Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Björk, Yeah Yeah Yeahs, Shygirl, The Big Pink, Melody’s Echo Chamber, Kid Cudi, Perera Elsewhere, Lovi Did This e The Rangers.
• Björk – Fossora
(One Little Independent)
Björk retorna com o décimo álbum de estúdio. Um trabalho espirituoso, concebido durante a pandemia, que explora temas como conexões humanas, traumas, sobrevivência, matriarcado, morte e meditação ecológica no contexto de um mundo subterrâneo de cogumelos. A islandesa revela uma obra surpreendentemente complexa e sensível para curar cicatrizes ao comparar as interações entre humanos com as redes pelas quais os fungos se comunicam abaixo da terra (“Atopos”). A perda da mãe (“Sorrowful Soil” e “Ancestress”), instigações amorosas (“Ovule”) e feminilidade (“Victimhood”) ganham vida num processo (des)controlado de cantos, clarinetes, experimentos orquestrais e batidas gabber (“Trölla-Gabba”). O disco conta com contribuições dos filhos da artista (Sindri Eldon e Ísadóra Bjarkardóttir Barney), o indonésio Kasimyn (do Gabber Modus Operandi), o sexteto de clarinete Murmuri, o Coro Hamrahlid, o cantor serpentwithfeet (“Fungal City”) e a cantora Emilie Nicolas (“Allow”). Em Fossora, Björk entrega-se de corpo e alma para destrinchar um universo mágico e doloroso particular criado à sete palmos abaixo da terra.
• Yeah Yeah Yeahs – Cool It Down
(Secretly Canadian)
Após nove anos do álbum Mosquito, o Yeah Yeah Yeah retorna com Cool It Down e apenas oito faixas no repertório. Mesmo com um pouco mais de meia hora de duração, cada momento do registro carrega uma mensagem clara na sonoridade confiante e cirúrgica da banda. Temas como a crise climática e a desolação que as futuras gerações herdarão (“Spitting off the Edge of the World” com Perfume Genius), a busca por uma salvação num terreno desordenado (“Wolf”), as ansiedades do mundo moderno (“Fleez” com sua atmosfera à la Blondie), os incêndios a pairar sobre a cidade de Los Angeles (“Burning”) e o poema inspirado no filho de Karen O com o baterista Brian Chase (“Mars”) representam o material. Com momentos estridentes projetados para as pistas nas guitarras de Nick Zinner, arranjos eletrônicos nostálgicos em sintetizadores e um toque moderno e acessível de garage punk, o trio fabrica uma trilha sonora de alerta a ser ouvida atentamente para um possível e irreversível caos a ser instaurado no mundo (“Different Today”).
• Shygirl – Nymph
(Because Music)
Blane Muise (a.k.a Shygirl) é uma artista multidisciplinar da cena club do leste de Londres. Depois de lançar o projeto BLU e o EP ALIAS, ela apresenta o aguardado disco de estreia intitulado Nymph. As faixas foram criadas com os melhores amigos, incluindo Arca, Mura Masa e Sega Bodega, junto com produtores como Noah Goldstein, Danny L Harle e BloodPop. O resultado é uma coleção inovadora e diversificada em sons distorcidos e hipnóticos com uma levada mirabolante de dance, garage, hyperpop, trap, house e hip hop. Muise dá voz para a mítica criatura da floresta (“Firefly”) que origina o nome do álbum e explora em versos atrevidos e honestos ideias de comunidade, escapismo, sexualidade (na ode queer “Coochie (a bedtime story)”), vulnerabilidade (“Missin U”), amor e desejos (“Nike”).
• The Big Pink – The Love That’s Ours
(Project Melody Music)
Após uma década, a banda de indie rock The Big Pink está de volta com o álbum sucessor de Future This. Para o projeto, o vocalista/guitarrista Robbie Furze junta-se à veterana colega de banda Akiko Matsuura na bateria e a baixista Charlie Barker. Com melodias sonhadoras em arranjos exuberantes e letras do senso de identidade que vieram de uma década de vivências (“No Angels”), frustrações (“Rage”) e questionamentos durante o hiato, a banda vem com um propósito remendado que resulta no material atual. A combinação de guitarras e elementos eletrônicos, grandes batidas e ruídos se desenvolvem com o tato aprimorado do produtor Tony Hoffer (Beck, Phoenix). The Love That’s Ours apresenta uma variedade de colaboradores convidados, incluindo: Jamie T, Ed Harcourt, Jamie Hince do The Kills, Nick Zinner do Yeah Yeah Yeahs, entre outros
• Melody’s Echo Chamber – Unfold
(Domino)
Depois de lançar o álbum Emotional Eternal no início do ano, a cantora francesa Melody Prochet (a.k.a. Melody’s Echo Chamber) desenterra um álbum coproduzido com (o ex-namorado) Kevin Parker, do Tame Impala, para acompanhar a edição comemorativa de 10 anos do registro de estreia autointitulado. Unfold, o álbum, e as setes faixas “perdidas” demonstram uma ostentação de criação justa cortada em um momento inoportuno e preservada em letras que capturam ambivalência emocional (“Unfold”) e sonoridade experimental (“The Cure”) de guitarras psicodélicas, sintetizadores cósmicos, mudanças de ritmos e vocais frágeis de Prochet.
• Kid Cudi – Entergalactic
(Republic Records)
Kid Cudi lança Entergalactic, trabalho que pode ser considerado como um álbum visual já que funciona como trilha sonora da animação de mesmo nome lançada na Netflix. Para o filme, uma comédia romântica em que dois artistas jovens e ambiciosos encontram o amor na cidade de Nova Iorque, o artista abrange 15 canções enredadas a partir da perspectiva do personagem Jabari (dublado pelo próprio músico). Ty Dolla $ign aparece em “Willing to Trust”, seguido por 2 Chainz em “Can’t Wait”. Ty Dolla faz uma segunda contribuição em “Can’t Shake Her”, enquanto Don Toliver ajuda a completar o álbum com uma participação especial em “Somewhere to Fly”. No single bônus final de Entergalactic, Toliver, Steve Aoki e Dot Da Genius reúnem-se para “Burrow”. Entergalactic é mais do que apenas um veículo promocional do álbum de Kid Cudi. É uma comédia romântica envolvente com uma animação sensacional e com planos para uma segunda edição com diferentes artistas envolvidos.
• Perera Elsewhere – Home
(Friends of Friends)
O primeiro álbum da cantora, compositora e produtora Sasha Perera (a.k.a. Perera Elsewhere) em cinco anos é uma exploração do que o lar significa para uma artista em constante transformação. Inspirado pelas muitas coisas que aconteceram entre 2019-2022 – por conta da pandemia-, Home é uma justaposição da ideia da artista em manter demônios internos e inimigos sob controle (“Hold Tite”, “Translate Optimiser”), reflexões sobre sair/chegar/ficar em casa, instabilidade dos tempos (“Travel Lite”) e criar um espaço criativo e seguro (“Who I Am”, “Heatwave”). É um amadurecimento musical, na análise da experiência humana e busca da própria liberdade, que combina vocais experimentais com uma sonoridade moderna arquitetada no pop, trip hop, dub, cyberpunk, tribal, doom folk e ambiente. Para alguns, a casa é um lugar que você sai, para outros um lugar onde você chega; Perera Elsewhere captura essa simplicidade complexa, como uma parte muito natural de sua jornada musical.
• Lovi Did This – Monsters
(circusonmarsproductions)
Monsters, álbum de estreia da artista sueca Lovi Did This, contém partes iguais de beleza e escuridão. Suas letras são inspiradas por respostas à ameaças e como isso afeta os humanos, mesmo quando nenhum perigo real eminente exista. Há uma sensação cinematográfica atemporal, como se as composições fossem projetadas em obras de David Lynch (“The Fish Song”) ou Tarantino (“Godzilla”), nas guitarras reverberadas, sintetizadores nebulosos, coros dos anos 50, clarinetes, banjo e marxophone. A produção da artista e compositora de trilhas sonoras Katharina Nuttall (Ane Brun) cromatiza um quadro impecável para a vulnerabilidade vocal da artista que tem como referências nomes como PJ Harvey, Regina Spektor e David Bowie para definir o seu som e composição.
• The Rangers – Your Own Time
(The Rangers)
The Rangers é uma banda independente de indie garage rock do Canadá, liderada pelo vocalista e compositor Scott Sheppard, que apresenta o disco de estreia Your Own Time. Os estilos musicais variam de canções de amor fantasmagóricas e isolamento em geral (“Your Own Time” é sobre um término em plena pandemia). São baladas envolvidas por uma atmosfera lo-fi vintage nostálgica (nos flertes com o doo wop de “How Did We Get Here?” e clássicos românticos do anos 1950 em “Sink Or Swim”) e números extremamente extasiados (“White Glow”) para retratar um passado imaginário, resgatando nomes tradicionais como Roy Orbison e The Everly Brothers, com uma sonoridade atual despretensiosa e cativante.