9 discos para ouvir hoje: Arcade Fire, Ibeyi, Sigrid, Sharon Van Etten e mais

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Arcade Fire, Sharon Van Etten, Sigrid, IDK, !!!, Warpaint, Belle and Sebastian, Soft Cell e Ibeyi.

Arcade FireWE
(Columbia)

Com produção de Nigel Godrich (Radiohead), Win e Régine Butler, WE condensa o melhor de Funeral, Neon Bible, The Suburbs e Reflektor em sete faixas que resgatam as origens do Arcade Fire. São arranjos orquestrais brilhantes contra grooves (“End of an Empire”), influências disco sobrepondo-se a sintetizadores (“Age of Anxiety II (Rabbit Hole)”), números rock com a assinatura impetuosa da banda (“The Lightning II”), refrões soberanos para conquistar grandes plateias e uma participação especial de Peter Gabriel (na synthpop “Unconditional II (Race and Religion)”) na companhia de Régine nos vocais. O trabalho é dividido em duas partes: a primeira explora o isolamento nervoso da vida moderna, enquanto a segunda resolve essa tensão cantando a alegria duramente conquistada do amor incondicional (“Unconditional I (Lookout Kid)”) e o poder da reconexão (“The Lightning I”). Depois do desprestigio do álbum Everything Now, a banda coloca as coisas em ordem e manifesta que o melhor ainda está por vir.

Sharon Van EttenWe’ve Been Going About This All Wrong
(Jagjaguwar)

Sem nenhum single promocional antes do lançamento oficial de We’ve Been Going About This All Wrong, Sharon Van Etten continua explorando as baterias eletrônicas e sintetizadores retrôs descobertos no álbum Remind Me Tomorrow. O registro se preocupa com as perguntas que fazemos a nós mesmos quando pensamos que o mundo – ou pelo menos, nosso mundo – pode estar acabando. Será que amamos tanto quanto podíamos? Nos esforçamos o suficiente? Ao considerar essas questões e sua própria vulnerabilidade diante delas (“Come Back”), a artista cria uma meditação sobre como as mudanças da vida podem ser aterrorizantes e transformadoras (“Home To Me”, “Far Away”). We’ve Going About This All Wrong articula a beleza e o poder que podem ser resgatados de nossos destroços.

SigridHow to Let Go
(Universal Music)

Uma sensação de controle permeia grande parte How to Let Go, o sucessor da estreia Sucker Punch. Trata tanto do fim de relacionamentos quanto do início de novos na sonoridade synthpop cintilante e deliberativa trilhada por guitarras contagiantes e o vocal mavioso da artista. “It Gets Dark” decorre numa explosão de sentimentos para encarar os altos e baixos da vida, “Burning Bridges” serve para confrontar um ex com franqueza, a balada ao piano “Last To Know” fala sobre desejar um amor passado, a dançante “A Driver Saved My Life” sobre voltar para casa após uma noitada e “Mirror” focar na importância do amor próprio. É um disco pop com letras clichês, mas extremamente sinceras e com um olhar de otimismo (“Risk Of Getting Hurt”) para uma vida ordinária, e que serve como um testamento do crescimento musical e jornada de Sigrid.

IDKSimple.
(Clue/Warner Records)

O rapper, cantor, compositor e produtor IDK lança o EP Simple.. Com o toque mágico e eclético de KAYTRANADA na produção, o trabalho revela uma renovação aos fluxos animados e a energia do artista que se inspira no bairro de Washington D. C., Simple City. O projeto é uma virada confiante e infalível em relação ao anterior, USEE4YOURSELF (2021), renovado em números engendrados com dance, jazz (na otimista “Taco”) e hip house (“Drugstore”). O compacto com 8 faixas apresenta participações de Denzel Curry (na groove brilhante “Dog Food” – termo usado para heroína – e com sample de “Tha Block Is Hot” de Lil Wayne) e Mike Dimes (“The Code”).

!!!Let It Be Blue
(Warp)

O grupo dance punk !!! (Chk Chk Chk) chega ao nono álbum de estúdio explorando um território mais disperso, minimalista, mas ainda muito dançante. Com faixas que vão de números serenos acústicos (“Normal People”) a outros extasiantes – como na cumbia eletro “Un Puente” com Angélica Garcia, na house “A Little Bit (More)”, na new wave (“This Is Pop 2”), na versão groove de “Man On The Moon” do R.E.M. com um toque de Beck e Beastie Boys ou na miscelânea de estilos da faixa-título -, Let it Be Blue assinala o entusiasmo de transformação constante e radical para novos universos inexploradas que funciona para o revival do punk funk do início dos anos 2000.

WarpaintRadiate Like This
(Virgin)

O quarteto Warpaint retorna com seu primeiro álbum de estúdio desde 2016 supervisionadas pelo produtor Sam Petts-Davies (Radiohead). A pandemia introduziu desafios logísticos com a gravação do álbum, mas também permitiu que as roqueiras tivessem tempo para refinar o lançamento com a abordagem dream pop e de sintetizadores sutis dos trabalhos anteriores. “Champion” leva o ouvinte em uma jornada musical indie pop groove suave, enquanto os ritmos latinos de “Hips”, a melancólica “Hard To Tell You” e a canção de amor acústica “Send Nudes” destacam a complexidade do projeto. O resultado é um corpo de trabalho mais nítido e focado do que qualquer um dos anteriores.

Belle and SebastianA Bit of Previous
(Matador)

O Belle and Sebastian gravou o álbum A Bit of Previous em Glasgow, sua terra natal. É a primeira vez desde Fold Your Hands Child, You Walk Like a Peasant (2000) que a banda gravou na cidade de origem. O resultado é um álbum clássico da banda preocupada com músicas e melodias que não desgrudam da mente e letras que podem fazer sorrir, refletir e às vezes sentir-se melancólico. “Young And Stupid” é um folk rock que encara a passagem do tempo com um tédio sarcástico, “Unnecessary Drama” um power pop existencial, “Come On Home” um jazz pop com piano gaiato e versos que são um relato de memórias, enquanto “If They’re Shooting At You” soa como uma ode pungente ao desafio e à sobrevivência.

Soft Cell*Happiness Not Included
(BMG)

O Soft Cell, projeto de cantor Marc Almond e o tecladista Dave Ball – a dupla synthpop por trás de sucessos como “Tainted Love” e “Sex Dwarf” -, retorna com o quinto disco de estúdio e o primeiro em 20 anos. *Happiness Not Included é um álbum que traz a união de melancolia e a animação das festas, que marcou o som da banda desde seus primórdios, com um olhar para o futuro. Com músicas cinematográficas, quase distópicas, que fazem referência à guerras, religião (“I’m Not a Friend of God”), solidão (“Happy Happy”), isolamento (“Heart Like Chernobyl”) e autoritarismo (“*Happiness Not Included”), as letras espirituosas de Almond e as melodias pulsantes de Ball significam que o clima é mais esperançoso (“Bruises On My Illusions”, “Nighthawks”) do que sombrio como presumido no passado. O disco ainda conta com um encontro monumental com o Pet Shop Boys, em “Purple Zone”, com ambas as assinaturas evidentes na canção.

IbeyiSpell 31
(XL Recordings)

O terceiro disco das gêmeas franco-cubanas Lisa-Kaindé e Naomi Díaz, do Ibeyi, é inspirado em O Livro dos Mortos do Antigo Egito. É um registro que celebra que suas multidões estão aproveitando seu poder para curar os outros e a irmandade (“Sister 2 Sister”) numa coleção de composições sobre rejuvenescimento através do fortalecimento dos laços do passado (“Los Muertos” é uma versão de “Rezo”, música do pai das artistas, que se torna uma homenagem inspiradora) e presente. Com uma enfeitiçante sonoridade groovy, pop minimalista, música eletrônica e soul, o registro conta com colaborações de Pa Salieu (“Made of Gold”), Jorja Smith (“Lavender Rose”), o rapper BERWYN (com versos contemporâneos num cover hipnótico de “Rise Above” do Black Flag), Dave Okumu, Ben Reed e Owen Pallett, com produção de Richard Russell.