8 discos para ouvir hoje: Niia, Kim Petras, Geese, Albert Hammond Jr., M. Ward e mais

Niia / Instagram

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Niia, Kim Petras, Albert Hammond Jr., Geese, M. Ward, Portugal. The Man, Amelie Lucille e Cable Ties.

NiiaBobby Deerfield
(NIIAROCCO LLC)

A cantora, compositora e multi-instrumentista Niia lança o álbum Bobby Deerfield, sucessor de OFFAIR: Mouthful of Salt, inspirado no filme ‘Um Momento, uma Vida’ (Bobby Deerfield) de 1974, estrelado por Al Pacino e ambientado no mundo da Fórmula 1. Após assistir a uma exibição privada do filme no final de 2021, a artista foi tomada por uma sensação desconhecida: ela se viu imersa em um túnel emocional, mergulhando completamente no mundo de Bobby – repleto de carros, riscos e morte – fascinada pela mitologia encenada, imaginando-se como a filha de Bobby Deerfield, durante o período em que reconstruia seu relacionamento com o pai. O registro sombrio e introspectivo, com produção de Jonathan Wilson (Angel Olsen, Father John Misty), representa uma surpreendente catarse artística ao adotar elementos de folk, psicodelia, sensibilidade do rock, synthpop (“Targa” com Ian Isiah) e retro soul, marcando uma mudança em relação ao seu estilo R&B e jazz em trabalhos anteriores. O registro aborda temas como sexualidade (“Sick in my mind”), romances (“if we don’t make it”) e autoconhecimento (“Idk what to tell my friends”), além de a artista se permite a ser mais honesta com sua própria identidade e suas relações familiares. Em “Alfa Romeo”, ela canta sobre a reconciliação do relacionamento com o pai e como ela cuidou de si mesma, resultando no pedido de desculpas gravado por ele em “A Shadow of My Past”.

Kim PetrasFeed The Beast
(Republic Records)

Kim Petras, a sensação internacional da música pop, faz sua estreia em uma grande gravadora com Feed the Beast, após ser a primeira artista transgênero a ter um número #1 nos Estados Unidos e vencer uma categoria importante no Grammy. O álbum está repleto de músicas energéticas e provocativas, abraçando uma série de tendências e épocas em busca da perfeição para ganhar as rádios. Ela mira no pop e post-disco dos anos 80 (“Minute”, “Revelations”), nos sintetizadores à la Giorgio Moroder (“uhoh”), na eurodance dos 90 (“King of Hearts”), em antigos sucessos populares – como na pop trance “Alone” com Nicki Minaj e o sample de “Better Off Alone” de Alice Deejay – e até mesmo no pop industrial rígido com a influência de SOPHIE (“brrr”). Embora ela tenha chamado sua música de Slut Pop no passado (inclusive rendendo o título do último EP, repleto de músicas irônicas e ousadas ao extremo), Feed The Beast é um pop fofo destinado a alimentar um público mais abrangente.

Albert Hammond Jr.Melodies On Hiatus
(Red Bull Records Inc.)

Albert Hammond Jr., o guitarra dos Strokes, lança seu quinto álbum solo, intitulado Melodies on Hiatus, com faixas que exploram um estilo experimental. O artista adotou uma abordagem incomum ao compor as músicas, através de longas e íntimas conversas telefônicas com o compositor e poeta Simon Wilcox, que entregava as letras pessoalmente na casa de Albert, mesmo sem os dois terem se conhecido pessoalmente na época. O processo de composição se tornou um “affair anônimo à distância de ideias e letras”. O músico então adicionava a sonoridade que já havia criado, incorporando solos afiados e melodias melancólicas que até trazem um DNA dos Strokes (“Old Man”, “Darlin'”). Melodies on Hiatus trata de temas como infância, sobrevivência na adolescência, idade adulta, vulnerabilidade, fama, relacionamento pessoais, explorando disco, baladas de piano e hip hop. O álbum também apresenta músicas com participações especiais, incluindo o baterista Matt Helders do Arctic Monkeys e o guitarrista Steve Stevens em “Thoughtful Distress”, Rainey “Rainsford” Qualley, filha de Andie MacDowell, em “Remember” e “Alright Tomorrow”, e o rapper GoldLink (“100-99”).

Geese3D Country
(Partisan Records / Play It Again Sam)

A banda Geese, formada por cinco integrantes do Brooklyn, retorna com seu segundo álbum de estúdio, intitulado 3D Country. Em comparação com o post-punk e garage rock mais angular de seu trabalho de estreia, Projector, o novo conjunto de músicas mostra o grupo se reinventando com um som dissonante, que transita entre o alt country na épica faixa-título, soul em “Cowboy Nudes”, funk com inspiração nos clássicos do Funkadelic em “I See Myself”, alt rock dos anos 90 em “Mysterious Love”, surf pop em “Crusades” e explorando cada vez mais a imprevisibilidade. O vocalista Cameron Winter descreve essa mudança como uma transição da “angústia adolescente” para uma “arrogância dos vinte e poucos anos”. 3D Country mergulha nas realidades difíceis do processo de envelhecimento, proporcionando uma representação vívida das complexidades obscuras da fase adulta. Vai além de uma narrativa comum de crescimento, explorando a efêmera beleza que se entrelaça com os desafios dessa fase da vida. Com guitarras suaves e escorregadias, ritmo pulsante do baixo e a percussão eficaz, o álbum se destaca pelos refrãos irresistíveis. Coproduzido pela banda e por James Ford (Arctic Monkeys, Depeche Mode), as faixas representam uma explosão em termos de alcance e visão para o grupo. É o som de uma banda inquieta e aventureira, com coragem de explorar o desconhecido e se redefinir.

M. Wardsupernatural thing
(Anti)

O cantor e compositor M. Ward, conhecido tanto como artista solo quanto como metade do duo She & Him, destacou-se como uma das vozes marcantes da cena indie americana nos anos 2000, mesclando elementos de folk, country, jazz, blues, pop e indie rock experimental. supernatural thing demonstra o domínio de Ward sobre o vocabulário da música popular americana, revelando seu talento em criar canções originais que transmitem autenticidade e intimidade, inspiradas em sonhos. O disco conta com participações especiais de artistas como o duo First Aid Kit, Shovels & Rope (no funk áspero “mr. dixon”), Scott McMicken, Neko Case (na cativante jazz pop “dedication hour”), Jim James, entre outros. Em “too young to die”, as vozes divinas do First Aid Kit, que também retornam em “engine 5”, acrescentam uma camada suave de doçura a uma balada folk delicada que confronta a mortalidade e a fragilidade da vida. Com uma combinação harmoniosa e diversificada de estilos, oito das dez músicas do álbum são originais de Ward. Além disso, há uma escolha de Bowie, com a interpretação melancólica “I Can’t Give Everything Away”, do álbum  ★ (Blackstar), e uma gravação ao vivo de “Story of an Artist”, originalmente de Daniel Johnston.

Portugal. The ManChris Black Changed My Life
(Atlantic Records)

Portugal. The Man retorna com Chris Black Changed My Life, o primeiro álbum completo da banda de alt rock desde o lançamento de Woodstock e o sucesso mundial do single “Feel It. Still”. Desta vez, eles optaram por trabalhar com o renomado produtor Jeff Bhasker (Harry Styles, Kanye West, Beyoncé) para desafiar seu processo criativo e manter-se no terreno calcado pelo pop, adotando um estilo de neo soul estabelecido por artistas como Mark Ronson e Danger Mouse. A banda se uniu a colaboradores como Paul Williams (“Anxiety:Clarity” ), Sean Leon (“Time’s a Fantasy”), Edgar Winter (“Champ”), Black Thought do The Roots (“Thunderdome [W.T.A]”), Unknown Mortal Orchestra (“Summer of Luv”) e Natalia Lafourcade (“Thunderdome [W.T.A]”). O resultado da colaboração traz uma nova profundidade à música e se materializa em um trabalho que, nas palavras do vocalista e compositor John Gourley, é “o álbum mais completo, que segue uma linha narrativa do início ao fim”. O destaque está na ecleticidade característica do grupo, incorporando influências musicais de todo o mundo. Chris Black Changed My Life é uma história pessoal sobre a perda de um amigo e a luta que acompanha esse processo e a natureza efêmera da vida (“Plastic Island”), mas que termina com poder e a influência infinita que essas pessoas têm em sua vida.

Amelie LucilleAmelie Lucille
(Amelie Lucille)

O EP de estreia autointitulado da cantora e compositora de indie folk, Amelie Lucille, encanta com sua sonoridade sincera e confessional. O trabalho abrange desde a angústia minimalista de “His Song” e “Token” até a emoção envolvente das cordas em “Mess” e a essência vibrante do rock dos anos 90 em “Because of You”. Com canções introspectivas que retratam relacionamentos tumultuados, expectativas não correspondidas, amizades e amor próprio, esse trabalho serve como uma prévia do tão aguardado álbum de estreia da garota. Impressiona pela qualidade das composições, produção elegante e uma voz ressonante de qualidade etérea, vindo de um talento de apenas quatorze anos de idade.

Cable TiesAll Her Plans
(Merge Records)

O terceiro álbum da banda australiana Cable Ties apresenta o trio composto por Jenny McKechnie, Shauna Boyle e Nick Brown em sua forma mais enérgica e segura. A mistura feroz de post-punk e garage rock com guitarras distorcidas, baixos sujos e o vocal feroz de McKechnie, destaca letras mais intensas do que nunca. A urgência e a fúra sonora que têm marcado a produção do Cable Ties até agora são mais sutis em All Her Plans. A raiva incontida de seus apelos à ação permanece – abordando temas como sistemas de saúde mental precários (“Perfect Client”), pensamentos direcionados a políticos e burocratas (“Silos”), e o fardo do cuidado familiar que recai principalmente sobre as mulheres (“Mum’s Caravan”) – ao mesmo tempo em que abre espaço para gratidão, amor e aceitação (“Times for You”). All Her Plans é um momento de avanço para o grupo. É o som de um grupo que está empolgado por fazer música juntos novamente, uma celebração de sua resiliência e um grande passo adiante em direção a um futuro que finalmente podem reivindicar como seu próprio. E que brilha em seus momentos de raiva.