Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Julie Byrne, ANOHNI and the Johnsons, PJ Harvey, Aluna, Grouplove, Little Dragon, Gus Dapperton e Dominic Fike.
• Julie Byrne – The Greater Wings
(Ghostly International)
The Greater Wings, o primeiro álbum em mais de seis anos da cantora e compositora Julie Byrne, é um testemunho de paciência, determinação e coragem de se erguer após a desolação da perda. Com uma sonoridade folk suave e texturas etéreas, o álbum mergulha em atmosferas expansivas e íntimas, refletindo experiências inspiradas pela vida na estrada, períodos de isolamento e pela morte de Eric Littmann (na faixa-título), produtor do álbum anterior da artista e parte deste – o trabalho foi concluído com a participação de Alex Somers, afiliado do Sigur Rós. As canções do registro são sustentadas pelo amor (“Moonless”) e pela conexão da família escolhida (“Summer Glass”), expressos nas letras poéticas de Byrne. Seu estilo característico de dedilhar o violão, combinado com sintetizadores ambiente, piano, harpa e cordas, resultam em um som transcendente. O vocal melancólico e expressivo da artista dá vida às letras, transmitindo a amizade, a lealdade e a força vital necessárias para enfrentar momentos irrepetíveis (“Death is The Diamond”), incentivando-a a continuar vivendo e lutando.
• ANOHNI and the Johnsons – My Back Was A Bridge For You To Cross
(Secretly Canadian / Rough Trade)
Depois de lançar álbuns aclamados como I Am a Bird Now, ANOHNI experimentou com materiais solos, como o álbum Hopelessness de 2016. No entanto, para seu projeto mais recente, My Back Was a Bridge For You To Cross, a artista se reuniu com a banda de apoio The Johnsons pela primeira vez desde Swanlights de 2010. As letras do trabalho são emocionantes e provocativas, abordando temas como perda (“Can’t”, “Sliver of Ice” inspirada numa conversa com Lou Reed antes dele falecer), desigualdade (“Go Ahead”, “Scapegoat”), negação ecológica (“It Must Change”) e o poder da Terra ao expressar suas preocupações e buscar transmitir uma consciência compartilhada que faça as pessoas se sentirem menos sozinhas. Mergulhadas em um som jazz, soul, folk, blues e rock progressivo (“Rest”), as músicas apresentam ritmos desenfreados dominados por guitarras elétricas do produtor Jimmy Hogarth (Amy Winehouse, Duffy), cordas ornamentais arranjadas por Rob Moose (Phoebe Bridgers) e refrãos poderosos que evocam nomes como Nina Simone (“Why Am Alive No?”), Marvin Gaye e outros cantores da luta pelos direitos civis. Com My Back Was A Bridge For You To Cross, a artistarevela a capacidade de articular o político e o pessoal simultaneamente, oferecendo uma visão crítica e um apelo à transformação em meio a uma realidade ameaçadora e desafiadora.
• PJ Harvey – I Inside The Old Year Dying
(Partisan Records)
I Inside the Old Year Dying é o décimo álbum de estúdio de PJ Harvey e marca seu primeiro lançamento em sete anos, após o álbum The Hope Six Demolition Project. Neste trabalho, gravado com os colaboradores de longa data John Parish e Flood, a artista constrói um universo sonoro rock artístico a partir do romance ‘Orlam’, publicado por ela em 2022. Mistura sons naturais e dialeto de Dorset em um conjunto de canções assustadoras, com arranjos meticulosos, melodias sombrias e vocais expressivos, incluindo falsetes dramáticos (“A Child’s Question, August”). Desde o mundo rural místico e personas do passado retratados em “Lwonesome Tonight” até ambientes em constante evolução (“I Inside the Old I Dying”), o trabalho é marcado pela sensibilidade poética de Harvey, com uma série de imagens e metáforas que aludem à ressurreição e evocam nostalgia da infância. Através de suas letras, cria uma atmosfera misteriosa e simbólica, fazendo referências a Shakespeare (“The Nether-Edge”), explorando elementos da natureza, deuses, monstros e humanidade (“A Child’s Question, July”). Em I Inside The Old Year Dying, Harvey abandona a realidade enfrentada em seu registro anterior em troca de uma introspecção artística, resultando em algo profundamente inspirador e libertador.
• Aluna – MYCELiUM
(Mad Decent)
Aluna, metade da dupla AlunaGeorge, lança seu segundo álbum solo, MYCELiUM, com o objetivo de resgatar a representatividade negra na música eletrônica, um gênero dominado por homens brancos heterossexuais. O material apresenta uma equipe diversa de artistas negros e colaboradores LGBTQ+, resultando em uma coleção de hinos noturnos e dançantes. Como sucessor de Renaissance, o disco celebra a individualidade com influências da música dance dos anos 90 (“Running Blind”). Faixas como “Underwater” com Route 94 e “Killing Me” com TSHA misturam melodias otimistas com vocais fascinantes. A parceria “Supernova”, com The Picard Brothers e Kaleena Zanders, traz um ritmo disco envolvente e repleto de groove, enquanto “Oh The Glamour” revela-se um hino confiante de dance house na companhia de Pabllo Vittar, MNEK e Eden Prince. O registro encerra de forma hipnotizante com o tech house disco “Kiss It Better” na companhia de MK e “Playin Wit Ya”, em que a produção pulsante de Walker & Royce reforça a celebração proposta através de grooves deep house alucinantes.
• Grouplove – I Want It All Right Now
(Glassnote)
O Grouplove combina uma sensibilidade peculiar de indie rock dos anos 90, com influências de Pixies e The Flamings Lips, com entusiasmo punk e eletropop imponente. I Want It All Right Now apresenta onze músicas psicodélicas, produzidas pelo vencedor do Grammy John Congleton (St. Vincent, Death Cab For Cutie), capturando o som cru e incandescente da banda, descrito por eles como “pop de resistência”. Com uma mistura de ternura, curiosidade e revelação pessoal, a banda nos convida a explorar o paradoxo de querer tudo (“All”) e descobrir que tudo que precisamos já está dentro de nós. O trabalho é resultado de uma intensa transformação para o casal e principais compositores, Hannah Hooper (vocalista/tecladista) e Christian Zucconi (vocalista/guitarrista). Eles se inspiram em temas como fidelidade e na criação de sua filha com necessidades sensoriais, passando de uma busca externa para uma descoberta radical de si mesmos. I Want It All Right Now é uma forma de compartilharem percepções calorosas (“Hello!”), reflexões sobre a vida (“Eyes”) e a importância de momentos efêmeros (“Francine”) que encontraram em sua jornada pop e nas complexidades da vida cotidiana.
• Little Dragon – Slugs Of Love
(Ninja Tune)
O quarteto sueco Little Dragon apresenta o sétimo álbum de estúdio, Slugs Of Love, que apresenta uma mistura diversa e original absolutamente cativante de avant-pop, convidando o lendário Damon Albarn (“Glow”) e o rapper JID (“Stay”) para colaborações. Músicas como “Kenneth” e a faixa-título apresentam a essência indie pop única focada nas pistas de dança, além do grupo flertar com elementos de new wave, trip hop, drum ‘n’ bass, techno (“Frisco”), synthwave (“Lily’s Call”) e R&B, mantendo sempre uma abordagem funk e foco no ritmo. Com o vocal vibrante de Yukimi Nagano, o grupo reflete sobre as repercussões do amor, provando a habilidade da banda em explorar os limites sonoros, experimentando diferentes instrumentos e sons de forma curiosa e impactante.
• Gus Dapperton – Henge
(Warner Records)
O álbum ambicioso e vasto do ícone alt pop Gus Dapperton, Henge, cria um novo mundo, levando os ouvintes em uma jornada entre a noite e o dia, a socialização e a solidão. Com um conceito de explorar um mundo subterrâneo ao anoitecer e tentar retornar antes do amanhecer para evitar ficar preso em um loop temporal, o álbum oferece uma mistura eclética contemporânea, que transita entre o new wave dos anos 80 e o funk dos anos 70. Dapperton colabora com artistas como Cruel Santino (“Lights”), Ocean Vuong (“Sunrise”) e BENEE (“Don’t Let Me Down”) – com quem ele se une novamente após o sucesso viral de “Supalonely” -, mantendo sua intimidade e liberdade ao explorar temas como vida e morte, a luta entre a mudança e a monotonia, e o ciclo do amor, refletindo sua curiosidade musical ilimitada.
• Dominic Fike – Sunburn
(Sony Music)
Sunburn é o aguardado segundo álbum completo do músico (e ator de ‘Euphoria’) Dominic Fike, e a continuação de What Could Possibly Go Wrong lançado em 2020. A coleção de 14 músicas retrata alguém que está tentando entender como seu passado continua influenciando sua vida (“Sunburn”), desde experiências desajeitadas com o amor (“Ant Pile”, “Mona Lisa”), sua adolescência rebelde (“Dancing In The Courthouse”), situações tóxicas (“Think Fast” que interpola “Undone (The Sweater Song)” do Weezer) e reflexões sobre a infância (“Mama’s Boy”). Combinando uma série de gêneros musicais como rap, rock alternativo, grunge, folk e funk, Sunburn é uma carta de amor do artista endereça para si mesmo, repleta de tons de amor, introspecção e nostalgia.