9 discos para ouvir hoje: Wet Leg, Jack White, BANKS, Syd, The Linda Lindas e mais

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Wet Leg, Syd, BANKS, Father John Misty, The Linda Lindas, Jack White, Daniel Rossen, Kae Tempest e Vince Staples.

Wet LegWet Leg
(Domino)

Vindo da Ilha de Wight, a dupla britânica Wet Leg apareceu do nada em junho de 2021 com seu single de estreia, “Chaise Longue”, e citações de ‘Meninas Malvadas’. Desde o início da banda, o foco das melhores amigas Rhian Teasdale e Hester Chambers era criar algo divertido com uma fórmula indie, refrões pegajosos, humor irônico, vocais estridentes e guitarras pop punk escaldantes. Como uma versão repagina das riot girls dos anos 90, o duo dissemina a ideia de se divertir diante do desgosto com a vida comum. Há tédio de viver numa cidade pacata (“Ur Mum”), angústia social (“Angelica”, “I Don’t Wanna Go Out”), crises existenciais (“Too Late Now”), romances frustrados (“Wet Dream”, “Loving You”), sonhos sexuais (“Chaise Longue”), nostalgia e um surrealismo hilário. Transformando o tédio em arte, Wet Leg é música triste para festa e música de festa para pessoas tristes.

SydBroken Hearts Club
(Sony Music)

O segundo disco de estúdio de Syd, integrante do grupo alt-R&B The Internet, foi inicialmente considerado como uma coleção de canções de amor até que o projeto tomou uma nova direção quando uma desilusão atingiu a cantora. Broken Hearts Club é um rito de passagem que narra um relacionamento romântico desde o início repleto de desconfianças (“CYBAH”), passando por momentos de extrema satisfação (“Right Track”, “Fast Car”) ao rompimento doloroso até a superação (“Missing Out”). Com elementos sofisticados e modernos do pop e R&B, a artista lida com a jornada pessoal e romântica a seu favor num trabalho sensível e vulnerável. Vale destacar as participações especiais de Lucky Daye, Smino e Kehlani no projeto.

BANKSSerpentina
(AWAL)

Antes que o mundo fosse forçado a lidar com a pandemia, BANKS lutava contra a própria dor física – ela fraturou a coluna e foi diagnosticada com a doença de Hashimoto, um distúrbio autoimune – e uma separação. Serpetina é um álbum sobre recomeços, encerrar antigos capítulos e buscar novos desafios. Durante o isolamento, a artista aprendeu a utilizar o software de produção Ableton, assumiu as rédeas como produtora do registro e a ida para o selo AWAL deu-lhe mais independência artística. O registro não é uma reinvenção para o alt-pop R&B da artista (“Skinnydipped”), mas soa mais audaz que os anteriores. Seja no pop sombrio e empoderado de “The Devil”, no trap pop sedutor de “Fuck Love”, na eufórica e intensa “Holding Back” e baladas habituais (“I Still Love You”, “Birds By the Sea”), BANKS encontrou autenticidade no próprio som.

Father John MistyChloë and the Next 20th Century
(Sub Pop)

O músico Josh Tillman (a.k.a. Father John Misty) regressa, quatro anos após o lançamento de God’s Favorite Customer, com uma banda sonora cinematográfica numa ode ao passado que ecoa a antiga Hollywood e o romantismo dos filmes noir. Explorando terrenos do jazz, folk e bossa nova (“Olvidado (Otro Momento)”) com orquestrações colossais, as composições soam diretamente de um disco antigo dos anos 1940 (“Funny Girl”), trazendo uma atmosfera teatral para os contos inquietantes (“The Next 20th Century”) e macabros (“Q4”, “Goodbye Mr. Blue”) sobre diversos estágios do amor.

The Linda LindasGrowing Up
(Epitaph Records)

Produto de gerações da música underground de Los Angeles e além, a estreia do The Linda Lindas – em que a integrante mais velha tem 17 anos – canaliza elementos do punk clássico, pós-punk, power pop, new wave e outras surpresas em músicas atemporais e animadas cantadas por todas as quatro integrantes – cada uma com seu próprio estilo e atuação. Produzido por Carlos de la Garza (Paramore, Best Coast), Growing Up carrega a ferocidade das riot grrrl dos anos 90 (“Oh!”) e cantigas punk (“Talking To Myself”) no som agressivo repleto de atitude e angústias juvenis (“Why”).

Jack WhiteFear Of The Dawn
(Third Man Records)

Jack White lança o álbum Fear Of The Dawn, que será seguido por Entering Heaven Alive em julho, percorrendo a trajetória de estilos e sons pelos quais é conhecido. A energia explosiva de White, que gravou sozinho vocais e todos os instrumentos, está disseminada por todo o repertório do disco, desde o single principal “Taking Me Back” dando o ritmo para este trabalho frenético e infinitos sons possíveis, e traçado na veia experimental do projeto. Seja nos elementos de dub (“Esophobia”), rap (“Hi-De-Ho” com Q-Tip e um sampe de Cab Calloway), industrial (“The White Raven”), jazzy (“Into the Twilight”), blues (“That Was Then, This is Now”) e R&B groove (na balada “Shedding My Velvet”), o material é uma colagem de sons que resulta numa bagunça magnífica.

Daniel RossenYou Belong There
(Warp Records)

Daniel Rossen, um dos integrantes da banda Grizzly Bear, aventura-se em carreira solo no disco de estreia You Belong There. Com 10 faixas no repertório, o trabalho explora o “território inexplorado da idade adulta” que segue a inquietação da juventude e extrai alguma forma de conforto e sabedoria deste estado (“Shadow in the Frame”). Sem a necessidade de mediar com as ideias de outros membros da banda – mas que funciona como uma extensão do projeto e as recentes parcerias com o Fleet Foxes (em Shore) no som art rock folk chamber -, a musicalidade exuberante de Rossen, sempre exemplar e reconhecível nos padrões de guitarra acústica, progride na paleta sonora orquestral e cinematográfica de ricos arranjos e harmonias vocais.

Kae TempestThe Line Is A Curve
(Republic Records)

The Line Is A Curve, o quarto registro de Kae Tempest, é sobre deixar ir. O cerne do registro é que as pressões que enfrentamos nem sempre precisam ser um fardo pesado, mas podem ser reformuladas. O álbum toca como uma crônica de pressões – da vergonha à desilusão, amor (“Don’t You Ever”), ligação familiar (“Smoking”), ansiedade e crescimento (“Priority Boredom”) de forma frágil e bela – borbulhando sentimentos nas palavras proféticas com a nova influência eletrônica de Tempest. À medida que avança por essas narrativas, porém, o clima se ilumina. Destaque para as participações de Lianne La Havas (“No Prizes”), Kevin Abstract (“More Pressure”), Grian Chatten do Fontaines D.C. (“I Saw Light”)

Vince StaplesRAMONA PARK BROKE MY HEART
(Blacksmith Recordings / Motown Records)

Há menos de um ano, Vince Staples soltou o álbum autointitulado. Antes do lançamento do disco, o rapper disse que era o primeiro de dois que planejava apresentar em 2021. Com um pequeno atraso, RAMONA PARK BROKE MY HEART chega e mostra-se como o tributo de Staples ao bairro de Long Beach onde cresceu. É uma visão multifacetada de onde o artista passou anos de formação criando a visão de mundo e moldando-se como pessoa junto a temas como vida nas ruas (“ROSE STREET”), amor, família e sucesso (“EAST POINT PRAYER”). Como o último registro, ele o encontra olhando para si e processando alguns dos traumas (“MAGIC”) que vieram com sua educação. É o artista em sua zona suave, fazendo rap sobre instrumentais melancólicos na companhia de nomes como Mustard, Lil Baby e Ty Dolla $ign, com produção adicional de Kenny Beats, Cardo, DJ Dahi e mais.