Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: M.I.A., Tove Lo, The Big Moon, Mykki Blanco, The 1975, Plains, Zella Day, Wild Pink e Florence and the Machine.
• M.I.A. – MATA
(Island Records)
Após seis anos do álbum AIM, a polêmica rapper M.I.A. lança MATA, sua obra mais reflexiva até agora e que, infelizmente, será ofuscada por uma série de tweets esdrúxulos nos quais ela fez ligações entre as vacinas de Covid e o teórico da conspiração de extrema-direita Alex Jones. Olhando os altos e baixos da carreira, com uma atitude que sugere que nenhum amor está perdido para aqueles que criticaram seus pontos de vista, o trabalho é marcado por aspectos políticos, a conversão da artista para o cristianismo após uma experiência espiritual e auto-reflexão (“Beep”, “Popular”). MATA é um disco sucinto – com um pouco mais de 30 minutos – sobre renascimento e entregar-se à ideia de que o conflito está dentro de si. “The One” abraça a ideia de existir em um caminho benevolente mostrando a artista mais satisfeita e espiritualiza do que no passado, enquanto “F.I.A.S.O.M.” (uma abreviação de “Freedom Is a State of Mind”) e “Zoo Girl” canalizam suas heranças tâmil. No geral, as canções são um apanhado de sons globais e excêntricos do pop, hip hop, afrobeat, reggaeton, música indiana (“Puththi” com Navz-47) e funk carioca que esculpiram a distinta carreira de M.I.A.. O registro conta com produções assinadas pelo duo brasileiro do Tropkillaz (“Zoo Girl”), Pharrell Williams (“Time Traveller”), Diplo (“Popular”), Skrillex, Rex Kudo, Rick Rubin, Lil Uzi Vert (que aparece nos vocais de apoio em “Marigold”), entre outros.
• Tove Lo – Dirt Femme
(Pretty Swede Records)
Em Dirt Femme, a cantora, compositora e produtora pop sueca Tove Lo entrega uma coleção de hinos pop discordantes na infusão de sintetizadores eufóricos estilo Robyn com letras melancólicas (“No One Dies From Love”). O trabalho é o primeiro lançado pela artista por conta própria e de forma independente, permitindo que ela arque ainda mais nas composições de amor (“True Romance”, “How Long”), pensamentos sombrios (“Grapefruit”), sexo (“Pineapple Slice”) e anseios (“Suburbia”) como planeja. As faixas possuem uma impressionante lista de convidados especiais, incluindo: SG Lewis (“Call on Me” e “Pineapple Slice”), Channel Tres (“Attetion Whore”) e o duo First Aid Kit (na pop folk “Cute & Cute”). Dirt Femme carrega músicas para confortar, fazer dançar, sentir-se sexy e chorar, mas acima de tudo festejar.
• The Big Moon – Here Is Everything
(Universal Music)
O terceiro álbum da banda de indie rock The Big Moon documenta de maneira focada um período de intensas mudanças: uma pandemia global, agitação social, dinâmica familiar (“Satellites”) e preocupações da maternidade. Esses podem ser gatilhos para intensa ansiedade e incerteza, mas o quarteto de Londres aprimorou um espírito de otimismo musical (“Magic”) em cada uma das composições. Here Is Everything é como uma carta de amor para a gravidez da cantora e compositora Juliet Jackson e subsequente nascimento de seu filho (“Trouble”) como também uma ode de amor incondicional à amizade (“Wide Eyes”) e sobrevivência. O registro carrega uma essência melódica e sensibilidade pop (“Daydreaming”) para exorcizar demônios de maneira encantadora em instrumentações ricas e expressões líricas repletas de amor.
• Mykki Blanco – Stay Close To Music
(Transgressive Records)
Stay Close To Music é diferente de tudo que Mykki Blanco já lançou antes. Aventureiro e expansivo, o material quebra quaisquer suposições anteriores sobre a arte de Blanco e livre para determinar sua metamorfose sonora e texturas orgânicas. Ao longo de sua evolução, Mykki mistura gêneros atraindo influências ecléticas de rave, trap, grunge, rock e punk em um turbilhão de hip hop experimental (“Pink Diamond Bezel”) numa jornada emocional para celebrar uma infinidade de gêneros e expandir vozes muitas vezes silenciadas. Stay Close To Music torna-se ainda mais grandioso nas colaborações especiais de Michael Stripe (“Family Ties”), MNEK, Saul Williams (na confessional “Steps”), ANOHNI (“French Lessons”, uma ode a Lou Reed), Dianna Gordon (“Your Love Was A Gift”), Devendra Banhart (“You Will Find It”), Jónsi (“Carry On”) e mais.
• The 1975 – Being Funny In A Foreign Language
(Dirty Hit)
Após uma fase de experimentação, o quinto álbum do The 1975 é um flerte com tudo o que já conhecemos com um direcionamento pop despojado e direto. Coproduzido com Jack Antonoff (Lorde, Taylor Swift), há canções para conquistar o público de Beyoncé (a balada “All I Need To Hear” é a versão de “Sandcastles” da banda), LCD Soundsystem (“The 1975”), Bruce Springsteen (“Looking For Somebody (To Love)” soa como um descarte do Bleachers de Antonoff) e até Bon Iver (“Part Of The Band”) com o som que exemplificou os trabalhos anteriores da turma de Matty Healy (“Oh Caroline”, com sua cara de “All Night Long” de Lionel Ritchie, remete o disco de estreia da banda) e o soft rock de décadas passadas (“Happiness”, “I’m In Love With You”). Being Funny In A Foreign Language é um embelezamento da fórmula pop com uma sensação recorrente de paramnésia em um apanhado de composições introspectivas, sinceras e sarcásticas.
• Plains – I Walked With You A Ways
(Anti)
No álbum de estreia do Plains, a dupla formada pelas amigas de longa data Katie Crutchfield (do Waxahatchee) e Jess Williamson, somos imediatamente transportados para um mundo de pôr do sol do sul dos Estados Unidos, espaços abertos e a natureza sem remorso da música folk tradicional e vanguarda americana. A produção astuta de Brad Cook, a banda composta por Spencer Tweedy e Phil Cook, a ponta afiada e honesta de cantar de Crutchfield e a habilidade de Williamson de pintar as raízes sulistas resultam num trabalho emocionante que canaliza o amor pela música country – e mulheres que moldaram o gênero (de Loretta Lynn e Dolly Parton à Lucinda Williams) – nas composições sobre vida (“No Record of Wrongs”, “Bellafatima), amor (“Hurricane”), incerteza (“I Walked With You A Ways“) e perda (“Problem With It”).
• Zella Day – Sunday In Heaven
(Concord Records)
A cada novo álbum que um artista faz, há uma evolução, outro capítulo. Mas para Zella Day, seu segundo disco de estúdio, o sucessor do EP Where Does The Devil Hide e seguido de uma parceria com Weyes Blood (“Holocene”), trata-se de um novo livro. “Girls” é um pop noir que personifica o espírito feminino, “Golden” é otimista e romântica com foco no som dos anos 70, “Dance for Love” é uma ode disco animada a Roy Orbison, “Radio Silence” é uma música que se lê como pró-escolha e “Mushroom Punch” revela uma viagem psicodélica para o coração. O tempo aprimorou as proezas sonoras e líricas de Zella e Sunday In Heaven é uma declaração poderosa de uma artista efetivamente em seu auge.
• Wild Pink – ILYSM
(Royal Mountain Records)
O vocalista do Wild Pink, John Ross, havia acabado de começar a escrever as músicas para o sucessor de sua banda em 2021, A Billion Little Lights, quando foi diagnosticado com câncer. ILYSM (abreviaçao de “I Love You So Much”) desdobra-se com toda a beleza fraturada de uma paisagem de sonho ao confrotar a fragilidade humana. Ao longo de 12 faixas distintas em timbres delicados, pianos, sintetizadores e guitarras, a banda de indie rock constrói um mundo habitado por visitas fantasmagóricas, anjos e extraterrestres, incitando uma estranha e arrebatadora fraqueza enquanto o cenário altera do mundano (de passeios noturnos e pulseiras de hospital) para o extraordinário (desertos, campos de batalha, a lua). ILYSM surge como um verdadeiro corpo de trabalho revelador e poético (“Hold My Hand” com Julien Baker e que Ross canta momentos antes da cirurgia em que uma enfermeira segurava sua mão), transformando reflexões dolorosas em momentos vitais de transcendência ao lutar com a mortalidade.
• Florence and the Machine – Dance Fever (Live At Madison Square Garden)
(Universal Music)
O Florence and the Machine lança de surpresa Dance Fever (Live at Madison Square Garden), álbum gravado nos dois shows esgotados da banda no Madison Square Garden, em Nova Iorque, no mês de setembro. O registro apresenta versões ao vivo de faixas do elogiado álbum Dance Fever – incluindo “Free”, “King” e a épica “Dream Girl Evil” -, além de clássicos de toda a produtiva carreira de Florence Welch, incluindo “Shake It Out”, “Big God”, “Cosmic Love”, “Dog Days Are Over”, o single de estreia “Kiss With A Fist” e muito mais.