8 discos para ouvir hoje: Mitski, Alan Palomo, Kah-Lo, Vagabon, Nation of Language e mais

Mitski / Ebru Yildiz

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Mitski, Alan Palomo, Kah-Lo, Vagabon, Nation of Language, Corinne Bailey Rae, Cleo Sol e Madison Beer.

MitskiThe Land Is Inhospitable And So Are We
(Dead Oceans)

Mitski descreve o álbum The Land Is Inhospitable And So Are We, uma mudança sonora significativa em relação ao seu antecessor Laurel Hell, como o mais americano ao adotar influências da música country, folk e pop dos anos 60. Combinando arranjos e orquestrações mais ricas, corais (“Bug Like an Angel”), percussão sutil, sintetizadores discretos, violão acústico e vocais poderosos, o trabalho representa uma jornada profunda pela alma humana, explorando emoções acentuadas e complexas na solidão. Suas músicas capturam esperanças, medos, amores perdidos (“Star”) e sonhos despedaçados com melodias evocativas e letras comoventes. O trabalho traz inspiração de uma variedade de fontes, desde Arthur Russell até as trilhas sonoras dos filmes de faroeste de Ennio Morricone, além de incorporar influências de artistas como Hank Williams (“The Frost”), Patsy Cline (“Heaven”), PJ Harvey (“When Memories Snow”) e Fiona Apple (na cachorrada solta, literalmente, em “I’m Your Man”). Seja confrontando a solidão (“The Deal”) ou celebrando-a para aceitar que o amor próprio é fundamental para a felicidade (“I Love Me After You”) e a única coisa que levamos desse mundo após nossa morte (“My Love Mine All Mine”), The Land Is Inhospitable And So Are We é um retrato de intensas emoções, explorando a dor e o amor em sua dualidade.

Alan PalomoWorld Of Hassle
(Mom+Pop)

Alan Palomo, o músico e produtor por trás do projeto Neon Indian, lança o álbum World of Hassle, seu projeto de estreia sob seu próprio nome. Esta nova fase de pop sofisticado com toques de jazz mantém viva a fascinação de Alan pela vida noturna e pelos anos 80 (“Club People”), bem como pelo cinema (“Meutrière”, com Flore Benguigui do L’Impératrice) e a cultura pop da época, numa mistura de R&B, funky, jazz, disco e yacht rock, complementadas com sons de cumbias, sintetizadores cósmicos, seções de sopro e solos de saxofone. World of Hassle é um mundo fictício que transporta os ouvintes para uma dimensão ligeiramente surreal, cheia de ansiedade e caos nostálgico. São personagens e situações representadas com traços absurdamente oníricos, como guerrilheiros da liberdade acampados em um Rainforest Cafe e referências a ‘O Exterminador do Futuro 2’ em “The Wailing Mall”, uma ex-estrela pop em decadência em “The Return of Mickey Milan”, a busca por uma festa de nudismo na praia de Ibiza na divertida eletrofunk e chillwave “Nudista Mundial ’89” (com participação de Mac DeMarco) ou o fascínio por uma mulher na balada La Madrileña”, inspirada em Luis Miguel. É um trabalho ambicioso que cria sua própria realidade única, mas também mostra como ela se mistura com o nosso mundo real.

Kah-LoPain/Pleasure
(Epic)

A cantora e compositora nigeriana Kah-Lo, indicada ao Grammy pelo single “Rinse & Repeat”, lança o seu disco de estreia Pain/Pleasure. Conhecida por suas influências musicais que abrangem gêneros como afrobeats, R&B, amapiano, dance, house e pop, ela incorpora esses estilos em seu trabalho, onde se aventura e exibe suas habilidades vocais e de composição de forma impressionante. O álbum trata da busca por redenção de Kah-Lo; é uma história sobre enfrentar aqueles que a prejudicaram e sair vitoriosa apesar deles, superando obstáculos e dor em busca do prazer. As canções transmitem mensagens de amor próprio e empoderamento feminino, destacando-se pelo estilo lírico direto e destemido da artista, além de sua afinidade com produções rítmicas e dançantes. O material equilibra a dualidade da atitude ousada e, por vezes, implacável da artista com seu relato sincero e confiante (“Karma”), abordando desde relacionamentos tóxicos (“Unbothered”) até temas de respeito (“My Name”) e identidade (“GD Woman”). O álbum é uma saga de retribuição, narrando o triunfo de Kah-Lo sobre a adversidade, independentemente dos desafios e da dor enfrentados em sua busca pela gratificação.

VagabonSorry I Haven’t Called
(Nonesuch Records)

Sorry I Haven’t Called, o terceiro álbum de estúdio de Lætitia Tamko (a.k.a. Vagabon), surge após a morte inesperada de seu melhor amigo em 2021, o que a deixou desorientada, mas também com uma nova clareza sobre o que realmente importa. Produzido na companhia de Rostam (HAIM, Vampire Weekend), o trabalho explora uma variedade de estilos musicais, incluindo house (“You Know How”), UK garage (“Do Your Worst”), R&B (“Made Out With Your Best Friend”) e pop etéreo por meio de sua própria sensibilidade segura, tornando o álbum emocionante em termos de reinvenção sonora. É um álbum afetuoso e resiliente sobre abraçar momentos extáticos (“Can I Talk My Shit?”), saber como amar para tomar decisões (“Carpenter”) e render-se aos lamentos (“Lexicon” e na balada folk rock “Anti-Fuck”). É um renascimento emocional e artístico, cheio de vida e intensidade, criado em reação à tristeza que Tamko estava vivenciando na época.

Nation of LanguageStrange Disciple
(PIAS)

O trio norte-americano Nation of Language lança o álbum Strange Disciple com produção de Nick Millhiser (do LCD Soundsystem e metade do Holy Ghost!). O trabalho faz um retorno com músicas de synthpop inspiradas pelo krautrock e influenciadas pelo shoegaze e pós-punk do início dos anos 80, expandindo seu som ao incorporar instrumentos ao vivo, como bateria e guitarra, com sintetizadores melódicos e batidas cativantes que vagueiam pelo universo nostálgico de New Order e OMD, além de se apoiar em contemporâneos como Cut Copy e LCD Soundsysten. Este terceiro disco da banda foi criado para evocar amores não correspondidos (“Weak In Your Light”, “Swimming In The Shallow Sea”), experiências prolongadas de paixão (“Sole Obsession”), ciclos de notícias negativas (“Too Much, Enough”), desafios da vida (“A New Goodbye”) e conflitos internos (“Stumbling Still”). Nos três curtos anos desde seu aclamado álbum de estreia, Introduction, Presence (2020), o grupo passou de cenas locais para palcos internacionais, e sua evolução musical representou três modos distintos de se mover pelo mundo. Agora, com Strange Disciple, o álbum é centrado em músicas com grooves, linhas de baixo ousadas e vocais crescentes de Ian Devaney, evocando a sensação de explorar novos lugares e se libertar através de suas paisagens sonoras retrôs e imaginativas.

Corinne Bailey RaeBlack Rainbows
(Thirty Tigers)

Corinne Bailey Rae lança o álbum Black Rainbows, um projeto musical inspirado pelos objetos e obras de arte coletados pelo artista e ativista Theaster Gates no Stoney Island Arts Bank, um museu em Chicago que preserva a história negra. Este banco de artes é uma espécie de catedral da arte negra, uma coleção cuidadosamente organizada de arquivos que incluem livros, esculturas, discos, móveis e objetos que remetem à problemática história americana. O disco explora uma ampla gama de temas inspirados nos encontros com objetos no banco de artes, abordando desde a história das igrejas esculpidas em rocha na Etiópia até a experiência das pioneiras negras na expansão para o oeste dos Estados Unidos. Também aborda questões relacionadas à feminilidade negra, magia, espaço interior/exterior, colapso do tempo, ancestralidade, apagamento da infância negra e a música como meio de transcendência. Musicalmente, é uma mistura de vários gêneros, incluindo o som progressivo de R&B (“Put It On”), jazz (“He Will Follow You With His Eyes”) e baladas (“Peach Velvet Sky”, inspirada na história real da escritora afro-americana Harriet Ann Jacobs, que fugiu da escravidão e conseguiu sua liberdade), com momentos de punk rock (“New York Transit Queen”), grunge (“Erasure”), eletrônica (Earthlings) e experimentalismo (“Black Rainbows”). Bailey Rae experimenta com gêneros, temas e ideias com coesão e, definitivamente, não é a mesma artista que conhecemos com o hit “Put Your Records On”.

Cleo SolHeaven
(Forever Living Originals)

A cantora e compositora de neo soul Cleo Sol lança o álbum Heaven, o sucessor de Mother de 2021, em mais uma deslumbrante parceria com o produtor Inflo (SAULT, Little Simz). Este é o terceiro registro da artista em menos de quatro anos e incorpora elementos de jazz avant-garde, R&B contemporâneo, folk e influências do passado. Com melodias simples e cativantes guiadas pela voz suave e doce da artista, ela continua a explorar temas de amor próprio, amizades (“Old Friends”), fidelidade (“Heaven”, “Golden Child (Jealous)”), otimismo (“Airplane”), relacionamentos problemáticos (“Miss Romantic”, “Nothing on Me”) e cercados de amor (“Love Will Lead You There”), maternidade e busca por mudança (“Self”). Em todos os seus projetos solo e no trabalho com o SAULT, Cleo demonstra seu domínio de cantar histórias íntimas com letras sinceras e vocais imaculados.

Madison BeerSilence Between Songs
(Epic)

Madison Beer começou sua jornada musical postando covers no YouTube aos 13 anos. Ela brevemente seguiu o caminho de estrela pop adolescente depois de assinar com a Island Records em 2012. Madison abraçou completamente seu papel como artista com seu álbum de estreia, Life Support (2021), no qual co-escreveu e co-produziu todas as músicas. Agora, com seu segundo álbum Silence Between Songs, ela continua a explorar a vulnerabilidade e melodias contagiantes, inspirando-se em artistas como Lana Del Rey (“Nothing Matters But You”), Tame Impala com doses de rock psicodélico (“Home To Another One”) e pop dos anos 60 (“Showed Me (How I Fell in Love with You)” interpola a clássica “You Showed Me” do Turtles). A faixa de abertura, “Spinnin”, reflete sobre a sensação de estar preso em um ciclo monótono. “Envy the Leaves” expressa o desejo de viver a vida de forma mais despreocupada, enquanto “17” mergulha na ideia de querer mudar o passado e temer que seja tarde demais, e “At Your Worst” é sobre amor próprio. As experiências pessoais de Madison Beer inspiraram cada detalhe do álbum, enquanto ela revisitava seu passado.