Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Feist, Natalie Merchant, Pearly Drops, Fenne Lily, Shygirl, Angel Olsen, Patrick Wolf, Petite Noir e Jonathan Bree.
• Feist – Multitudes
(Interscope)
Feist lança Multitudes, seu sexto álbum solo e o primeiro desde Pleasure, de 2017. Muitas das composições foram inspiradas pelo período turbulento da maternidade e pela reflexão sobre ciclos de vida e morte – a chegada da filha adotiva e a morte súbita do pai (“Become The Earth”). As letras são cheias de ponderações sobre envelhecer e encontrar significado nas rotinas diárias (“Hiding Out In The Open”). Com uma variedade de melodias que passam por colisões percussivas (“In Lightning”), instrumentações vibrantes e intimistas, vocais sussurrados e uma serenidade quase silenciosa acompanhada de cordas, instrumentos de sopro e elementos eletrônicos sutis. À medida que elimina de suas composições qualquer tendência a esconder verdades indesejadas, a canadense lentamente segue em direção a um apanhado de canções criadas a partir de um realismo imperfeito e soberano, mas que carrega uma beleza de outro mundo em busca de um novo recomeço (“Before Forever”) e aceitação (na catártica “Borrow Trouble” e na emotiva “Songs For Sad Friends”).
• Natalie Merchant – Keep Your Courage
(Nonesuch Records)
A cantora e compositora Natalie Merchant (ex-vocalista do 10,000 Maniacs) lança o nono álbum solo de estúdio, que apresenta um trabalho eclético com contribuições do grupo de folk celta Lúnasa, do virtuoso clarinetista sírio Kinan Azmeh e do trombonista de jazz Steve Davis. Keep Your Courage estabelece o tema do amor e paixão como essencial para a experiência humana, incluindo nove canções originais de Merchant, bem como uma interpretação de “Hunting the Wren” de Ian Lynch, da banda irlandesa Lankum. Merchant aborda figuras míticas, como Afrodite (“Come On, Aphrodite” com Abena Koomson-Davis), Narciso (“Narcissus”), São Valentim (“The Feast of Saint Valentine”), seu anjo da guarda (“Guardian Angel”) e outras como símbolos e metáforas (“Tower of Babel”) em letras pensativas e literárias centradas que destacam a necessidade do amor e da conexão humana ao longo dos anos.
• Pearly Drops – A Little Disaster
(Cascine)
O duo finlandês de synthpop Pearly Drops lança o segundo disco de estúdio, sucessor de Call For Help. Com a criação do álbum coincidindo com eventos globais apocalípticos por conta da pandemia, a banda se sentiu desarmada e cansada num mundo constantemente à beira do desastre (“Feed The Fire”) e vivendo intensamente a perda e luto (na pop melancólica “Kiss Away The Pearly Drops”). Em meio à loucura, encontraram consolo em seu trabalho criativo, momentos de paz no estúdio para se recuperar e refletir. Desenhando narrativas de filmes pitorescos de arte e terror, bem como moda de vanguarda e situações bizarras da cultura digital, o álbum pinta a cena de pesadelos vívidos e tons sombrios. Cada música que a dupla lança é envolta por uma paisagem sonora atmosférica, de sintetizadores exuberantes e batidas calorosas, apoiada pelos vocais distintos e etéreos de Sandra Tervonen.
• Fenne Lily – Big Picture
(Dead Oceans)
Big Picture encontra Fenne Lily buscando clareza em meio à incerteza e conforto no desconfortável. É um lindo e emocionante retrato dos últimos dois anos da artista de indie folk, gravado ao vivo no estúdio do coprodutor Brad Cook (Plains, Whitney) na Carolina do Norte, EUA. O álbum delineia as fases do amor e se torna um mapa de conforto versus claustrofobia (“In My Own Time”), uma meditação sobre a liberdade que vem com a intimidade (“Dawncolored Horse”) e canções confessionais. Cada música fornece informações sobre a visão em constante mudança de Fenne sobre o amor (“2+2”) e, em última análise, sua redefinição – o sentimento como um processo, não algo a ser perdido e encontrado. Notavelmente, essas canções são as primeiras e únicas de Fenne a serem escritas enquanto estava em um relacionamento; ao contrário de On Hold de 2018 e BREACH de 2020, que confrontam a dor da retrospecção, dizendo adeus a um romance que se foi. Big Picture faz exatamente o oposto – firmemente enraizado no presente (“In My Own Time”), traça a narrativa de duas pessoas tentando ao máximo não implodir juntas.
• Shygirl – Nymph_o
(Because Music)
A artista de pop experimental Shygirl lança a edição deluxe do álbum Nymph, intitulada Nymph_o. A versão estendida do álbum de estreia apresenta retrabalhos de faixas originais, cortesia de nomes visionários como Björk (“Woe (I See It From Your Side)”), Arca (“Unconditional”), Eartheater (“Widlfire”), Erika de Casier (“Crush”), Tinashe (“Heaven”), Sevdaliza (“Shlut”) e outros dispostos a infiltrar-se no universo da artista. Se o álbum de estreia de Shygirl foi elogiado por sua intimidade e profundidade emocional, Nymph_o eleva as coisas para outro nível.
• Angel Olsen – Forever Means
(Jagjaguwar)
O álbum Big Time trouxe Angel Olsen a um senso de identidade mais profundo e verdadeiro do que nunca. Nascido da dor e do amor, o trabalho entregou uma bela sensação de certeza, o som country soul seguro de uma artista totalmente, finalmente em casa consigo mesma e entrando de acordo com o luto, identidade e sexualidade (“Nothing’s Free”). Mas dentro dessa sabedoria vem a percepção de que não há linha de chegada, destino ou ponto final estático para a vida enquanto você a vive (“Time Bandits”). O EP Forever Means coleta músicas bucólicas das sessões do Big Time, equilibrando momentos de pura ternura e vulnerabilidade, que mantêm o tema comum nas quatro faixas.
• Patrick Wolf – The Night Safari
(Apport)
Um década distante do mundo da música, Patrick Wolf retorna com o mini-álbum The Night Safari, anunciado com os singles “Enter The Day” e “Nowhere Game”. Sua voz crescente e operística domina a maior parte do registro, enquanto os arranjos das músicas giram e torno de sons dinâmicos e sombrios de piano, celestas, órgaos, violinos, violas, harpas celtas, saltérios curvados, coros sepulcrais e programações eletrônicas. É um bonito presságio e prefácio para um novo álbum completo do artista, que compartilha de forma quase literária eventos realmente grandes de mudança de vida nos últimos 10 anos, como a morte de sua mãe, que foi um grande final e início de um capítulo.
• Petite Noir – MotherFather
(Roya)
Yannick Ilunga (a.k.a. Petite Noir), o arquiteto do noirwave – movimento musical e cultural que extrai energia criativa da estética punk e da identidade fragmentada da diáspora africana de hoje -, retorna oito anos após o disco de estreia. O artista congolês nasceu na Bélgica, cresceu na África do Sul e atualmente vive entre Londres e Paris. Combinando elementos de avant pop (“Finding Paradise”), R&B (“Lili”), hip hop (“Love Is War”), psicodelia, punk rock (“Blurry”, colaboração com Sampha The Great) e indie (“Play”, com produção de David Sitek do TV on the Radio), MotherFather oferece uma visão perturbadoramente honesta sobre a sensação de escuridão, mau presságio, “terrorismo branco” (“Skit”), relação com Deus (a figura materna e paterna do título) e esperanças que encapsula a carreira do artista.
• Jonathan Bree – Pre-Code Hollywood
(Lil’ Chief Records)
O cantor neozelandês mascarado Jonathan Bree apresenta o quinto disco de estúdio, um trabalho recheado de canções melancólicas envoltas por uma atmosfera disco sombria e romântica (“City Baby”, “When We Met”), com coprodução e colaboração do lendário Nile Rodgers (na faixa-título e “Miss You” com Princess Chelsea). Com um título que faz alusão ao Código Hays, que vetou a liberdade criativa de grandes estúdios de Hollywood entre as décadas de 30 e 60 do século passado, o artista sintetiza seu conceito em canções refinadas e focadas no pop que trazem uma sensação de nostalgia imediata que se pode ter ao ouvir a trilha sonora de um filme de John Hughes ou pop clássico de uma época passada.