaines D.C.), e “Boom Boom Back”, que conta com a participação de Beck, também são destaques na obra. Se, após uma série de contratempos, o futuro da banda parecia incerto, VIVA HINDS é um recomeço e um novo capítulo empolgante para as garotas.

Sarah KinsleyEscaper
(Verve Forecast/Decca)

A cantora e compositora Sarah Kinsley lança seu primeiro álbum, Escaper, combinando sua formação musical clássica com seu amor pelo pop contemporâneo. No registro, a artista cria uma trilha sonora para mundos imaginários como forma de lidar com temas como morte, perda, amizades desfeitas e o amor. A obra reflete seu crescimento pessoal e artístico, com músicas marcadas por melodias dramáticas e coros grandiosos evocando trabalhos de Kate Bush e Tori Amos. “Realms” é um pop cinematográfico com instrumentação elevada e versos em que explora temas de amor e conexão em diferentes realidades; “There Was A Room” é uma balada grandiosa com influências dos anos 80, expressando um profundo desejo e obsessão por alguém; “Last Time We Never Meet Again” começa com camadas de cordas clássicas que se desdobram em um padrão rítmico pop poderoso, refletindo o fim de um relacionamento e o processo de deixar o passado para trás; “Beautiful Things” é uma delicada balada ao piano sobre a perda e a beleza persistente do mundo, enquanto a faixa-título que encerra o álbum reflete sobre a superação do luto. Para a produção, Kinsley colaborou com John Congleton (St. Vincent, Sharon Van Etten), conhecido por seu som voltado para o indie, e juntos criaram arranjos de pop alternativo, com Kinsley tocando diversos instrumentos, incluindo piano, guitarra, sintetizador, violino e até um ondas martenot (instrumento musical eletrônico com teclado).

Fred again..ten days
(Warner Music UK)

O produtor britânico de música eletrônica Fred Gibson (a.k.a. Fred again..) retorna com o álbum ten days, seu primeiro trabalho solo após a série Actual Life. O registro conta com 10 faixas e 10 interlúdios, cada uma capturando momentos significativos do último ano de sua vida, misturando techno ambiente, pop house, samples melódicos assertivos, vocais delicados e batidas intensas. O artista conta com a colaboração de vários músicos para enriquecer sua euforia introspectiva: Sampha traz suavidade à sonhadora “fear less”, cantando sobre como a presença de alguém ao seu lado reduz o medo e a insegurança; o vocal efetivo do nigeriano Obongjayar e sons de marimbas brilham em “adore u”; Emmylou Harris oferece vocais folk na suave “where will i be”; The Japanese House contribui com a faixa “backseat”, que traz o sample de sua “Sunshine Baby”; SOAK descreve a sensação de se apaixonar na emotiva e pulsante “just stand there”; os produtores Joy Anonymous, Four Tet e Skrillex colaboram na vibrante e dançante “glow”; enquanto Anderson .Paak, com seu balanço soul, une-se à rapper CHIKA na animada “places to be”. ten days é um trabalho descontraído em que Gibson compartilha momentos íntimos de sua vida, refletindo suas altas e baixas temporadas de sua própria maneira.

Masayoshi FujitaMigratory
(Erased Tapes Records)

O vibrafonista e marimbista japonês Masayoshi Fujita retorna com o álbum Migratory, inspirado por sua mudança de volta ao Japão antes da pandemia, onde agora reside na costa norte de Hyōgo com sua família. O registro, gravado na vila montanhosa de Kami-cho, apresenta onze faixas novas que exploram a simplicidade e a sutileza dos sons através de experimentações eletrônicas e ambientes (“Tower of Cloud”, “Desonata”). A lista em constante evolução de colaboradores de Fujita inclui vocais de Moor Mother em “Our Mother’s Lights”, Hatis Noit em “Higurashi” e o músico sueco Mattias Hållsten tocando shō – um instrumento de sopro tradicional japonês – em três faixas. A natureza sempre foi uma fonte de inspiração para Fujita, e em Migratory ela ocupa o centro das atenções reflete sobre a interconexão de todas as coisas e seres no universo. O material apresenta gravações de campo pacíficas e reflexivas, mas, mais importante, Fujita destaca que “a natureza está lá como uma imagem a ser evocada pelo ouvinte através da música”.

The ChasesRED ON TV
(The Chases)

The Chases, formado pelos irmãos Sophia e Ethan Chase, traz uma sonoridade que transita entre o acústico alternativo e o indie pop. Em seu EP de estreia com canções inéditas, a dupla explora sentimentos de frustração e desilusão nos relacionamentos (“Inverse”, “Sweet Conviction”), a experiência de encarar a vida e a morte com um senso de inevitabilidade e resignação (“Blue Jean Jacket”), reflexões sobre como o destino parece seguir um ciclo repetitivo (“Angelina”) e reencontros inesperados com alguém do passado (“Brakelights”). Tudo isso é embalado por melodias serenas e cativantes construídas com acordes delicados de piano, guitarras tranquilas e os vocais afetuosos de Sophia. RED ON TV encontra uma conexão profunda com o ouvinte através da emoção presente nas melodias e da vulnerabilidade das composições.

The TheEnsoulment
(Cineola/earMUSIC)

O álbum Ensoulment é o primeiro da banda The The com músicas inéditas em quase 25 anos. Gravado principalmente durante o lockdown, o trabalho reflete a tensão e a incerteza da época. Com um tom sombrio e teatral, o registro combina solos de guitarra potentes, baixos vibrantes, teclados ameaçadores, orquestrações majestosas e vocais vulneráveis e ásperos de Matt Johnson em uma jornada sonora cinematográfica e dramática. O disco traz elementos de post-punk e art-folk, enriquecidos com toques jazzísticos e blues, para explorar temas como amor e sexo (“I Want To Wake Up With You”), guerra e política (“Cognitive Dissident”, “Kissing The Ring Of POTUS”), vida e morte (“Life After Life”, “Where Do We Go When We Die?”), além de reflexões sobre o que significa ser humano no século XXI – como a busca por conexões amorosas em meio à solidão com referências aos aplicativos de relacionamento (“Zen & The Art of Dating”). Mesmo em momentos de adversidade, Ensoulment sugere que ainda existem razões para ter esperança e acreditar.