Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Arlo Parks, Miya Folick, Water From Your Eyes, Bayonne, Sparks, Alex Anwandter, Clark, Mortimer Nyx e Gia Margaret.
• Arlo Parks – My Soft Machine
(Transgressive Records)
A cantora, compositora e poetisa Arlo Parks retorna com seu segundo álbum de estúdio, My Soft Machine, seguindo o sucesso do aclamado trabalho de estreia, Collapsed In Sunbeams. Uma obra profundamente pessoal, narrando as experiências da artista e trazendo uma explosão de emoções que abordam a ansiedade dos vinte e poucos anos, a intensidade do amor (“Bruiseless” e “Pegasus”, em colaboração com Phoebe Bridgers), traumas sentimentais (“Room (red wings)”), saúde mental (“Purple Phase”) e à busca por validação (“I’m Sorry”, “Weightless”). O disco expande a paleta sonora da artista ao explorar elementos do pop contemporâneo, como evidencia em “Blades”, que apresenta influências de ESG e KAYTRANADA, bem como no rock dos anos 90 em “Devotion”, shoegaze em “Dog Rose”, hip hop atmosférico em “Impurities”, além de experimentar o rap em “Puppy”. Tudo isso, combinado a guitarras ecoantes e batidas distintas, preserva a vulnerabilidade que é parte fundamental da escrita confessional e honesta de Parks.
• Miya Folick – ROACH
(Nettwerk Music)
ROACH é o trabalho mais claro e direto de Miya Folick até o momento. Ela abandonou as drogas, passou por uma separação e perdeu o pai. Durante o processo de escrita, a artista se esforçou para se tornar a pessoa que realmente deseja ser, enfrentando dificuldades e momentos de decepção e raiva consigo mesma. Com melodias envolventes, poesia comovente e produção eclética, ROACH transita entre o pop, o rock, o folk e o experimental, permitindo que Folick se fortaleça diante de suas narrativas com uma mistura de sons e estilos através de baterias firmes, sintetizadores pulsantes, tons amplos de guitarra e um baixo envolvente. As canções contam histórias de amor, desilusão (“Get Out Of My House”) e confusões emocionais (“So Clear” e “Bad Thing”, coescrita com Mitski), explorando os extremos dessas vivências. O resultado é um álbum franco que retrata a resiliência e crescimento da artista.
• Water From Your Eyes – Everyone’s Crushed
(Matador Records)
Water From Your Eyes, a dupla de música pop experimental formada por Rachel Brown e Nato Amos, lança Everyone’s Crushed, um álbum enérgico, inquietante e imaginativo. O duo brinca e desconstrói uma gama de gêneros, desde o rock DIY, industrial (“Barley”), chamber pop até o noise rock ao dance punk. Utilizando sintetizadores estridentes, guitarras sujas, cordas cinematográficas neoclássico (“14”), além dos vocais falados/cantados por Rachel Brown com versos irônicos para trazer temas de desconforto pessoal e social. O trabalho é um caos marcado por transições que são belas e violentas, cruas e inesperadas, mas que mantém uma sensibilidade melódica singular.
• Bayonne – Temporary Time
(Nettwerk Music)
Inspirado por uma transformação deliberada em seu processo musical, Temporary Time, o terceiro álbum completo de Bayonne, tornar-se sua obra mais expansiva. É um álbum de introspecção dolorosamente crua e beleza transcendental (“Come Down”). Neste registro, canaliza uma vasta imaginação em uma forma elegante, porém extremamente experimental, de pop eletrônico, equilibrando meditação e fascínio. Ao criar a obra, o artista, produtor e multi-instrumentista, conhecido como Roger Sellers, encontra-se em uma necessidade ainda maior de um canal para suas impulsos criativos cinéticos, devido a uma intensa convergência de eventos em sua vida pessoal: o diagnóstico e a morte de seu pai por câncer (“Words”), o fim de um relacionamento (“Solo”) e uma luta avassaladora contra a depressão e a ansiedade (“Is It Time”).
• Sparks – The Girl Is Crying In Her Latte
(Island Records)
O duo de avant pop Sparks, formado pelos irmãos Ron e Russell Mael, apresenta o 26º álbum de estúdio, intitulado The Girl Is Crying In Her Latte. Este é o primeiro trabalho lançado desde que eles receberam um aumento na popularidade devido aos créditos de coautoria no filme ‘Annette’ (2021). O material conta com uma coleção de músicas com instrumentação eclética e adições irresistivelmente cativantes ao extenso catálogo da banda, descrito como um registro ousado e intransigente. Desde as distorções eletrônicas vibrantes e refrões ecoantes da faixa-título (que ganhou um videoclipe estrelado pela atriz Cate Blanchett) até os sons eletrônicos animados de “Veronica Lake” e o glam rock de “Nothing Is As Good As They Say It Is”, as canções exibem a inesgotável capacidade do Sparks de construir histórias peculiares e detalhadas musicalmente, resultando em pérolas artísticas do pop. Tanto atemporal quanto moderno, The Girl Is Crying In Her Latte reafirma mais uma vez que, após mais de meio século criando essas obras-primas, a dupla continua incomparável, engenhosa e, como sempre, única.
• Alex Anwandter – El diablo en el cuerpo
(5 AM)
Em El diablo en el cuerpo, o artista e produtor Alex Anwandter apresenta uma forma de música eletrônica exuberante e extravagante, construída sobre emoções intensas: desejo arrebatador (“Maricoteca”), paixão ardente e corações partidos de forma tão brutal que se torna transcendente (“Que piensas hacer sin mi amor?”). Com faixas ricamente detalhadas, Anwandter combina esse sentimento desenfreado com sua elegante e ousada composição, explorando uma musicalidade sofisticada com participações de Buscabulla (“Mi vida en llamas”), Julieta Venegas (“Unx de nosostrxs”, “Tienes una idea muy antigua del amor”) e Christina Rosenvinge (“Tengo una confesión”). Seguindo a tradição de ícones pop como Prince, ele alcança todos os centros de prazer ao debater assuntos complexos do coração e a consciência do desejo em uma meditação sobre a vida e o amor queer. O álbum é uma fusão de dance music, disco (“Precipicio”, “Prediciendo la ruina”), funk e synthpop dos anos 80 (“Pueblo Fantasma”), ajustado emoções intensas e letras libidinosas.
• Clark – Sus Dog
(Throttle Records)
O produtor britânico Chris Clark (a.k.a. Clark) continua a surpreender com seu décimo álbum de estúdio. Ao longo de suas duas décadas de carreira, ele tem explorado inúmeros estilos da música eletrônica. Em Sus Dog, o artista se aventura em um novo território: pela primeira vez, ele lidera as faixas com sua própria voz. Com a participação do renomado Thom Yorke como produtor executivo e colaborando na faixa “Medicine”, o trabalho percorre um ângulo íntimo e emocional, enquanto Clark reflete sobre a vida e suas complexidades. Com sua voz em destaque, acompanhada por sintetizadores tortos e notas de piano rígidas que se contrapondo a batidas sombrias e empolgantes, o artista revela uma faceta mais humana da própria existência.
• Mortimer Nyx – Death of a Cowboy
(Ferdinand the Bull Records)
Com vocais sedutores, letras intrigantes e instrumentais cativantes, a cantora e compositora Mortimer Nyx constrói experiências evocativas com sua música, indo além de meras fantasias. Como uma contadora de histórias, ela nos conduz por uma jornada sonora cinematográfica que transcende as expectativas e nos desperta para o reino das infinitas possibilidades. O conceitual álbum de estreia, Death of a Cowboy, Nyx oferece um som profundamente tentador e intoxicante. Com uma paisagem sonora suave, o registro passeia por estilos como rock, folk, country e blues, com vocais deliciosamente carregados de atitude e charme (“Lone Wolf”), explorando a história do anti-herói presente no título do registro (“Death of a Cowboy”), além de abordar temas como amores (“Quicksand Lover”), companheiros desesperados e fado (“This Is The End”).
• Gia Margaret – Romantic Piano
(Jagjaguwar)
Romantic Piano é uma obra que combina delicadas peças de piano com uma sensação de solidão na natureza. Suas composições instrumentais e melancólicas evocam temas sublimes dos poetas românticos, transmitindo uma sensação de cura e ensinamento proporcionados pela natureza. Embora tenha demonstrado anteriormente seu talento em letras profundas, Gia Margaret revela aqui sua força como compositora (“City Song” é uma das poucas faixas cantadas), destacando-se na criação de música instrumental, como em “Hinoki Wood”. Romantic Piano cria uma atmosfera de contemplação e admiração existencial, proporcionando uma experiência cinematográfica que ecoa dentro de nós.