Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Samantha Urbani, Doja Cat, Kylie Minogue, Devendra Banhart, Roosevelt, Will Butler + Sister Squares, CHAI, yeule e Slayyyter.
• Samantha Urbani – Showing Up
(Lucky Number)
Em Showing Up, o aguardado álbum de estreia da ex-vocalista da banda Friends, Samantha Urbani defende suas crenças e canaliza uma década de tumulto e crescimento pessoal em um irresistível pop alternativo com uma estética retrô dos anos 80 (“More Than a Feeling”), que sempre foi sua especialidade. A capacidade inata de Urbani de combinar melodias pop cativantes com experimentação audaciosa torna Showing Up uma coleção de canções fascinante. O álbum abrange diversos estilos, desde o brilho celestial da era disco em faixas como “Isolation” e “Guiding Star”, até influências estilo Jam & Lewis em “c u clear” e funk pop à la Prince na faixa-título. Com nuances que lembram Blondie da era Rapture encontrando o LCD Soundsystem, “One Day At A Time” apresenta um baixo despretensioso e sintetizadores deslizantes ao estilo Talking Heads, enquanto “Evidence”, com batidas precisas, evoca a new wave e freestyle dos anos 80 com toques de Miami Sound Machine e Nu Shooz. Showing Up é um álbum profundamente inspirador, criado nos termos de Urbani, e um testemunho do espírito de superação.
• Doja Cat – Scarlet
(Kemosabe / RCA Records)
O quarto álbum de estúdio de Doja Cat marca uma nova era em sua carreira, representando um renascimento tanto em termos sonoros quanto criativos. O trabalho demonstra a versatilidade da artista como rapper, sendo totalmente escrito por ela mesma. Scarlet é apresentado como um álbum de hip hop mais direto e agressivo em contraste com seu álbum pop anterior, Planet Her, e aprimora a habilidade de rap da artista em faixas que vão desde músicas de confronto até outras sensuais e românticas. O disco concentra-se em temas de fama (“Fuck The Girls (FTG)”, “Attention”), obsessão por celebridades, sexo (“Gun”), conquistas (“Bulat”), controvérsias que rodeiam a vida de Doja (“Demons”) e confrontos com seus próprios fãs (“Wet Vagina”). Além disso, os sample são acertivos ao trazer clássicos como “I’m Not In Love” do 10cc em “Shutcho”, “All I Do Is Think of You” do Troop em “Agora Hills”, “Impeach The President” do The Honey Drippers na romântica “I Can’t Wait” e “Walk On By” de Dionne Warwick em “Paint the Town Red”. Scarlet é um renascimento profissional e pessoal, com um espírito de originalidade e rebeldia, na carreira de Doja Cat.
• Kylie Minogue – Tension
(BMG)
Dois anos após o lançamento de seu álbum DISCO, Kylie Minogue apresenta o décimo sexto álbum de estúdio, Tension, uma celebração impecável da música pop com batidas de dança intensas, letras vívidas e sintetizadores sedutores. O álbum combina uma variedade de gêneros, com inspiração do eletropop em “Padam Padam”, synthpop cósmico em “Things We Do for Love”, passando pela disco house em “One More Time” e house dos anos 90 da faixa-título, pop groove em “Hands” que evoca a parceria de Doja Cat e SZA em “Kiss Me More”, euro com toque moderno da música dance de “10 Out Of 10” com Oliver Heldens e homenagens ao pop nostálgico dos anos 80 em “Hold On To Now” e “You Still Get Me High”, com um refrão de “oh, oh, oh, oh, oh” digno de um clássico de Bruce Springsteen e que caberia no repertório de Carly Rae Jepsen. Tension é uma coleção de músicas empolgantes e cortes pop sensuais, celebrando a busca desinibida pelo prazer, capturando o momento e composições pop animadas. Kylie descreve-o como uma mistura de reflexão pessoal, abandono nas pistas de dança e momentos melancólicos. Ao contrário de seus últimos trabalhos, este não segue um tema específico, mas busca a individualidade de cada canção e sua liberdade criativa.
• Devendra Banhart – Flying Wig
(Mexican Summer)
Devendra Banhart lança seu décimo primeiro álbum de estúdio, Flying Wig, marcando sua primeira colaboração com a artista Cate Le Bon. A parceria deles se baseou em uma amizade profunda e na busca por um novo som que fosse eletrônico, orgânico e emocional. O material explora dualidades e paradoxos, refletindo a vida por meio de sentimentos de amor (“Feeling”), desejos (“Twin”), arrependimentos (“Fireflies”), perdas (“The Party”), solidão (“Sirens”) e saudade (“May”) que Banhart enfrentou recentemente. O álbum é composto por dez canções graciosas que transitam entre os gêneros da americana, soul e new wave com naturalidade, através de paisagens sonoras etéreas de sintetizadores enevoados, guitarras reverberadas, acordes lentos de piano e vocais brandos. Em Flying Wig, o músico demonstra sua habilidade de surpreender e progredir continuamente ao longo de mais de duas décadas de carreira.
• Roosevelt – Embrace
(Ninja Tune)
Embrace é escrito, gravado e produzido completamente por Roosevelt, o nome artístico de Marius Lauber. O álbum apresenta letras profundamente pessoais e instrumentais emotivos, marcando uma diferença significativa em relação aos lançamentos anteriores do artista. Sentindo-se alienado pela indústria musical e enfrentando a síndrome do impostor, Lauber levou seu estúdio caseiro para a estrada com a intenção de se envolver completamente no processo de composição como nunca antes. Trabalhando com configurações improvisadas em cidades ao redor do mundo, ele criou um álbum que soa igualmente íntimo e expansivo, com arranjos caleidoscópicos de sintetizadores e envolventes linhas de baixo de disco viciantes. O registro mantém a característica marca registrada de Roosevelt de synthpop disco (“Luna”) e funky (“Paralyzed”), ao mesmo tempo em que é capaz de explorar uma paleta eletrônica moderna (“Rising”) e incorpora influências da música indie no processo (“Forevermore”). Embrace é uma jornada musical de redescoberta, rompendo com as limitações de seu estúdio para reconectar-se com a essência que o levou a embarcar em sua vida artística há mais de uma década.
• Will Butler + Sister Squares – Will Butler + Sister Squares
(Merge Records)
Após abandonar o Arcade Fire, o músico Will Butler inicialmente planejava gravar um álbum solo, mas acabou envolvendo membros de sua banda Sister Squares. O resultado é Will Butler + Sister Squares, um álbum enérgico e inspirado nos anos 1980, com sintetizadores vibrantes e vocais intensos, que captura o som característico de sua antiga banda dos anos 2000 e alguns traços do álbum Reflektor (“Stop Talking”). O disco projeta paisagens emocionais expansivas, apresentando uma variedade de estilos musicais, desde o pop de “Long Grass” até elementos mais experimentais, como em “Arrow of Time”, que soa como uma combinação dos universos de Robert Palmer, Tame Impala e MGMT, ou no rock fantasmagórico construído em torno de uma batida synthpop de “Willows”, com um traço de New Order. A segunda metade do álbum é caracterizada por harmonias vocais, algumas belas e outras dissonantes, criando uma atmosfera dançante na disco rave “Hee Loop”, peculiar na sombria “Good Friday, 1613” com sintetizadores ameaçadores e corais assustadores e íntima na adorável balada acústica “Old Year”. A faixa de encerramento, “The Window”, oferece um momento mais contemplativo, com um piano desafinado tocando Chopin, enquanto Butler canta com uma voz abatida. O álbum soa como uma tentativa ocasional de recriar o som de sua antiga banda, mas sem as polêmicas de abuso sexual associadas ao irmão.
• CHAI – CHAI
(Sub Pop)
O álbum autointitulado do CHAI representa um retorno às raízes da banda, inspirando-se em sua herança cultural japonesa e nas influências musicais que moldaram seu som. As letras abordam a experiência das mulheres japonesas e promovem a mensagem de inclusão e aceitação da individualidade de cada pessoa. Diferentemente do disco anterior, WINK, que foi produzido remotamente via Zoom devido às restrições da pandemia, este foi escrito e gravado na estrada, enquanto a banda viajava por diversas cidades. A inspiração para o registro veio do estilo musical city pop, popularizado no Japão nas décadas de 70 e 80, que misturava elementos de jazz, boogie, funk e yacht rock. O registro aborda uma variedade de temas relacionados à cultura japonesa do início ao fim. Algumas faixas têm significados mais profundos, como “MATCHA”, que é comparado ao processo de autorreflexão, enquanto outras, como “PARA PARA”, celebram uma tendência de dança japonesa. O material reflete a filosofia da banda Neo Kawaii, que busca desafiar os padrões opressivos de beleza (“From 1992”), promover a autoestima (“NEO KAWAII, K?”) e transmitir uma mensagem de empoderamento (“We The Female!”). O CHAI está pronto para encontrar alegria e paixão na vida, independentemente de vencer ou perder nas competições, como cantam em “GAME”.
• yeule – softscars
(Ninja Tune)
Se no disco anterior, Glitch Princess, yeule explorou temas de libertação do confinamento corporal por meio da transformação cibernética e da música eletrônica, em softscars ela mescla sua experiência humana com sua identidade cibernética, buscando inspiração em influências de sua infância, como Avril Lavigne, My Chemical Romance e Smashing Pumpkins. O álbum marca uma nova direção para yeule, explorando texturas delicadas e arranjos etéreos, com elementos de rock alternativo (na catártica “sulky baby”), shoegaze (“dazies”), eletro rock (“cyber meat”), post-punk (“cyber meat vampy”), baladas marcantes (na biográfica “software update” e “aphex twin flame”, uma homenagem clara a Aphex Twin) e glitch pop (“softscars”, “inferno”), que destacam sua voz etérea. O projeto examina de perto a anatomia de suas feridas emocionais profundas, resultando em um trabalho vulnerável, abordando temas como tecnologia, humanidade e identidade de gênero. Em softscars, yeule amplia, aperfeiçoa e assume plenamente o controle de sua visão artística com confiança.
• Slayyyter – STARFUCKER
(Fader Label)
O segundo álbum de estúdio de Slayyyter mostra a artista mergulhando ainda mais em sua carreira de estrela pop. Com 12 faixas, repletas batidas de bateria eletrônica e sintetizadores enigmáticos com um toque dos anos 80, como se Kavinsky estivesse criando a trilha sonora de um filme de Brian De Palma daquela época, STARFUCKER explora temas de fama (“Out Of Time” com sample de “Head Over Heels” de Phil Fearon & Galaxy), sexo, femme fatales, desilusões amorosas (“Rhinestone Heart”) e obsessão por celebridades em Hollywood. Com uma produção eletrizante, em grande parte a cargo de seu colaborador próximo Nicopop, o álbum conceitual mistura ferocidade e vulnerabilidade com senso de humor ao cantar sobre drogas (“I Love Hollywood!”, “Purrr”), vaidade (na irônica “Plastic”) e libertinagem (“Erotic Electronic”) da cena de Los Angeles. Desta vez, Slayyyter eleva ainda mais a posição de artista como uma promissora pioneira do pop – exatamente como deseja.