Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Foo Fighters, Bully, Rufus Wainwright, Jake Shears, Sophie Ellis-Bextor, Noel Gallagher’s High Flying Birds, The Aces, Beach Fossils e Protomartyr.
• Foo Fighters – But Here We Are
(Roswell/RCA)
But Here We Are marca o retorno do Foo Fighters após um ano de perdas avassaladoras, introspecção pessoal e recordações. É uma resposta brutalmente honesta e emocionalmente crua a tudo o que a banda tem enfrentado recentemente. O álbum é um testemunho dos poderes curativos da música, da amizade e da família. Corajoso, danificado e autenticamente inabalável, o registro começa com “Rescued”, a primeira de 10 faixas que percorrem a gama emocional da raiva e tristeza à serenidade e aceitação, com muitos pontos intermediários. But Here We Are é o primeiro álbum desde a morte de Taylor Hawkins, fazendo com que Dave Grohl assuma a bateria. É tanto o 11º álbum quanto o primeiro capítulo da nova vida do grupo. É o som de irmãos encontrando refúgio na música que os uniu há vinte e oito anos, um processo terapêutico e uma continuação da vida (“Under You”, “The Glass”). But Here We Are é uma obra-prima emocional e poderosa, um clamor catártico de despedida a Hawkins e à mãe de Grohl, Virginia (“The Teacher”), e um chamado para seguir em frente (“Show Me How”).
• Bully – Lucky For You
(Sub Pop)
Lucky For You é o álbum mais visceral do Bully, projeto de alt rock da guitarrista e cantora Alicia Bognanno, até agora. Sucessor de SUGAREGG, o álbum reflete as experiências pessoais de sua criadora, mantendo o som massivo pelo qual ela se tornou conhecida ao longo da última década. Produzido em parceria com JT Daly (PVRIS), o trabalho apresenta sensibilidade melódica contagiante e letras pessoais, abordando temas como perda, luto e sobriedade. O resultado é um álbum é urgente, que combina elementos shoegaze, punk, garage rock e hinos clássicos pelos quais o Bully é conhecido. O foco temático recai sobre a tristeza e a perda: é amplamente inspirado pela morte do cachorro e melhor amigo de Bognanno, Mezzi, num momento em que sua vida já parecia estar passando por uma metamorfose (“Lose You”, parceria com Sophie Allison, mais conhecida como Soccer Mommy). “Days Move Slow” reflete o impacto da perda de seu fiel companheiro, enquanto “All I Do” se destaca por abordar seus compromissos com a sobriedade. Já em “Change Your Mind”, temos um rock expansivo onde ela luta para preservar um relacionamento. Lucky For You é um testemunho de perseverança diante das adversidades, sejam elas grandes ou pequenas.
• Rufus Wainwright – Folkocracy
(BMG)
O cantor e compositor canadense-americano Rufus Wainwright cresceu imerso no universo do folk, cercado pela música de seus pais, Kate McGarrigle e Loudon Wainwright. Embora tenha resistido ao gênero ao longo de sua carreira, ele reconhece agora a importância do legado do folk e decidiu reunir uma coleção eclética de clássicos em forma de covers. O artista cria um ambiente acolhedor de colaboração, relembrando as performances em família de sua infância, com participações especiais de artistas como John Legend (“Heading For Home”), Brandi Carlile (“Down in the Willow Garden”), ANOHNI (no cover da canção “Going to a Town” de Rufus), Sheryl Crow, David Byrne, Andrew Bird (“Harvest”), Susanna Hoffs, Nicole Scherzinger, Chaka Khan e até mesmo suas irmãs. Folkocracy destaca a extraordinária extensão vocal e esplêndida interpretação de Wainwright em clássicos atemporais.
• Jake Shears – Last Man Dancing
(Mute)
Jake Shears, o líder do Scissor Sisters, transforma seu amor duradouro pela cultura dos clubes em sua música pop mais ambiciosa no segundo álbum solo. Last Man Dancing mostra o artista mergulhando sem reservas na cultura disco e house. O álbum ganha vida com a participação de colaboradores próximos, sendo o destaque a presença de Kylie Minogue em “Voices”, um reencontro de ícones do pop. O poderoso vocal de Amber Martin em “Devil Came Down the Dance Floor”, a contribuição icônica de Big Freedia em “Doses” e os versos de Jane Fonda em “Radio Eyes” acrescentam uma nova dimensão ao material. O disco foi apresentado com o single “Too Much Music”, que, com sua essência de glam rock, cordas dramáticas e um groove irresistível de Nile Rodgers, combinado com elementos eletrônicos à la Justice, instantaneamente se torna um hino definitivo. Da mesma forma, “Really Big Deal” ressoa como um clássico esquecido do Scissor Sisters. Last Man Dancing é um álbum que celebra a vida para todos que já se sentiram perdidos – sem amor, em uma noite fora ou no mundo moderno – mas continuaram avançando (“I Used To Be In Love”, “Last Man Dancing”).
• Sophie Ellis-Bextor – HANA
(Cooking Vinyl)
A cantora inglesa Sophie Ellis-Bextor lança seu sétimo álbum de estúdio, produzido em colaboração com Ed Harcourt, encerrando a trilogia temática baseada em diferentes locais do mundo. Iniciada em 2014 com Wanderlust, influenciado pela Europa Oriental, e continuada em 2016 com Familia, focado na América Latina, a trilogia chega ao fim com HANA, que se inspira em visitas ao Japão e ao leste da Ásia. O disco oferece um pop descontraído e confiante em faixas como “Breaking The Circle”, “Everything is Sweet” e “Lost in the Sunshine”. Sophie descreve a faixa “Hearing in Colour” como inspirada em sinestesia, onde os sentidos se manifestam de maneiras diferentes, associando cores à música. O material também conta com faixas como “Until The Wheels Fall Off”, uma homenagem ao falecido padrasto da artista, e “We’ve Been Watching You”, uma música peculiar sobre alienígenas. Embora haja momentos pop absolutos, ela deixa a música liderar o caminho para um som atraente com ecos do passado (“Reflections”), ao mesmo tempo em que aponta para uma nova direção para o futuro (“Hearing in Colour”). HANA é uma imersão no som encantador de uma das melhores artistas pop britânicas.
• Noel Gallagher’s High Flying Birds – Council Skies
(Sour Mash Records)
Enquanto os irmãos Gallagher continuam discutindo sobre uma possível volta do Oasis, Noel Gallagher e seus High Flying Birds retornam com seu primeiro álbum em seis anos. Para o músico, Council Skies sinaliza o início de um novo capítulo criativo e uma busca por inspiração, autenticidade e significado emocional em suas raízes (na faixa-título), que o tirou de sua juventude humilde em Manchester à fama global. O resultado são algumas das melhores músicas de sua carreira pós-Oasis, com uma abordagem familiar de melancolia, êxtase e abandono. O disco apresenta uma variedade sonora impressionante, desde o toque psicodélico “Easy Now”, momentos de krautrock com a guitarra frenética de Johnny Marr na urgente “Pretty Boy”, até a contemplação em arranjos exuberantes de cordas – supervisionados por Rosie Danvers, uma violoncelista e arranjadora que já trabalhou com artistas como Adele e Kanye – em faixas como “Trying to Find a World That’s Been and Gone” e “Open the Door, See What You Find”. Council Skies reflete de forma madura sobre o passado, mas também olha para o futuro (“There She Blows!”). E com essa qualidade em seu trabalho solo, uma reunião do Oasis sinaliza-se cada vez mais distante.
• The Aces – I’ve Loved You For So Long
(Red Bull Records)
O quarteto norte-americano de indie pop The Aces lança o seu terceiro álbum de estúdio apropriadamente no Mês do Orgulho LGBTQIAP+. Ao longo das onze faixas, a banda, formada pelas irmãs Cristal e Alisa Ramirez (vocal/guitarra e bateria, respectivamente), Katie Henderson (guitarra/vocal) e McKenna Petty (baixo), reflete sobre seus anos formativos e compartilha como experiências de amores não assumidos (“I’ve Loved You For So Long“) e traumas religiosos (“Suburban Blues”) influenciam relacionamentos (“Girls Make Me Wanna Die”), saúde mental (“Always Get This Way”) e identidade até hoje. Apesar da profundidade dos temas, as músicas trazem uma sensação de liberdade ao flertar com o pop dos anos 80 nos sintetizadores brilhantes, o rock alternativo dos anos 90 nas guitarras intensas e o indie do início dos anos 2000. Produzido por Keith Varon (Joji, Chloe Moriondo), o registro nasceu durante a pandemia, após reflexões sobre questões pessoais e experiências compartilhadas durante 15 anos, enquanto cresceram juntas em Utah como parte da comunidade LGBTQIAP+. O resultado é um material confiante e autêntico com a capacidade de se conectar com uma geração.
• Beach Fossils – Bunny
(Bayonet Records)
Bunny, o quarto álbum da influente banda nova-iorquina de indie rock, Beach Fossils, é um retorno triunfante e onírico. O material combina de forma precisa as atmosferas exuberantes do dream pop, que eles aperfeiçoaram em projetos anteriores, com influências de The Cure e The Byrds, com a vitalidade do pós-punk presente em Clash the Truth (2013) e a sofisticação da composição presente em Somersault (2017). O cantor, compositor, líder da banda e, aqui também produtor, Dustin Payseur explora temas de maturidade e progresso doloroso com letras que abordam a depressão (“Anything Is Anything”), a mortalidade (“Waterfall”) e a nostalgia melancólica pelos dias mais jovens dos quais ele não parece completamente pronto para se despedir (“Sleeping On My Own”). Explora tanto a alegria da paternidade (“Run To The Moon”) como o prazer existencial de fumar cigarros pela janela do carro com os amigos (“Don’t Fade Away”) e conectar-se com outras pessoas (“Dare Me”), apresentando as composições mais pessoais do Beach Fossils até o momento. Bunny prova ser a culminação de uma década de crescimento e experiência para o grupo.
• Protomartyr – Formal Growth In The Desert
(Domino)
Desde sua estreia em 2012, o Protomartyr domina a arte de explorar lugares em decadência, bem como a elucidação radiográfica da América que vem de sua perspectiva. O sexto álbum do quarteto, conhecido por seu estilo pós-punk, mostra um lado mais suave e introspectivo, revelando um crescimento durante um período de transição colossal para o vocalista Joe Casey, incluindo a morte de sua mãe, que lutou contra o mal de Alzheimer por uma década e meia (“The Author”, “Graft Vs. Host”) e sua saída de casa. A sensibilidade cinematográfica sombria e libertadora manifesta-se na voz crua de Casey, quer ele esteja criticando o sinistro tecnocapitalismo (“Make Way”) ou processando o envelhecimento (“Fun In Hi Skool”), a rotina metafórica (“Elimination Dances”) ou a possibilidade do amor (“Rain Garden”). Ele descreve Formal Growth In The Desert como um abraço e reconhecimento desses fatos: um testemunho de 12 músicas sobre “seguir em frente com a vida”, transmitindo um sentido ambíguo de esperança (“Rain Garden”), mesmo quando parece impossivelmente difícil. Formal Growth In The Desert revela uma beleza impressionante em meio a uma cacofonia virtuosa e tribulações próprias.