Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: The Smile, TORRES, Future Islands, Katy Kirby, Ty Segal e Tom Odell.
• The Smile – Wall Of Eyes
(XL Recordings)
No sucessor do álbum A Light For Attracting Attention, Wall Of Eyes, o The Smile cria uma experiência envolvente e poderosa, com músicas exuberantes que se desenvolvem lentamente, criando uma atmosfera vigorosa que cresce ao longo do registro. As faixas são lindamente devastadoras, com momentos de beleza sublime, enquanto Jonny Greenwood e Thom Yorke, membros do Radiohead, misturam elementos familiares do som lendário da banda com novas explorações sonoras, junto ao baterista Tom Skinner. O registro envolve a troca do produtor de longa data Nigel Godrich por Sam Petts-Davies (que trabalhou com Yorke em sua trilha sonora de ‘Suspiria’ de 2018), o que lhe confere um caráter mais sombrio, mas mantém as habilidades inventivas nos arranjos primorosos da London Contemporary Orchestra (“Read The Room” e “Under Our Pillows”). De acústico a eletrônico, Wall of Eyes está texturalmente alinhado, com momentos como “Teleharmonic”, uma composição sobre o passado e uma busca por propósito, a fantasmagórica faixa-título, a progressão jazz e acordes de piano que ecoam Beatles em “Friend of a Friend”, e “Bending Hectic”, uma odisseia que atravessa diferentes estilos musicais, evocando um acidente de carro nas curvas perigosas das montanhas italianas e culmina em um solo fantástico de Greenwood. O resultado é um projeto paralelo de três músicos, com ideias distintas que se encaixam perfeitamente, estabelecendo-se como uma força da natureza por si só.
• TORRES – What an enormous room
(Merge Records)
Após o impulsivo álbum Thirstier em 2021, Mackenzie Scott (a.k.a. TORRES) retorna com What an enormous room, uma obra coproduzida por ela mesma e Sarah Jaffe. Embora algumas músicas se destaquem, como “Collect”, a “canção de raiva” que ela tentou escrever por anos criada em guitarras distorcidas e sintetizadores, outras sofrem com arranjos que entristecem a mensagem. As músicas revelam uma insistente paranoia numa montanha-russa de emoções, com letras sobre ataques de pânico (“I got the fear”), morte (“Wake to flowers”) e um medo incansável de infidelidade (“Ugly mystery”). “Happy man’s shoes” e “Jerk into joy” trazem momentos de confiança e desconforto em sua narrativa contida, enquanto “Songbird forever” encerra o álbum com uma serenidade envolvente e o eterno devaneio de felicidade a dois. What an enormous room revela um rock artístico sarcástico à la Laurie Anderson, a raiva de Nirvana e a elegância de ABBA em sua sonoridade poderosa e atmosférica entre o eletrônico e o grunge. Em vez de temer o desconhecido, Scott opta por preenchê-lo com sua autenticidade catártica, mostrando-se como uma artista que se recusa a ser silenciada.
• Future Islands – People Who Aren’t There Anymore
(4AD)
People Who Aren’t There Anymore, o sétimo álbum de estúdio do Future Islands, teve início durante a pandemia, quando o relacionamento de Herring com a atriz sueca Julia Ragnarsson chegou ao fim. O material adota uma abordagem mais contemplativa, com ênfase na qualidade de cada elemento musical. Através de suas 12 músicas, a separação (“King of Sweden”) e a mortalidade (“Peach”) são temas constantes. Faixas como “The Fight”, “Say Goodbye” e “Give Me the Ghost Back” constroem mundos de desconexão, ausência e saudade sobre uma base pop oitentista de sintetizadores arejados, batidas calculadas e a entrega vocal marcante de Sam Herring (“Corner of My Eye”). Em People Who Aren’t There Anymore, o grupo se dedica a entregar um conjunto de canções emocionantes e melancólicas pessoais em uma afirmação poderosa de melodias poderosas e animadas.
• Katy Kirby – Blue Raspberry
(Anti-)
Blue Raspberry é o segundo álbum da cantora e compositora Katy Kirby, seguindo seu renomado álbum de estreia Cool Dry Place, lançado em 2021. Neste trabalho, a artista explora novos territórios musicais, inclinando-se corajosamente para o chamber pop em faixas como “Redemption Arc” e “Blue Raspberry”, enquanto aborda o primeiro amor queer em suas letras (“Party of the Century”, “Salt Crystal” e a faixa-título), a luta pela beleza nas conexões (“Cubic Zirconia”) e perdas (“Wait Listen”). Auxiliada por sons orquestrais mais elaborados e uma simples melodia de piano, a artista revela-se uma contadora de histórias com suas próprias inseguranças. O álbum mostra Katy assumindo sua identidade como uma força na composição de músicas introspectivas e íntimas, capturando uma magia confessional e teatral semelhante a artistas como Fiona Apple, Tom Waits e Joanna Newsom. Blue Raspberry é uma ode ao primeiro amor queer de Kirby, que transforma epifanias pessoais extraídas de um diário em canções de crescimento pessoal, desejo, medo e frustrações.
• Ty Segall – Three Bells
(Drag City)
Three Bells é um ciclo de quinze músicas que leva a uma jornada ao centro do eu. Ty Segall, já familiarizado com esse tipo de viagem, criou um veículo todo seu – uma máquina sofisticada – para nos levar lá desta vez, com elementos habituais de psicodelia, garage rock, glam e prog dos anos 70, com inspirações que vão de Black Sabbath (“Void”) a Bowie (“Eggman”). O álbum vai além das músicas individuais, funcionando como um todo coeso que forma uma obra maior. Composição meticulosa e repetição de temas criam uma atmosfera de claustrofobia e paranoia, enquanto o músico busca respostas e mergulha em questões existenciais, mortes do ego e busca por aceitação. Three Bells leva as viagens de Segall a um nível mais profundo, sendo uma obra-prima de expressão pessoal através de palavras, música e produção.
• Tom Odell – Black Friday
(UROK)
Com Black Friday, seu primeiro lançamento como artista independente, o cantor e compositor Tom Odell demonstra um novo senso de liberdade e controle criativo. Em contraste com o minimalismo impulsionado pelo piano de Best Day Of My Life, Black Friday apresenta uma seleção de músicas escritas e executadas de forma improvisada em uma guitarra, complementado por cordas delicadas (“Answer Phone”) e uma melancolia notável. A criação desse trabalho envolveu equilibrar sua honestidade incisiva com um certo elemento de liberdade poética. Com 13 faixas que exploram a complexidade do amor e dos relacionamentos (“Somebody Else”, em que canta sobre uma antiga paixão e como se sente ao vê-la com outra pessoa), o artista mergulha profundamente em suas inspirações ecléticas, desde o poeta William Blake (“Loving You Will Be the Death of Me”) até o filme ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ (em “The End of the Summer”). Black Friday é uma jornada emocional e particular pelo universo de Odell.