7 discos para ouvir hoje: Mitski, Animal Collective, yeule, Cate Le Bon e mais

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Mitski, Animal Collective, Cate Le Bon, Bastille, Los Bitchos, Saba e yeule.

MitskiLaurel Hell
(Dead Oceans)

Trabalhando com o colaborador de longa data Patrick Hyland, Mitski permite que seus arranjos e texturas pop vaguem por novos rumos e mirem clássicos dos anos 80 para clarificar turbulências pessoais. As canções levam temas como depressão, noites de insônia (“Heat Lightning”), perda de criatividade (“Working for the Knife”), dependência e separação para uma pista de dança com melodias synthpop polidas e exultantes (“The Only Heartbreaker” e “Love Me More” com uma substância de “Maniac” de Michael Sembello) em Laurel Hell. Até mesmo ao deparar-se com assuntos delicados como infidelidade (“Should’ve Been Me” com ares de “Maneater” do Daryl Hall & John Oates e teclados à la ABBA), a artista busca conforto num pop de melodias resplandecentes e ressignifica um trabalho muitas vezes sombrio (“That’s Our Lamp”). É um material fora da curva no repertório de Mitski, mas potente como seus antecessores.

Animal CollectiveTime Skiffs
(Domino)

O primeiro álbum do Animal Collective em seis anos é uma audição encantadora e vibrante. Após quase uma década de experimentalismo, o quarteto soa à vontade e seguro no mundinho avant-pop psicodélico e ambiente característico como uma boa conversa entre velhos amigos. Com um trabalho extremamente acessível e arejado, as explorações da banda são claramente imaginadas no rock alucinógeno com colagens de estilos (“Strung with Everything” e “Cherokee”) num repertório que mira a conexão em meio à destruição, existencialismo (na cativante “We Go Back”) e consagração (“Walker”, uma ode ao saudoso Scott Walker, e “Prester John”, referência ao mítico rei cristão oriental).

Cate Le BonPompeii
(Mexican Summer)

No sexto disco de estúdio, a artista galesa Cate Le Bon flerta com estruturas irracionais do avant pop, instrumentações dissonantes (“Remembering Me”), melodias estranhas e falsetes inesperados. Transforma o período de isolamento, sensação de claustrofobia (“Pompeii”) e o reconhecimento de nossa existência (“Wheel”) em pura arte. São sintetizadores, saxofones, clarinetes, guitarras e camadas instrumentais complexas que moldam um ambiente tétrico, inquietante e sedutor. Pompeii perscruta fraquezas com a ousadia do art pop ao new wave (“Moderation”) e influências de trabalhos de David Bowie (“Running Away”) e Kate Bush como escapismo. “Um diário neurótico que questiona noções de legado e sentimentalismo distorcido”, como a própria define.

BastilleGive Me The Future
(EMI / Virgin Records)

Give Me The Future é um álbum extremamente ambicioso. Uma homenagem aos tempos da tecnologia e um vislumbre do que poderia estar por vir. Abordando tópicos como viver em tempos que podem parecer ficção (“No Bad Days”), namoros online (“Stay Awake”), fugas do cotidiano (“Thelma + Louise”) e possibilidades infinitas (“Distorted Light Beam”). O Bastille mergulha de cabeça no universo eletropop e no conceito – com direito a um poema de Riz Ahmed em “Promises” – na sonoridade impulsiva dos anos dos 80. Sintetizadores orquestrados, gospel futurista, sons de naves espaciais e beats imponentes junto à uma game da influências – de Phil Collins e The Police (na faixa-título), Paul Simon (“Shut Off The Lights”) e Daft Punk – são colocadas na bagagem da banda desta jornada tecnológica.

Los BitchosLet the Festivities Begin!
(Drag City)

Com integrantes do Uruguai, Austrália, Suécia e Reino Unido, o quarteto instrumental feminino Los Bitchos exagera na exploração das raízes internacionais para desconstruir as tradições do psych e surf rock. Let the Festivities Begin!, o disco de estreia do grupo, é produzido por Alex Kapranos, líder do Franz Ferdinand, que leva as garotas a experimentar uma combinação de ritmos afrobeat, latinos (“Pista (Fresh Start)”) e orientais (com elementos da música turca) para dar início as festividades e uma carreira promissora.

SabaFew Good Things
(Pivot Gang)

Few Good Things, o terceiro disco do rapper e produtor Tahj Malik Chandler (a.k.a. Saba) – parte do coletivo Pivot Gang -, é fabuloso ao sondar elementos neo-soul (“Make Believe” com Fousheé), funk com grooves eufóricos (“Fearmonger” com Daoud) e vários subgêneros do hip hop para expandir o olhar transparente e maduro das composições. Como um contador de histórias no auge de sua maestria, o artista traz experiências de vida – da pobreza ao sucesso (“One Way or Every N**** With A Budget”) e perdas e vitórias – com um olhar nostálgico (“2012” com Day Wave) e auspicioso. Contemplado por produções que hora lembram OutKast (“a Simpler Time” com Mereba) e outras Kendrick Lamar (“Survivor’s Guilt” com G. Herbo), o rapper encontra um equilíbrio com suas origens (como canta na faixa-título) e sentimentos.

yeuleGlitch Princess
(Bayonet Records)

O segundo disco de yeule soa como uma fantasia aterradora em um mundo tecnológico errante que traz nomes como SOPHIE, Björk e Grimes à mente. Suas melodias são como mensagens de erro e códigos de computador espatifados confortados em loops irregulares, sons experimentais de shoegaze e sussurros etéreos que constroem um submundo para situar os ouvintes no sonho pop febril e transcender ao mundo pós-humano de Glitch Princess. O disco conta com a colaboração do fundador do PC Music, Danny L Harle (Charli XCX, Caroline Polachek), que anexa a marca eletrônica atrativa nas produções com uma sensibilidade precisa para exorcizar a alma cyber pop de yeule.