9 discos para ouvir hoje: Special Interest, Phoenix, Okay Kaya, MorMor, Joji e mais

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Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Special Interest, Phoenix, Okay Kaya, MorMor, HAWA, Mount Kimbie, Joji, First Aid Kit e Daniel Avery.

Special InterestEndure
(Rough Trade Records)

O Special Interest, grupo de punk no wave de Nova Orleans, lança o terceiro disco de estúdio. A música deles é trilha sonora para dançar a dor tanto quanto para se embravecer contra o sistema. Reunidos pela inventiva cena DIY local, eles encontram uma nova maneira de definir a “banda de rock”, uma verdadeira unidade coletiva em vez da visão ditada de um único membro. Seu som é sempre fluido e continua a progredir. As músicas lembram o art rock do Sparks e The B-52’s, o dance punk do Death From Above 1979 e a fúria do Yeah Yeah Yeahs com mentalidade política (“Foul”, “Concerning Peace”) e revolucionária (“(Herman’s) House”), enquanto que em “Midnight Legend”, o grupo está mais aberto ao pop do que nunca – entregando algo divertido durante um período de tristeza frequente que se tornou prioridade central. Mas isso não significa que nada seja simples ou superficial, com uma escuridão muitas vezes atropelando a produção. Por mais que a banda toque com dissonância, o enérgico trabalho de guitarra de Maria Elena e as linhas de baixo de Nathan Cassiani se entrelaçam sem esforço e obscurecem a paisagem sonora caótica e urgente trazida à existência pela presença vocal dominante de Alli Logout.

PhoenixAlpha Zulu
(Glassnote)

Produzido pela própria banda e gravado no Louvre, o sétimo registro do Phoenix traz tudo o que o quarteto sabe fazer de melhor: melodias cativantes auxiliadas de uma produção sempre inovadora e ganchos memoráveis. O disco é um apanhado da carreira da banda cercado de truques pop simples num retorno ao sucesso ao entregar números de indie pop (“Alpha Zulu”), techno (“All Eyes on Me”), indie rock (“Artefact”), experimentais (“My Elixir”), synthpop (na versão estendida de “Identical” e lançada no filme ‘On The Rocks’ de Sofia Coppola) e a essência do amado álbum Wolfgang Amadeus Phoenix (“Tonight” com Ezra Koenig do Vampire Weekend). Alpha Zulu, com suas letras de caráter abstrato e um som que nunca revelou-se datado, é um lembrete imediato do que fez do Phoenix um dos atos mais admirados e frescos das últimas duas décadas, reforçando a influência duradoura da banda na cultura pop.

Okay KayaSAP
(Jagjaguwar)

“Até meu subconsciente é autoconsciente”, canta Okay Kaya em “Inside of a Plum”, dando-nos uma noção do estado mental em que ela entrou em SAP, um álbum que escreveu, tocou, projetou e produziu sozinha, às vezes gastando semanas sem interação social. É um material conceitual sobre consciência no qual a artista concentra sua combinação de abstração e sagacidade no que acontece com sua mente desacompanhada (“Jazzercise”) e a tendência de se sentir menos como um humano e mais como um ser da natureza (“Spinal Tap”). Inspirado pela consciência, meditação e personagens literários, a nêmesis de Dolly Parton (“Jolene From Her Own Perspective”), entre outros temas, as canções se desenrolam com uma lógica onírica definida por batidas sensuais, sintetizadores imprevisíveis, guitarras delicadas e suaves sussurros. SAP é um trabalho desequilibrado (“Dep. Chamber”), às vezes inquietante (“Like a Liver”), em que a maioria das músicas desdobra-se em participações especiais de artistas variados como Deem Spencer, L’Rain, Nick Hakim e Adam Green (“In Regards to Your Tweet”), entre outros.

MorMorSemblance
(Don’t Guess Inc)

MorMor é o projeto artístico do talentoso escritor, produtor e cantor Seth Nyquist. A primeira música que ele lançou foi um hino synthpop chamado “Heaven’s Only Wishful”, que chegou no início de 2018 e foi aclamado pela crítica. Após dois EPs elogiados – Heaven’s Only Wishful em 2018 e Some Place Else em 2019 – seu álbum de estreia é por sua vez contemplativo, angustiado, melancólico, gentil e generoso. Com uma voz distinta, linhas de baixo robustas e sedutoras, camadas eletrônicas e riffs de guitarra, Semblance ilustra duras verdades sobre amor, crescimento (“Chasing Ghosts”), crises existenciais (“Don’t Cry”), desejos (“Seasons Change”) e relacionamentos (“Far Apart”), expondo sentimentos que Nyquist não poderia desenvolver de outra forma.

HAWAHADJA BANGOURA
(4AD)

A cantora, rapper e produtora guineense nascida na Alemanha HAWA lança o álbum de estreia, HADJA BANGOURA, que carrega o nome da bisavó que faleceu ano passado. A presença espiritual de Hadja no registro forma um processo para a cura, enquanto a artista cria uma carta para si mesma através da qual trabalha relacionamentos tóxicos (“PROGRESSION”), inseguranças românticas e expressões de proeza sexual (“GEMINI”). Ao longo de 11 faixas e 18 minutos de duração, o álbum metamorfoseia-se entre hip hop, dubstep, techno, afrobeats, UK garage e R&B, muitas vezes dentro da mesma música. HADJA BANGOURA foi escrito em grande parte na capital da Guiné, Conakri, na África Ocidental, onde ela passou grande parte da infância. As músicas marcam uma evolução no som, centralizando batidas orquestrais experimentais e as várias camadas da voz de HAWA.

Mount KimbieMK 3.5: Die Cuts | City Planning
(Warp Records)

Com o álbum duplo, composto individualmente pelos dois integrantes do Mount Kimbie – Dom Maker e Kai Campos – MK 3.5: Die Cuts | City Planning mostra como os músicos cresceram na última década. Die Cuts, produzido por Dom, foi inspirado por sua mudança para Los Angeles há meia década, mesmo período que o velho amigo e colaborador da banda, James Blake. É um reflexo dessa comunidade nascente e da visão de produção de Dom. Movendo-se entre hip hop, R&B e pop, o álbum combina composições de alta classe com um toque delicado, e apresenta um elenco de vocalistas, incluindo amigos de longa data como Blake e slowthai, ao lado de novos colaboradores como Danny Brown, Reggie, Nomi, Keiyaa, Kučka, entre outros.

Já o disco de Kai começou depois que o melhor álbum da dupla, Love What Survives, de 2017, levou a um período de extensa turnê. De volta para casa, ele estava faminto por uma mudança de ritmo. Ele encontrou isso na arte de DJing, que oferecia um tipo de performance imprevisível e emocionante. O resultado dessa jornada criativa é um som urbano. Selvagem, distorcido e insano para as pistas de dança em uma declaração hábil e refinada. Suas batidas elegantes e arpejos são revestidos com exagero e personalidade, criando um álbum que é caloroso e convidativo mesmo em momentos mais conflituosos.

JojiSMITHEREENS
(88Rising Records)

Apesar de sua brevidade, SMITHEREENS é facilmente o projeto mais consistente e coeso na discografia do cantor de R&B e compositor George Kusunoki Miller (a.k.a. Joji). Ele consegue fazer muito nos 24 minutos de duração do registro, e tudo flui muito bem, mantendo o mesmo nível de qualidade ao lamentar um relacionamento fracassado após idas e vindas (no hit viral “Glimpse Of Us”, “Die For You”), saúde mental (“Dissolve”, “1AM FREESTYLE”) e a relação dele com a música (“YUKON (INTERLUDE)”). O álbum, que é dividido em dois, conta uma história de contrastes à medida que o artista aventura-se em novas direções sonoras em baladas e ao recuperar sons experimentais em canções agridoces e tocantes que permitem ele trabalhar os sentimentos em batidas únicas, sintetizadores atmosféricos, pianos acolhedores e conteúdo lírico melancólico.

First Aid KitPalomino
(Columbia Records)

O duo sueco de country folk First Aid Kit, das irmãs Johanna e Klara Söberg, lança o quinto registro da carreira encontrando um som mais focado no pop e com uma maturidade natural influenciado por nomes como Fleetwood Mac, Kate Bush, ABBA e Tom Petty. Palomino é o primeiro álbum do grupo a ser gravado em Estocolmo desde sua estreia e conta com a ajuda de um conterrâneo também: Björn Yttling, da banda Peter Bjorn and John, é co-autor de várias canções no registro. A produção de Daniel Bengtson experimenta musicalmente a sonoridade vintage da dupla (“A Feeling That Never Came”, “Fallen Snow”) ao tocar em feridas antigas com letras confessionais (“Out Of My Head”) e sombrias (nos versos românticos de “Angel”), no entanto encontra a cura em um material repleto de instrumentações ensolaradas armadas por um som carismático em vocais compartilhados atraentes e aprimorados.

Daniel AveryUltra Truth
(Phantasy Sound)

Ultra Truth é o sexto álbum de estúdio do produtor inglês de música eletrônica Daniel Avery. Muito mais sombrio (“Lone Swordsman” é uma homenagem ao falecido DJ e produtor Andrew Weatherall) e diversificado, o registro oferece uma experiência muito diferente de qualquer um dos discos anteriores. Avery foi inspirado pela música rave experimental, filmes de David Lynch e seus amores musicais durante a adolescência – de Portishead, Mogwai a Nick Cave -, com a ajuda colaborativa de uma série de amigos: o toque de produção de Ghost Culture e Manni Dee, além dos vocais de HAAi (“Chaos Energy”) Jonnine Standish, A.K. Paul (“Ache”), Kelly Lee Owens (“Chaos Energy”), SHERELLE (“Near Perfect”) e James Massiah (“Heavy Rain”).