9 discos para ouvir hoje: Kate Nash, O., Lola Young, Emilíana Torrini e mais

Kate Nash / Alice Baxley

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Kate Nash, O., Pond, Lola Young, Emilíana Torrini, Kehlani, Paige Stark, MC Drika e Islands.

Kate Nash9 Sad Symphonies
(Kill Rock Stars)

Em seu quinto álbum de estúdio, intitulado 9 Sad Symphonies, a cantora compositora e atriz Kate Nash busca inspiração nos musicais vintage de Hollywood, colaborando com o produtor dinamarquês Frederick Thaae. Com arranjos orquestrais sonhadores e melodias dramáticas influenciadas por sua experiência no teatro musical, suas letras profundamente pessoais e relacionáveis abordam temas como decepções amorosas (“Wasteman”, uma balada com pianos e orquestrações revigorantes que incorporam elementos de UK garage), sensação de desorientação (“These Feelings”), autoconhecimento diante de um futuro incerto (“Space Odyssey 2001”), a dificuldade de se adaptar à vida adulta (“Millions of Heartbeats”), angústias existenciais (“Horsie”) e a luta contra a depressão e pensamentos suicidas durante a pandemia (“Ray”, uma canção escrita para um fã em seu aniversário), com letras que equilibram drama e humor. São as reflexões sinceras e vulneráveis de Nash, permeadas por um otimismo presente na conclusão do álbum com “Vampyre”, uma balada folk à la Bob Dylan onde ela canta sobre superar o passado e descobrir o amor verdadeiro que sempre esteve próximo, que tornam o material – de nove faixas tristes como o título sugere e uma otimista – cativante.

O.WeirdOs
(Speedy Wunderground)

Após o sucesso de singles anteriores e do EP SLICE, o duo londrino O., formado pelo saxofonista Joe Henwood e pela baterista Tash Keary, lança seu primeiro álbum de estúdio, o intrigante WeirdOs. Produzido por Dan Carey (Fontaines D.C., black midi), o álbum transborda energia de maneira intensa ao longo de 10 faixas instrumentais gravadas ao vivo. Explora desde sintetizadores oscilantes em “TV Dinners”, ritmos de jungle breakbeat em “Micro”, até o funk hipnotizante e destrutivo de “Sugarfish”, além do rock furioso e distorcido de “Green Shirt”, as complexas linhas de jazz de “Whammy”, e o som visceral do doom metal em “Slap Juice”. WeirdOs captura perfeitamente a paixão e a audácia da dupla por linhas de baixo marcantes, batidas explosivas, ruídos, saxofones distorcidos e uma variedade de sons peculiares, refletindo a proposta única da banda.

PondStung!
(Spinning Top Records)

Em seu décimo registro de estúdio, o grupo australiano de rock psicodélico Pond abraça de maneira apaixonada e determinada a grandiosidade dos álbuns duplos, inspirando-se em obras como Tusk, do Fleetwood Mac, e Sign ‘O’ the Times, do Prince. Stung! apresenta algumas das melhores músicas da banda, com influências dos anos 70 e psicodelia (“Neon River”), glam rock (“(I’m) Stung”), power pop (“Last Elvis”), funk à la Prince (“So Lo”) e space rock. Nas letras, o vocalista Nick Allbrook aborda temas sérios como a crise climática (“Edge of the World Pt. 3”), conflitos internos (“Boys Don’t Crash”), emoções intensas de amor não correspondido seguidas de sofrimento (“Constant Picnic”) e jornadas pessoais de autodescoberta (“Fell From Grace With The Sea”). Tudo isso é embalado por melodias entusiasmadas que afastam qualquer atmosfera sombria. Com sua sonoridade inovadora e canções deslumbrantes, o grupo finalmente se destaca por mérito próprio, além da sombra constante do Tame Impala que os acompanhava.

Lola YoungThis Wasn’t Meant For You Anyway
(A Day One / Island Records)

O segundo álbum da cantora e compositora inglesa Lola Young, This Wasn’t Meant For You Anyway marca uma mudança notável em seu som. Gravado em Los Angeles e produzido por Solomonophic (Remi Wolf, BROCKHAMPTON), o álbum é um trabalho conceitual multifacetado e destemido. As músicas exploram elementos do pop, grunge, boom bap, folk, reggae, funk, R&B e indie rock para expressar uma série de angústias juvenis e rebeldia. As letras são afiadas e diretas, impulsionadas por raiva e um humor peculiar, abordando temas como amor, relacionamentos tóxicos (“Wish You Were Dead”) e impossíveis (“You Noticed”), ciúmes (“Intrusive Thoughts”), separação (“Conceited”) e inseguranças (“Messy”). Com honestidade e emoção, This Wasn’t Meant For You Anyway explora o processo de descoberta e autoaceitação através da música, encontrando a capacidade de se amar verdadeiramente e curar a própria dor.

Emilíana TorriniMiss Flower
(Groenland Records)

A cantora e compositora islandesa Emilíana Torrini retorna com Miss Flower, seu primeiro álbum de estúdio em quase 10 anos. O projeto apresenta uma atmosfera melancólica e sonhadora, mesclando elementos de folk (“Dreamers”), pop (“Black Lion Lane”) e trip hop (“Waterhole”). O registro é inspirado por uma descoberta curiosa: uma caixa de cartas encontrada no sótão da mãe de uma amiga em Londres, pertencentes a Geraldine Flower, uma mulher enigmática que recusou nove propostas de casamento, viveu uma vida cheia de intrigas e paixões intensas, e trocou correspondências com um possível espião chamado Reggie. Cada música do álbum, que poderia ser transformada em um roteiro de cinema, é inspirada por uma carta diferente, proporcionando uma experiência imersiva e misteriosa para Torrini, que escreveu e gravou o álbum em seu próprio apartamento, mergulhada na atmosfera de Miss Flower.

KehlaniCRASH
(Atlantic)

Em seu quarto álbum de estúdio, CRASH, Kehlani continua a extrapolar limites ao combinar faixas de dance com R&B e neo soul. Canções como “After Hours” – com sample de “Coolie Dance Riddim” de Cordel Burrell -, “Tears”, com influências amapianas sul-africanas em seu som dançante, e “Sucia”, com ritmos caribenhos e soul psicodélico, destacam a versatilidade de CRASH, contando com participações especiais de Jill Scott e Young Miko. A balada “What I Want”, onde Kehlani expressa o desejo por um estilo de vida luxuoso e uma conexão física intensa, traz um sample do single “What a Girl Wants” de Christina Aguilera, enquanto “Better Not”, uma balada country soul, retrata um relacionamento emocionalmente carregado de angústia e desconfiança. CRASH redefine o R&B ao desconstruí-lo com criatividade em sua diversidade através de canções de amor, desejo e saudade.

Paige StarkGood at Love
(Blonde Dog)

A cantora, compositora e multi-instrumentista Paige Stark, da banda de rock Tashaki Miyaki, lança o seu primeiro EP solo, Good at Love, com produção assinada por Jon Brion, conhecido por trabalhos com Fiona Apple e Frank Ocean. Nas canções, embaladas por uma instrumentação pop rock sutil e a voz evocativa de Stark, a artista reflete sobre a dificuldade de lidar com o amor (“Good at Love”), relacionamentos complicados (“Ur Girl”) e o sentimento de liberdade após um término (“Zombie Brain Drain”, com participação de Clementine Creevy, do Cherry Glazer). O trabalho encerra com um cover vulnerável e fascinante de “I’ll Never Leave You”, clássico de Harry Nilsson.

MC DrickaCaldeirão
(Som Livre)

MC Dricka mostra sua versatilidade e destaque na cena do funk com o álbum Caldeirão. Reconhecida por sua estética única, a artista expande suas fronteiras musicais ao colaborar com nomes como Arca, Tz da Coronel e MC Laranjinha. O projeto, composto por doze faixas inéditas, inclui músicas como “Golpeame”, que apresenta um beat experimental e rimas em espanhol com Arca, e “Sapatão”, uma celebração da comunidade LGBTQIAPN+, produzida por DJ S2K. Com faixas como “Sentimento” e “Balança A Garrafinha”, MC Dricka explora diferentes estilos e temas, consolidando sua posição como uma das principais vozes femininas do funk contemporâneo.

IslandsWhat Occurs
(ELF)

What Occurs, o décimo álbum de estúdio dos canadenses do Islands e sucessor de And That’s Why Dolphins Lost Their Legs, marca um retorno às raízes da banda e é o primeiro lançamento totalmente produzido no Canadá desde seu álbum de estreia em 2006, Return to the Sea. Combinando elementos de folk, soft rock dos anos 70 e dream pop psicodélico, o registro funciona como uma coleção de contos, onde cada música retrata uma história diferente: um homem rouba uma pintura de um bilionário (“David Geffen’s Jackson Pollock”), uma mulher com medo da intimidade mas é ótima dançando (“Arachnophobia”), uma garota que se decepciona facilmente (“Sally Doesn’t Work Here Anymore”), o amante encantado (“Tangerine”) e um perdedor desiludido pelo amor (“Drown A Fish”). Abandonando a produção meticulosa de álbuns anteriores, What Occurs é gravado ao vivo, em uma única tomada em estúdio, trazendo um som mais energizado, cru e natural do que ele costumava apresentar.